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A ansiedade do empresário
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A ansiedade do empresário
À entrada para 2017, e depois de um ano tão surpreendente como este, temos a humana ânsia de saber o que vem aí com a viragem do calendário. E o Negócios, como já vem sendo hábito, foi perguntar a quem sabe, os empresários.
Ao longo das próximas páginas pode ler os votos e as expectativas destes e de outros decisores sobre o que 2017 poderá trazer. E há, em muitos deles, um fio condutor: uma ansiedade que, sendo totalmente compreensível, não augura grande coisa para a economia portuguesa.
Os argumentos são todos lógicos. A entrada em cena de Trump, esse mamute em loja de frágil porcelana, é a maior incógnita de todas na cena internacional, porque o líder dos EUA, qualquer que ele seja, será necessariamente a pessoa mais influente do mundo. Quando essa pessoa é uma carta tão fora do baralho e cujas posições oscilam entre o surpreendente e o assustador, estamos conversados. Há ainda o Brexit no terreno (veremos), a falta de freio do expansionista Putin, o terrorismo, as migrações, as eleições em países-chave da União Europeia.
Como se tudo isso não bastasse, Portugal não está particularmente fortalecido, ao ponto de estar protegido de toda esta instabilidade. Acreditamos que o BCE mantenha o bom senso que tem demonstrado e que faça um "desmame" suave do seu programa de apoio, mas a possibilidade de tal não acontecer é um risco, e grande, sobre as nossas cabeças. Com menos apoio do BCE e com taxas de juro no mercado secundário que já não são tão baixas como isso, o país seria de novo um alvo fácil. Ninguém quer mais resgates, é evidente. Mas há fragilidades que não foram e não estão agora a ser combatidas: a elevadíssima dívida pública, o corte estruturado na despesa, uma fiscalidade mais simples e mais geradora de riqueza, uma verdadeira aposta na maior competitividade da nossa economia.
Vivemos 2016 embalados pelo sorriso melífluo de António Costa e pelo abraço omnipresente de Marcelo, e essa pacificação colectiva era necessária. Mas não chega, passado este período, para nos preparar para todos os desafios que aí vêm.
É isso que os empresários salientam: a vulnerabilidade em que Portugal ainda se encontra para o caso de a imprevisível vertente externa provocar um abalo mais forte. Já a questão política parece não ser mais uma questão (os receios acerca da geringonça estão claramente controlados), enquanto o sistema financeiro continua a ser um assunto apontado como fulcral, começando pela CGD.
Ao lermos as respostas do nosso painel, o que sentimos é a sua incerteza, a sua ansiedade. O que normalmente significa menos investimento, menos risco, menos dinamismo.
Apertemos os cintos.
Tiago Freire | tiagofreire@negocios.pt
30 de Dezembro de 2016 às 00:01
Negócios
Ao longo das próximas páginas pode ler os votos e as expectativas destes e de outros decisores sobre o que 2017 poderá trazer. E há, em muitos deles, um fio condutor: uma ansiedade que, sendo totalmente compreensível, não augura grande coisa para a economia portuguesa.
Os argumentos são todos lógicos. A entrada em cena de Trump, esse mamute em loja de frágil porcelana, é a maior incógnita de todas na cena internacional, porque o líder dos EUA, qualquer que ele seja, será necessariamente a pessoa mais influente do mundo. Quando essa pessoa é uma carta tão fora do baralho e cujas posições oscilam entre o surpreendente e o assustador, estamos conversados. Há ainda o Brexit no terreno (veremos), a falta de freio do expansionista Putin, o terrorismo, as migrações, as eleições em países-chave da União Europeia.
Como se tudo isso não bastasse, Portugal não está particularmente fortalecido, ao ponto de estar protegido de toda esta instabilidade. Acreditamos que o BCE mantenha o bom senso que tem demonstrado e que faça um "desmame" suave do seu programa de apoio, mas a possibilidade de tal não acontecer é um risco, e grande, sobre as nossas cabeças. Com menos apoio do BCE e com taxas de juro no mercado secundário que já não são tão baixas como isso, o país seria de novo um alvo fácil. Ninguém quer mais resgates, é evidente. Mas há fragilidades que não foram e não estão agora a ser combatidas: a elevadíssima dívida pública, o corte estruturado na despesa, uma fiscalidade mais simples e mais geradora de riqueza, uma verdadeira aposta na maior competitividade da nossa economia.
Vivemos 2016 embalados pelo sorriso melífluo de António Costa e pelo abraço omnipresente de Marcelo, e essa pacificação colectiva era necessária. Mas não chega, passado este período, para nos preparar para todos os desafios que aí vêm.
É isso que os empresários salientam: a vulnerabilidade em que Portugal ainda se encontra para o caso de a imprevisível vertente externa provocar um abalo mais forte. Já a questão política parece não ser mais uma questão (os receios acerca da geringonça estão claramente controlados), enquanto o sistema financeiro continua a ser um assunto apontado como fulcral, começando pela CGD.
Ao lermos as respostas do nosso painel, o que sentimos é a sua incerteza, a sua ansiedade. O que normalmente significa menos investimento, menos risco, menos dinamismo.
Apertemos os cintos.
Tiago Freire | tiagofreire@negocios.pt
30 de Dezembro de 2016 às 00:01
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