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O desemprego
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O desemprego
De acordo com os números do INE, o desemprego, felizmente, continua a descer em Portugal, embora se mantenha muito elevado. Foram hoje conhecidos os valores de agosto, corrigidos de sazonalidade: a taxa de desemprego ficou em 10,9%. A estimativa provisória para setembro confirma a continuação de tendência de descida: 10,8%, o que corresponde a 555 mil pessoas.
Quanto à população empregada, terá ficado em setembro (estimativa provisória) em 4567 milhares de pessoas, mais 89 mil do que em setembro do ano passado.
Porque é que medimos separadamente o emprego e o desemprego? Porque só é considerado desempregado quem procura ativamente emprego; se não procurar, por exemplo por achar que não tem hipóteses de voltar a trabalhar, não é considerado desempregado, mas sim inativo.
Assim, a taxa de emprego, que mede a percentagem de empregados face ao total da população em idade ativa, foi calculada, provisoriamente para setembro, em 58,6%, o que é um valor baixo. Nos Estados Unidos esta taxa chega a situar-se na casa dos 70%.
Desta forma, o desemprego elevado, que é um dos problemas estruturais da economia portuguesa, vai aos poucos e poucos baixando. Estar desempregado é uma situação muito nefasta para quem está nessa posição. Perde referenciais sociais: quando lhe perguntam “o que é que você faz?” em vez de responder “sou médico”, “sou advogado” ou seja lá o que for, responder “estou desempregado” pode indicar, aos olhos de muitos, uma situação de desajuste social: a pessoa devia estar a trabalhar, mas não está, vá-se lá saber porquê.
Mais, o desemprego, e sobretudo o desemprego de longa duração, causa sérios problemas financeiros. Esgotado o período em que se recebe Subsídio de Desemprego é acionado o Subsídio Social de Desemprego. Por sua vez, quando o tempo deste se esgota, a alternativa é o Rendimento Social de Inserção, que atinge, no escalão máximo, a fabulosa quantia de 180,99 euros por mês.
O desemprego de longa duração tem ainda outra desvantagem: à medida que o tempo avança o desempregado pode não acompanhar a evolução da tecnologia, ficando numa situação de obsolescência tecnológica, o que lhe irá dificultar encontrar um novo emprego.
Por fim, a idade. Quanto mais velho for o desempregado mais difícil é obter um novo posto de trabalho.
Como em tudo na vida, há aspetos positivos e negativos. Os desempregados preferiam estar empregados mas, tendo muito tempo livre, podem dedicar-se a atividades que gostem, como por exemplo passear, ler, pintar, aprender yoga, fazer voluntariado, ou, com sorte e generosidade, poder escrever artigos de opinião na edição online de um jornal, entrando por vezes em discussões interessantes com os leitores.
Eduardo Ferreira
opiniao@newsplex.pt
2 de novembro 2016
SOL
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