Olhar Sines no Futuro
BEM - VINDOS!!!!

Participe do fórum, é rápido e fácil

Olhar Sines no Futuro
BEM - VINDOS!!!!
Olhar Sines no Futuro
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
Procurar
 
 

Resultados por:
 


Rechercher Pesquisa avançada

Entrar

Esqueci-me da senha

Palavras-chaves

2012  2019  2014  2011  2023  2017  2016  2015  2013  cmtv  tvi24  2010  2018  cais  

Últimos assuntos
» Sexo visual mental tens a olhar fixamente o filme e ouvi fixamente
A condição privada EmptyQui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin

» Apanhar o comboio
A condição privada EmptySeg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin

» O que pode Lisboa aprender com Berlim
A condição privada EmptySeg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin

» A outra austeridade
A condição privada EmptySeg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin

» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
A condição privada EmptySeg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin

» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
A condição privada EmptySeg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin

» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
A condição privada EmptySeg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin

» Pelos caminhos
A condição privada EmptySeg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin

» Alta velocidade: o grande assunto pendente
A condição privada EmptySeg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin

Galeria


A condição privada Empty
novembro 2024
DomSegTerQuaQuiSexSáb
     12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930

Calendário Calendário

Flux RSS


Yahoo! 
MSN 
AOL 
Netvibes 
Bloglines 


Quem está conectado?
98 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 98 visitantes :: 1 motor de busca

Nenhum

O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm

A condição privada

Ir para baixo

A condição privada Empty A condição privada

Mensagem por Admin Qua Dez 14, 2016 11:16 am

No atual momento histórico não chega pôr um travão político às investidas liberalizantes. É imprescindível reabilitar o serviço público como um direito fundamental para todos e desincrustá-lo da sua condição privada.

Como tem sido referido por várias pessoas da direita à esquerda, o último filme de Ken Loach, “Eu, Daniel Blake”, é sublime. De facto estamos perante uma obra extraordinária que nos projeta para uma realidade crua e ao mesmo tempo tão próxima. O filme confronta-nos com os últimos meses infernais da vida de um carpinteiro britânico de 59 anos que se vê enredado nas teias da burocracia e dos serviços da segurança social, que deixaram de ser públicos e se transformaram em espaços de despossessão de relações sociais e de direitos de cidadania. Espaços privatizados por lógicas de outsourcing em que tudo é mercantilizado.

Daniel não pode continuar a exercer a sua profissão por razões de saúde, mas segundo os critérios de elegibilidade resultantes da avaliação de uma junta técnica e de um supervisor anónimos não tem o direito garantido a uma pensão e, por este motivo, é aconselhado a candidatar-se ao subsídio de desemprego. Apesar de ter descontado a vida inteira, terá de demonstrar através de intermináveis formulários online, feitos de perguntas inúteis, que merece uma prestação social. O ónus permanece assim do lado do cliente que já não é um cidadão pleno. Por sua vez, este tem de provar ao funcionário (que já não é público) que se encontra a cumprir devidamente o contrato com o Estado. O tal Estado que há muito perdeu a sua função básica de proteção social universal.

À medida que o filme vai revelando a miséria da vida de um ex-operário que entretanto se familiariza com uma mãe solteira sem condições económicas para alimentar os seus dois filhos, uma pergunta nos assola crescentemente até se tornar quase insuportável: como foi possível chegarmos a isto? O filme interpela-nos inevitavelmente a tirar consequências políticas do que aconteceu desde pelo menos o início dos anos 80 do século passado. Assim que as cenas mais revoltantes se sucedem vêm-nos à memória frases e imagens batidas sobre a ascensão de Thatcher ao poder e da sua agenda neoliberal que delapidou o Estado social e abriu a porta a uma privatização sem limites dos serviços públicos. Mas surgem outras interpelações, designadamente sobre a coresponsabilidade acrescida tanto da social-democracia, como da democracia-cristã que foram transigindo neste modelo liberal, contribuindo decisivamente para aprisionar o Estado às lógicas empresariais.

Este filme é sublime porque inquieta profundamente. Deixa-nos desarmados perante o infortúnio de um homem que não resiste à máquina devoradora que foi sendo construída politicamente ao longo de décadas e por consecutivos governos de diferentes cores políticas. Na verdade, trata-se de um filme sobre a sublimação do serviço público que chegou a ser sólido e se foi dissipando, em Inglaterra mas também em muitos países europeus, para um estado gasoso onde a função primordial de proteção social se esvaziou quase por completo.

Neste processo de sublimação, o uso e abuso da condição de recursos, para averiguar da elegibilidade do eventual beneficiário, efetivou-se no seu operador elementar, sendo o instrumento de eleição pelo qual o cidadão se transmuta para a condição de cliente que tem de fazer prova dos seus supostos direitos. A demonstração dessa prova representa um desafio (um jogo, como referia Daniel) adverso, mediado por uma burocracia cada vez mais fria e distante em plataformas digitais e comunicacionais descentradas da relação face-a-face. Mas neste jogo desumano são os mais vulneráveis que perdem sistematicamente e ficam irremediavelmente arredados dos seus direitos.

É por isso que no atual momento histórico não chega apenas pôr um travão político às investidas liberalizantes. É preciso ir mais além e considerar que em muitas políticas sociais a condição de recursos não representa a via mais recomendável. Torna-se assim imprescindível reabilitar o serviço público como um direito fundamental para todos e desincrustá-lo da sua condição privada.

Renato Carmo, Sociólogo
00:08
Jornal Económico
Admin
Admin
Admin

Mensagens : 16761
Pontos : 49160
Reputação : 0
Data de inscrição : 07/12/2013
Idade : 37
Localização : Sines

http://olharsinesnofuturo.criarforum.com.pt

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos