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Uma esquerda que não sente
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Uma esquerda que não sente
Costa está a paralisar o país. Por ora, a maioria está satisfeita porque beneficia dessa estagnação, mas nenhuma sociedade vive desta forma.
O Governo desistiu do crescimento económico. Costa já deve ter percebido que não é possível com despesa elevada e impostos altos. O objetivo, agora, é que o défice agrade Bruxelas e cale o PSD, mesmo que para isso adie pagamentos aos fornecedores, corte nas escolas e nos hospitais. O Governo precisa de chegar às autárquicas com os números a bater certo, mesmo que tudo esteja errado.
Mas o Governo não desistiu do crescimento económico apenas para agradar Bruxelas. Fê-lo também para satisfazer o seu eleitorado. O principal propósito do Estado, nesta legislatura, é pagar salários. Sem salários, nem pensões, não há votos e o Governo cai. E se a economia não cresce, porque descer a despesa implica reduzir salários, é necessário cortar nos serviços. Veja-se o Ministério da Educação, cujo orçamento para 2017 cresce 179,4 milhões de euros, mas as despesas previstas para salários dos professores e funcionários de escolas aumentam 188 milhões. Onde é que se vai buscar a diferença?
Costa está a paralisar o país. Por ora, a maioria está satisfeita porque beneficia dessa estagnação. Mas nenhuma sociedade vive desta forma.
Pouco antes de falecer, Michel Rocard concedeu uma entrevista à Le Point, na qual qualificava a esquerda francesa como a mais retrógrada da Europa. Não se lembrou da portuguesa, mas as críticas feitas a uma aplicam-se à outra. Dizia o ex-primeiro-ministro francês que a esquerda perdeu a cultura económica e o diálogo social. Profundamente marxista, com uma análise racional da produção, a esquerda de hoje quer destruir o capitalismo e desconfia da economia de mercado. Rocard foi um socialista moderado, crítico do arcaísmo de Mitterrand, e intelectualmente próximo de António Guterres, um primeiro-ministro fraco que agora o PS aplaude mas que traiu em 2001, numa altura em que o PS já se encontrava no processo de radicalização que agora presenciamos.
A nova esquerda socialista perdeu a dimensão cultural dos tempos de Rocard. Alicerçada no ódio promove a desconfiança, seja à Europa, seja à Alemanha. É sem qualquer problema que invoca um passado com 70 anos para destruir o que a Europa tanto esforço fez, não para esquecer, mas para não repetir. Amaldiçoa a globalização, esse processo de integração económica iniciado pelos portugueses, que tem tirado da miséria tanta gente por esse mundo fora e que Vargas Llosa, que ainda este mês esteve em Lisboa, qualificou de movimento entusiasta que acabou com o nacionalismo responsável por tantas mortes.
Apostada no consumismo, a esquerda reduziu o Estado social ao pagamento de salários e de pensões, esperando que os que votam em si gastem e reduzam a sua existência a essa satisfação efémera. Esta é uma esquerda que não sente. E como o dinheiro não nasce das árvores, uma massa de gente sem fito na vida estará pronta a pôr-se na mão de meia dúzia de populistas que andam por aí confusos entre governar e mandar bocas.
André Abrantes Amaral, Advogado
00:12
Jornal Económico
O Governo desistiu do crescimento económico. Costa já deve ter percebido que não é possível com despesa elevada e impostos altos. O objetivo, agora, é que o défice agrade Bruxelas e cale o PSD, mesmo que para isso adie pagamentos aos fornecedores, corte nas escolas e nos hospitais. O Governo precisa de chegar às autárquicas com os números a bater certo, mesmo que tudo esteja errado.
Mas o Governo não desistiu do crescimento económico apenas para agradar Bruxelas. Fê-lo também para satisfazer o seu eleitorado. O principal propósito do Estado, nesta legislatura, é pagar salários. Sem salários, nem pensões, não há votos e o Governo cai. E se a economia não cresce, porque descer a despesa implica reduzir salários, é necessário cortar nos serviços. Veja-se o Ministério da Educação, cujo orçamento para 2017 cresce 179,4 milhões de euros, mas as despesas previstas para salários dos professores e funcionários de escolas aumentam 188 milhões. Onde é que se vai buscar a diferença?
Costa está a paralisar o país. Por ora, a maioria está satisfeita porque beneficia dessa estagnação. Mas nenhuma sociedade vive desta forma.
Pouco antes de falecer, Michel Rocard concedeu uma entrevista à Le Point, na qual qualificava a esquerda francesa como a mais retrógrada da Europa. Não se lembrou da portuguesa, mas as críticas feitas a uma aplicam-se à outra. Dizia o ex-primeiro-ministro francês que a esquerda perdeu a cultura económica e o diálogo social. Profundamente marxista, com uma análise racional da produção, a esquerda de hoje quer destruir o capitalismo e desconfia da economia de mercado. Rocard foi um socialista moderado, crítico do arcaísmo de Mitterrand, e intelectualmente próximo de António Guterres, um primeiro-ministro fraco que agora o PS aplaude mas que traiu em 2001, numa altura em que o PS já se encontrava no processo de radicalização que agora presenciamos.
A nova esquerda socialista perdeu a dimensão cultural dos tempos de Rocard. Alicerçada no ódio promove a desconfiança, seja à Europa, seja à Alemanha. É sem qualquer problema que invoca um passado com 70 anos para destruir o que a Europa tanto esforço fez, não para esquecer, mas para não repetir. Amaldiçoa a globalização, esse processo de integração económica iniciado pelos portugueses, que tem tirado da miséria tanta gente por esse mundo fora e que Vargas Llosa, que ainda este mês esteve em Lisboa, qualificou de movimento entusiasta que acabou com o nacionalismo responsável por tantas mortes.
Apostada no consumismo, a esquerda reduziu o Estado social ao pagamento de salários e de pensões, esperando que os que votam em si gastem e reduzam a sua existência a essa satisfação efémera. Esta é uma esquerda que não sente. E como o dinheiro não nasce das árvores, uma massa de gente sem fito na vida estará pronta a pôr-se na mão de meia dúzia de populistas que andam por aí confusos entre governar e mandar bocas.
André Abrantes Amaral, Advogado
00:12
Jornal Económico
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