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A cidade, o comboio e a ideia de transporte público
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A cidade, o comboio e a ideia de transporte público
Já no início de 2017, quem vive, trabalha ou visita Cascais terá a mobilidade literalmente nas mãos.
Olhe para o seu smartphone. Já pensou nele como instrumento de mobilidade no seu dia-a-dia? Então pense duas vezes. Já no início de 2017, quem vive, trabalha ou visita Cascais terá a mobilidade literalmente nas mãos. Adquirir títulos de transporte para a rede integrada de transporte público (bicicleta, autocarro, comboio e parques públicos), utilizar uma bicicleta, conhecer a disponibilidade de lugares de estacionamento, saber em tempo real quais são as alternativas de mobilidade disponíveis – isto (e mais) será possível a partir de um telemóvel e faz parte de um projeto de mobilidade sustentável pioneiro em Portugal e na vanguarda do que é feito nas cidades mais prósperas e sustentáveis na Europa. Chama-se Mobi Cascais e está a ser desenvolvido em exclusivo para a autarquia pelo CEIIA – Centro de Engenharia e Investigação de Indústria Automóvel.
A filosofia do Mobi Cascais parte de três ideias. A primeira é a de que a mobilidade é um problema para a esmagadora maioria dos cidadãos que diariamente se deslocam para os seus postos de trabalho, utilizando carro próprio ou transportes públicos e, se nada for feito, só tende a agravar-se. Por falta de alternativas de qualidade, as pessoas (e o país) perdem tempo e dinheiro e felicidade em redes de transporte complicadas, lentas e ineficientes. A segunda ideia é a de que a internet e a democratização dos smartphones e das suas apps abrem um novo horizonte de possibilidades também em matéria de transporte público. Para além de permitirem o cruzamento de toda a oferta de meios de transporte disponíveis, os telefones geram informação necessária e precisa para gerir a rede. Por exemplo, 70% dos londrinos já usam aplicações que permitem a mobilidade inteligente. A terceira ideia tem a ver, precisamente, com a noção de “inteligente”. Cascais está a trabalhar para ser uma “smart city”. A criação de graus de liberdade crescentes através da democratização dos meios de transporte é uma condição essencial da cidade inteligente e economicamente competitiva. Para além do mais, uma rede de mobilidade eficaz e sustentável terá, no médio prazo, profundas implicações na cidade: menos carros, mais zonas verdes, mais zonas pedonais e mais qualidade de vida – produtos que abrem um círculo virtuoso de atração de mais gente qualificada que, por sua vez, aumentará a competitividade territorial. Cascais já está a mudar: a introdução de 1200 novas bicicletas na rede pública – e de 2 mil docas universais que permitem aos cidadãos utilizar as suas próprias bicicletas – levou-nos à criação de 50 km de novas ciclovias para um total de 70 km no concelho; o incentivo ao uso dos transportes públicos permitiu-nos aumentar o total de lugares de estacionamento para 21 900 e introduzir cinco novas linhas bus na ligação dos parques de estacionamento às estações de comboios.
Perguntará o leitor: “Quanto é que isto custa ao cidadão?” Entre outras combinações possíveis, o passe bicicleta+bus custa 12,5 €/mês; estacionamento+bus+bicicleta, 20 €/mês; e comboio com estacionamento, só por mais 12 €/mês.
Como se deduzirá, toda a estratégia de mobilidade de um concelho como Cascais foi pensada atendendo ao principal eixo de deslocação das pessoas: Cascais-Lisboa. As alternativas são a A5 ou a Linha de Cascais. Porque trabalhamos para a mobilidade sustentável, direcionamos a nossa política para a linha de comboio: os parques de estacionamento (que, ao contrário do que é generalizado nos concelhos da área metropolitana, são de gestão pública, o que permite reinvestir todas as verbas em mobilidade no concelho) estão desenhados em três anéis concêntricos envolvendo as principais estações; esses parques são apoiados por carreiras bus específicas; as principais docas para bicicletas estão nas estações. O Mobi vai aumentar o tráfego ferroviário e trazer mais passageiros ao comboio. O problema é que a Linha de Cascais padece de questões seríssimas que justificam uma solução urgente – escrevi sobre esse tema aqui, a semana passada: “A Linha de Cascais está a morrer e o governo não quer saber”.
O Mobi é mais um fator de pressão para que se chegue a uma solução para a linha. Só que é preciso todos os decisores políticos pensarem “smart”. É um grande “só”. Apesar da insistência dos autarcas, o ministro Pedro Marques remeteu-se ao isolamento. Uma atitude pouco smart e que segue outra ainda menos inteligente: ter desmantelado a solução para a linha herdada do anterior governo, por exigência dos seus parceiros de coligação, sem ter uma alternativa para oferecer aos cidadãos. Recorde-se que a solução anterior já tinha o acordo das três câmaras e só não passou ao papel porque o país tinha eleições à porta. Independentemente disso, saiba o governo que tem nas três câmaras parceiros que continuam ativamente à procura de soluções alternativas para a linha. Quanto a mim, desde 2011 que estou neste combate com três governos diferentes e, tal como os meus colegas de Oeiras e Lisboa, não planeio baixar os braços.
Ninguém tem preferência pela cor da solução (se é de esquerda ou de direita) ou pela origem do capital que permitirá a solução (público ou privado). Do que precisamos todos é de uma solução, seja ela qual for.
O governo não pode ficar refém do PCP e do BE, partidos que colocam a ideologia à frente das necessidades das pessoas. Senhor primeiro-ministro: seja smart, já que o seu ministro dos Transportes prefere continuar a não o ser.
