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'Summit' das Lajes
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'Summit' das Lajes
Uma semana, demasiadas coisas ainda demasiado perto para um texto com sentido, mas demasiado importantes para passar ao lado. Notas anotadas no telefone e na memória, editadas.
Abertura da Web Summit. Lisboa cheia de gente nova, diversa, a querer fazer coisas. Sol em novembro. Milhões prontos a trocar de mãos à espera de se multiplicarem. Muitos, pessoas e milhões, prontos a vir ficar para Lisboa. O costumeiro enjoo dos do costume, contra o deslumbramento, contra o excesso de turismo, sobranceiros, acomodados. O regime em peso, o Presidente, a câmara, o governo. Algo que começou há mais de um ano com Paulo Portas e António Costa, ainda na câmara, vê a luz do dia numa coligação de esquerda. É a face liberal do governo, anunciam-se milhões, duzentos, para atrair investimentos.
A Web Summit é um projeto que recebeu apoios transversais, do Turismo de Portugal, e de Lisboa, da StartUP Lisboa, com João Vasconcelos na altura, e agora como champion do evento, já como secretário de Estado. Haverá espaço para muitos mais?
A eleição está perto, mas ninguém se preocupa. No Cais do Sodré, à noite, encontram-se parceiros de investimento e correm-se outros riscos, a app da Web Summit dá lugar ao Tinder, várias línguas, várias religiões, a religião do empreendedorismo, com as suas parábolas, semânticas, os seus papas, os seus pecados e virtudes.
Na FIL impressiona o número de jovens, também portugueses, que não querem o conforto de um emprego público, de bolsas e rebolsas, das nove às cinco, sabendo que falharão quase todos, pelo menos desta vez, pela sua ideia, mas sem medo, tranquilos. Que pedem dinheiro para a sua ideia sem o complexo do vai trabalhar, não se pede dinheiro, não chateies os senhores. Muitas raparigas pela feira, com ideias e projetos, women in tech. Todos eles de idades tenras e cérebros avançados.
Encontro o José Magalhães, antigo deputado, que me diz que quem gostaria de ter visto tudo aquilo era o Mariano Gago, que muito contribuiu para que Portugal pudesse ser tão naturalmente digital, como de resto o próprio José Magalhães.
Ao almoço uma investidora inglesa quer experimentar sandes de leitão. Não gosta, deixa quase tudo. Mesmo assim continua a querer trazer o seu fundo de Singapura para Lisboa.
[Terça, noite e madrugada]
No Marriott, noite eleitoral organizada pela Embaixada dos Estados Unidos da América. Alguma despreocupação. Interrompo para ir à RTP3: digo que não faço prognósticos, já acordei a pensar que o brexit perdia e acordei com o Reino Unido fora, mais a geringonça, mais um Papa que renunciou, um gajo aprende. Mas a esperança, a quase certeza de que era Hillary.
De volta à receção, um amigo, socialista, desabafa, é de mim ou sempre que olho para os ecrãs está o Trump na frente, e eu até gosto de vermelho? A racionalização do costume, são os estados mais pequenos, na Florida os latinos são todos republicanos por causa de Cuba, isto e aquilo. Resultados, o que se sabe.
[Quarta]
Ressacar e refletir. Em julho Michael Moore tinha escrito um texto claro como água, era óbvio que isto ia acontecer, um Cisne Negro que ninguém quis admitir que aí vinha. Hillary vai ter mais votos, mas isso não importa. Hillary estava mais bem preparada, sim, safe pair of hands, mas não chegou. Trump fez uma campanha letal, mais do que apontar para o seu público, pouco homogéneo, incerto, apostou tudo na desmobilização dos potenciais votantes de Hillary - não preciso que votes em mim, basta não votares nela; não preciso que faças campanha por mim, basta que tenhas vergonha de fazer por ela; como podes acreditar em Sanders e votar em Hillary?; foste enganado por Obama, imagina por esta? Sempre que Trump dizia crooked não era para ter mais votos, era para que mais alguém ficasse em casa, para que mais alguém calasse, esmorecesse, e conseguiu.
Como vai ser Trump: vai correr bem como correu bem Reagan, como correu bem Berlusconi, como correu bem Alberto João Jardim? O sistema que critica vai conseguir domá-lo? Obama ia fechar Guantánamo. Ou vai ser uma coisa que nunca vimos?
[Sexta]
Alguns bons sinais: em oito dos nove estados onde foi a votos, a canábis é cada vez uma substância mais legal, seja para consumo médico ou recreativo, o que mostra que o voto em Trump não é um voto conservador, e que o fim da proibição está perto, o que tem de resto um significado especial numa terra vergastada pela epidemia dos opiáceos.
Outra boa notícia, talvez a melhor é Devin Nunes na equipa de transição, representante republicano pela Califórnia, republicano moderado, de origem açoriana, institucionalista, como qualquer açoriano, que pasta, que papel lhe calhará? São boas notícias para Portugal, para os Açores e, sobretudo, para as Lajes.
