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PATRÃO MAU, EMPRESÁRIO BOM
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PATRÃO MAU, EMPRESÁRIO BOM
Os trabalhadores julgam que o patrão trabalha menos horas que eles. O empresário muitas vezes passa mais de metade do dia no seu local de trabalho ou a trabalhar em prol do mesmo. O trabalhador recebe no mínimo em Portugal 557€. O empresário com salário + subsidio de alimentação + pagamentos à segurança social + seguro de trabalho paga no mínimo à volta de 850€/mês por trabalhador. O trabalhador recebe, justamente, o salário todos os meses. O empresário num mês mau com um cash flow reduzido não pode falhar com as suas obrigações salariais e de despesas correntes.
Não estou com isto a querer desvalorizar o trabalhador, até porque convenhamos, que sem trabalhadores as empresas não crescem, nem desenvolvem resultados. Mas também não existe trabalho se não existirem empresas e aquela palavra que está muito em voga, “empreendedores”.
Escrevo sobre este assunto pois passado mais de 40 anos da instauração da Democracia em Portugal e mais de 30 anos da entrada na CEE, em que vivemos num mercado Europeu super competitivo, ainda mantemos uma mentalidade muito ultrapassada no que diz respeito ao tecido empresarial Português. Penso que já tenha passado o tempo que o patrão era um “ bicho papão”. Temos excelente empresários desde a agricultura, aos têxteis, à informática até aos serviços.
Não escrevo sobre este tema devido a alguns sectores sindicais ainda estarem amarrados aos temas do séc. XVIII, que felizmente no mundo ocidental estão ultrapassados. Não se tendo ainda adaptado ao mundo global do Séc. XXI. Sendo muitas vezes responsáveis por posições contrárias àquelas que os trabalhadores defendem para as suas empresas continuarem a produzir, colocando em risco o encerramento das empresas.
Falo, sim, pelas críticas que se fizeram ouvir devido ao chumbo da descida da TSU. Sou da opinião do que se tem discutido a nível político não passa de politiquice (além de que a descida da TSU só iria prejudicar ainda mais a sustentabilidade da segurança social). Quanto às verdadeiras reformas como a descida do IRC e a flexibilização laboral que nos traz competitividade, investimento e emprego neste momento são tabu para não assustar os sindicatos, o BE e o PCP que controlam e permitem a existência deste Governo Socialista. Um funcionário que cumpra o dever das suas funções e tenha plena consciência que é fundamental para a empresa, irá preocupar-se que facilitem os despedimentos? Creio que não. Um empresário com as despesas de água, luz, combustíveis e impostos indirectos sempre a aumentarem, não poderia ver a baixa do seu IRC para o aliviar um pouco? Claro que sim. Outros Países têm-no feito com sucesso e atraído investimento e empresas.
Tantos anos depois da existência do livre mercado e esta mentalidade anti-patronato já devia estar actualizada. Se fosse fácil ser empresário, existiriam mais empresários que trabalhadores. E existindo uma mentalidade mais positiva, haveria certamente mais empresários, logo mais postos de trabalho disponíveis. Contudo, as pessoas são livres de procurarem novas oportunidades se não estiverem agradadas, nem motivadas no seu emprego ou quererem valorizar a sua carreira pessoal e profissional.
Tive, por fim, o cuidado de não mencionar a palavra “empregados” para não ferir susceptibilidades. Mas não estamos já na altura de deixarmos de ser politicamente correctos sobre esta temática?
PS: Declaração de interesses – não sou empresário!
Imagem de capa de fd.unb.br
Gonçalo Camarinhas
Licenciado em Ciências Políticas e Relações Internacionais
2 Fevereiro 2017 11:31
Tribuna Alentejo
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