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Paixão não rima com educação
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Paixão não rima com educação
Naturalmente, ninguém consegue resistir aos encantos da educação ou até do conhecimento. A sua mera enunciação desperta uma paixão assolapada. O problema é que as paixões, embora por definição sejam um sentimento intenso, são invariavelmente pouco duradouras.
Em Setembro de 2015, era ainda candidato a primeiro-ministro, António Costa recuperou a "paixão" pela educação declarada em 1995 por António Guterres. "É hora de voltarmos a dizer, como dissemos há 20 anos, que a educação tem que ser de novo uma paixão deste país e é necessário investir na nossa educação", disse o líder do PS num comício em Faro.
Na mensagem de Natal, o primeiro-ministro fez uma actualização da sua paixão, substituindo o conceito de educação pelo do conhecimento. "O nosso maior e verdadeiro défice quando comparamos Portugal com os outros países europeus é o do conhecimento".
Naturalmente, ninguém consegue resistir aos encantos da educação ou até do conhecimento. A sua mera enunciação desperta uma paixão assolapada. O problema é que as paixões, embora por definição sejam um sentimento intenso, são invariavelmente pouco duradouras. É por isso que em 1995 se falava da paixão pela educação e agora se retoma a mesma narrativa, fazendo de conta que não existiu um imenso vazio temporal entre um pronunciamento e o outro.
Aqui mora uma primeira falha. A educação não pode ser uma paixão caprichosa. Tem ser um compromisso sério, assumido pelo Estado perante os seus cidadãos e praticado de forma consequente. Se existe área em que faz sentido o famigerado conceito de pacto de regime ela é a da educação. A inconstância política nesta matéria tem feito precisamente o percurso contrário.
Depois há uma questão conexa. António Costa diz que "a escola pública é a a garantia universal de uma educação de qualidade". Passo seguinte, os professores são elogiados pelo seu brio mas não são valorizados pelo serviço que prestam, quando uma das principais razões (se não mesmo a maior) para a degradação da escola pública reside na exígua remuneração destes profissionais e na ausência de incentivos. É por esta razão que, à primeira oportunidade, aceitam propostas do sector privado.
É óbvio que o aumento dos rendimentos desta classe não pode ser visto como uma prebenda. Exige avaliação do desempenho dos professores e coragem para expurgar do sistema aqueles que se alimentam dele praticando a indigência.
Não se pode ter bons alunos sem professores competentes, da mesma forma que não se constrói uma casa sem alicerces. O resto é paixão. Ou seja, conversa de sedução, inconsequente e efémera.
Celso Filipe | cfilipe@negocios.pt
27 de Dezembro de 2016 às 00:01
Negócios
Em Setembro de 2015, era ainda candidato a primeiro-ministro, António Costa recuperou a "paixão" pela educação declarada em 1995 por António Guterres. "É hora de voltarmos a dizer, como dissemos há 20 anos, que a educação tem que ser de novo uma paixão deste país e é necessário investir na nossa educação", disse o líder do PS num comício em Faro.
Na mensagem de Natal, o primeiro-ministro fez uma actualização da sua paixão, substituindo o conceito de educação pelo do conhecimento. "O nosso maior e verdadeiro défice quando comparamos Portugal com os outros países europeus é o do conhecimento".
Naturalmente, ninguém consegue resistir aos encantos da educação ou até do conhecimento. A sua mera enunciação desperta uma paixão assolapada. O problema é que as paixões, embora por definição sejam um sentimento intenso, são invariavelmente pouco duradouras. É por isso que em 1995 se falava da paixão pela educação e agora se retoma a mesma narrativa, fazendo de conta que não existiu um imenso vazio temporal entre um pronunciamento e o outro.
Aqui mora uma primeira falha. A educação não pode ser uma paixão caprichosa. Tem ser um compromisso sério, assumido pelo Estado perante os seus cidadãos e praticado de forma consequente. Se existe área em que faz sentido o famigerado conceito de pacto de regime ela é a da educação. A inconstância política nesta matéria tem feito precisamente o percurso contrário.
Depois há uma questão conexa. António Costa diz que "a escola pública é a a garantia universal de uma educação de qualidade". Passo seguinte, os professores são elogiados pelo seu brio mas não são valorizados pelo serviço que prestam, quando uma das principais razões (se não mesmo a maior) para a degradação da escola pública reside na exígua remuneração destes profissionais e na ausência de incentivos. É por esta razão que, à primeira oportunidade, aceitam propostas do sector privado.
É óbvio que o aumento dos rendimentos desta classe não pode ser visto como uma prebenda. Exige avaliação do desempenho dos professores e coragem para expurgar do sistema aqueles que se alimentam dele praticando a indigência.
Não se pode ter bons alunos sem professores competentes, da mesma forma que não se constrói uma casa sem alicerces. O resto é paixão. Ou seja, conversa de sedução, inconsequente e efémera.
Celso Filipe | cfilipe@negocios.pt
27 de Dezembro de 2016 às 00:01
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