13 DE NOVEMBRO DE 2016
00:01
João Taborda da Gama
Diário de Notícias
Abertura da Web Summit. Lisboa cheia de gente nova, diversa, a querer fazer coisas. Sol em novembro. Milhões prontos a trocar de mãos à espera de se multiplicarem. Muitos, pessoas e milhões, prontos a vir ficar para Lisboa. O costumeiro enjoo dos do costume, contra o deslumbramento, contra o excesso de turismo, sobranceiros, acomodados. O regime em peso, o Presidente, a câmara, o governo. Algo que começou há mais de um ano com Paulo Portas e António Costa, ainda na câmara, vê a luz do dia numa coligação de esquerda. É a face liberal do governo, anunciam-se milhões, duzentos, para atrair investimentos.
A Web Summit é um projeto que recebeu apoios transversais, do Turismo de Portugal, e de Lisboa, da StartUP Lisboa, com João Vasconcelos na altura, e agora como champion do evento, já como secretário de Estado. Haverá espaço para muitos mais?
A eleição está perto, mas ninguém se preocupa. No Cais do Sodré, à noite, encontram-se parceiros de investimento e correm-se outros riscos, a app da Web Summit dá lugar ao Tinder, várias línguas, várias religiões, a religião do empreendedorismo, com as suas parábolas, semânticas, os seus papas, os seus pecados e virtudes.
Na FIL impressiona o número de jovens, também portugueses, que não querem o conforto de um emprego público, de bolsas e rebolsas, das nove às cinco, sabendo que falharão quase todos, pelo menos desta vez, pela sua ideia, mas sem medo, tranquilos. Que pedem dinheiro para a sua ideia sem o complexo do vai trabalhar, não se pede dinheiro, não chateies os senhores. Muitas raparigas pela feira, com ideias e projetos, women in tech. Todos eles de idades tenras e cérebros avançados.
Encontro o José Magalhães, antigo deputado, que me diz que quem gostaria de ter visto tudo aquilo era o Mariano Gago, que muito contribuiu para que Portugal pudesse ser tão naturalmente digital, como de resto o próprio José Magalhães.
Ao almoço uma investidora inglesa quer experimentar sandes de leitão. Não gosta, deixa quase tudo. Mesmo assim continua a querer trazer o seu fundo de Singapura para Lisboa.
[Terça, noite e madrugada]
No Marriott, noite eleitoral organizada pela Embaixada dos Estados Unidos da América. Alguma despreocupação. Interrompo para ir à RTP3: digo que não faço prognósticos, já acordei a pensar que o brexit perdia e acordei com o Reino Unido fora, mais a geringonça, mais um Papa que renunciou, um gajo aprende. Mas a esperança, a quase certeza de que era Hillary.
De volta à receção, um amigo, socialista, desabafa, é de mim ou sempre que olho para os ecrãs está o Trump na frente, e eu até gosto de vermelho? A racionalização do costume, são os estados mais pequenos, na Florida os latinos são todos republicanos por causa de Cuba, isto e aquilo. Resultados, o que se sabe.
[Quarta]
Ressacar e refletir. Em julho Michael Moore tinha escrito um texto claro como água, era óbvio que isto ia acontecer, um Cisne Negro que ninguém quis admitir que aí vinha. Hillary vai ter mais votos, mas isso não importa. Hillary estava mais bem preparada, sim, safe pair of hands, mas não chegou. Trump fez uma campanha letal, mais do que apontar para o seu público, pouco homogéneo, incerto, apostou tudo na desmobilização dos potenciais votantes de Hillary - não preciso que votes em mim, basta não votares nela; não preciso que faças campanha por mim, basta que tenhas vergonha de fazer por ela; como podes acreditar em Sanders e votar em Hillary?; foste enganado por Obama, imagina por esta? Sempre que Trump dizia crooked não era para ter mais votos, era para que mais alguém ficasse em casa, para que mais alguém calasse, esmorecesse, e conseguiu.
Como vai ser Trump: vai correr bem como correu bem Reagan, como correu bem Berlusconi, como correu bem Alberto João Jardim? O sistema que critica vai conseguir domá-lo? Obama ia fechar Guantánamo. Ou vai ser uma coisa que nunca vimos?
[Sexta]
Alguns bons sinais: em oito dos nove estados onde foi a votos, a canábis é cada vez uma substância mais legal, seja para consumo médico ou recreativo, o que mostra que o voto em Trump não é um voto conservador, e que o fim da proibição está perto, o que tem de resto um significado especial numa terra vergastada pela epidemia dos opiáceos.
Outra boa notícia, talvez a melhor é Devin Nunes na equipa de transição, representante republicano pela Califórnia, republicano moderado, de origem açoriana, institucionalista, como qualquer açoriano, que pasta, que papel lhe calhará? São boas notícias para Portugal, para os Açores e, sobretudo, para as Lajes.
13 DE NOVEMBRO DE 2016
00:01
João Taborda da Gama
Diário de Notícias
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