Escreve à quarta-feira
02/11/2016
Carlos Carreiras
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
Olhe para o seu smartphone. Já pensou nele como instrumento de mobilidade no seu dia-a-dia? Então pense duas vezes. Já no início de 2017, quem vive, trabalha ou visita Cascais terá a mobilidade literalmente nas mãos. Adquirir títulos de transporte para a rede integrada de transporte público (bicicleta, autocarro, comboio e parques públicos), utilizar uma bicicleta, conhecer a disponibilidade de lugares de estacionamento, saber em tempo real quais são as alternativas de mobilidade disponíveis – isto (e mais) será possível a partir de um telemóvel e faz parte de um projeto de mobilidade sustentável pioneiro em Portugal e na vanguarda do que é feito nas cidades mais prósperas e sustentáveis na Europa. Chama-se Mobi Cascais e está a ser desenvolvido em exclusivo para a autarquia pelo CEIIA – Centro de Engenharia e Investigação de Indústria Automóvel.
A filosofia do Mobi Cascais parte de três ideias. A primeira é a de que a mobilidade é um problema para a esmagadora maioria dos cidadãos que diariamente se deslocam para os seus postos de trabalho, utilizando carro próprio ou transportes públicos e, se nada for feito, só tende a agravar-se. Por falta de alternativas de qualidade, as pessoas (e o país) perdem tempo e dinheiro e felicidade em redes de transporte complicadas, lentas e ineficientes. A segunda ideia é a de que a internet e a democratização dos smartphones e das suas apps abrem um novo horizonte de possibilidades também em matéria de transporte público. Para além de permitirem o cruzamento de toda a oferta de meios de transporte disponíveis, os telefones geram informação necessária e precisa para gerir a rede. Por exemplo, 70% dos londrinos já usam aplicações que permitem a mobilidade inteligente. A terceira ideia tem a ver, precisamente, com a noção de “inteligente”. Cascais está a trabalhar para ser uma “smart city”. A criação de graus de liberdade crescentes através da democratização dos meios de transporte é uma condição essencial da cidade inteligente e economicamente competitiva. Para além do mais, uma rede de mobilidade eficaz e sustentável terá, no médio prazo, profundas implicações na cidade: menos carros, mais zonas verdes, mais zonas pedonais e mais qualidade de vida – produtos que abrem um círculo virtuoso de atração de mais gente qualificada que, por sua vez, aumentará a competitividade territorial. Cascais já está a mudar: a introdução de 1200 novas bicicletas na rede pública – e de 2 mil docas universais que permitem aos cidadãos utilizar as suas próprias bicicletas – levou-nos à criação de 50 km de novas ciclovias para um total de 70 km no concelho; o incentivo ao uso dos transportes públicos permitiu-nos aumentar o total de lugares de estacionamento para 21 900 e introduzir cinco novas linhas bus na ligação dos parques de estacionamento às estações de comboios.
Perguntará o leitor: “Quanto é que isto custa ao cidadão?” Entre outras combinações possíveis, o passe bicicleta+bus custa 12,5 €/mês; estacionamento+bus+bicicleta, 20 €/mês; e comboio com estacionamento, só por mais 12 €/mês.
Como se deduzirá, toda a estratégia de mobilidade de um concelho como Cascais foi pensada atendendo ao principal eixo de deslocação das pessoas: Cascais-Lisboa. As alternativas são a A5 ou a Linha de Cascais. Porque trabalhamos para a mobilidade sustentável, direcionamos a nossa política para a linha de comboio: os parques de estacionamento (que, ao contrário do que é generalizado nos concelhos da área metropolitana, são de gestão pública, o que permite reinvestir todas as verbas em mobilidade no concelho) estão desenhados em três anéis concêntricos envolvendo as principais estações; esses parques são apoiados por carreiras bus específicas; as principais docas para bicicletas estão nas estações. O Mobi vai aumentar o tráfego ferroviário e trazer mais passageiros ao comboio. O problema é que a Linha de Cascais padece de questões seríssimas que justificam uma solução urgente – escrevi sobre esse tema aqui, a semana passada: “A Linha de Cascais está a morrer e o governo não quer saber”.
O Mobi é mais um fator de pressão para que se chegue a uma solução para a linha. Só que é preciso todos os decisores políticos pensarem “smart”. É um grande “só”. Apesar da insistência dos autarcas, o ministro Pedro Marques remeteu-se ao isolamento. Uma atitude pouco smart e que segue outra ainda menos inteligente: ter desmantelado a solução para a linha herdada do anterior governo, por exigência dos seus parceiros de coligação, sem ter uma alternativa para oferecer aos cidadãos. Recorde-se que a solução anterior já tinha o acordo das três câmaras e só não passou ao papel porque o país tinha eleições à porta. Independentemente disso, saiba o governo que tem nas três câmaras parceiros que continuam ativamente à procura de soluções alternativas para a linha. Quanto a mim, desde 2011 que estou neste combate com três governos diferentes e, tal como os meus colegas de Oeiras e Lisboa, não planeio baixar os braços.
Ninguém tem preferência pela cor da solução (se é de esquerda ou de direita) ou pela origem do capital que permitirá a solução (público ou privado). Do que precisamos todos é de uma solução, seja ela qual for.
O governo não pode ficar refém do PCP e do BE, partidos que colocam a ideologia à frente das necessidades das pessoas. Senhor primeiro-ministro: seja smart, já que o seu ministro dos Transportes prefere continuar a não o ser.
Escreve à quarta-feira
02/11/2016
Carlos Carreiras
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
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