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Patrão não é pátria
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Patrão não é pátria
É imponente a estátua de João Rodrigues Cabrilho em San Diego, olhando o Pacífico. Foi ele o comandante da flotilha espanhola que em Setembro de 1542 desembarcou na península hoje conhecida como Point Loma. Para a história ficou como o descobridor europeu da Califórnia e é assim que todos os anos é alvo de uma cerimónia que relembra que se tratava de um marinheiro português, ainda que ao serviço de Carlos V. Até recriam o pisar de terra, com trajes da época.
Cabrillo, escreve-se por aqui, mesmo junto ao México. Ser conhecido pela versão espanhola do nome é sina também de outro grande marinheiro português, Estêvão Gomes, ou Esteban Gómez, o primeiro a cartografar a costa atlântica dos Estados Unidos. Só Fernão de Magalhães escapou e mesmo assim há quem insista em falar de um Magallanes pioneiro da circum-navegação, confundindo patrão e pátria.
É sabido que, em Tordesilhas, Portugal e Espanha dividiram o mundo. Mas se havia marinheiros ousados nos dois países, basta pensar nos bascos que iam à Islândia pescar bacalhau, já os grandes navegadores ibéricos seriam todos portugueses. De Espanha sairiam sobretudo conquistadores e é por isso que nós temos como heróis Bartolomeu Dias e Vasco da Gama e eles Hernán Cortés e Francisco Pizarro.
Esta supremacia portuguesa nos navegadores tornou-se-me evidente no dia em que visitei o Museu Marítimo de Hamburgo. Cidade portuária, o burgo alemão tem o mérito de perceber dos descobrimentos sem neles ter participado. Assim é imparcial a sua escolha dos sete grande navegadores de humanidade, com direito a busto na entrada do museu. Estão lá o viquingue Leif Erickson, o chinês Zheng He, o italiano Cristóvão Colombo, os portugueses Dias, Gama e Magalhães e o inglês James Cook. Nenhum espanhol, mesmo que Colombo, como Magalhães, tenha servido à coroa espanhola. Talvez lá pudesse estar Juan Sebastian Elcano, que substituiu Magalhães quando este foi morto nas Filipinas, mas então também Pedro Álvares Cabral ou os irmãos Corte-Real.
Foi um autor coevo espanhol que identificou Cabrilho como português. Seria transmontano. Mas a historiografia espanhola não desiste de o reivindicar, procurando até a ajuda de uma académica canadiana para tentar dar o sempre provado por agora não provado. Batalha quixotesca. Qualquer que seja o desfecho do debate nada de essencial se alterará: a presença ibérica nas Américas antecedeu a anglo-saxónica, as tripulações eram internacionais, e os portugueses foram durante dois séculos navegadores sem concorrência à altura. Fazem bem os luso-descendentes na Califórnia em ter Cabrilho por herói. O admirável é que os espanhóis e os mexicanos de San Diego se juntam à festa.
03 DE OUTUBRO DE 2016
00:03
Leonídio Paulo Ferreira
Diário de Notícias
Cabrillo, escreve-se por aqui, mesmo junto ao México. Ser conhecido pela versão espanhola do nome é sina também de outro grande marinheiro português, Estêvão Gomes, ou Esteban Gómez, o primeiro a cartografar a costa atlântica dos Estados Unidos. Só Fernão de Magalhães escapou e mesmo assim há quem insista em falar de um Magallanes pioneiro da circum-navegação, confundindo patrão e pátria.
É sabido que, em Tordesilhas, Portugal e Espanha dividiram o mundo. Mas se havia marinheiros ousados nos dois países, basta pensar nos bascos que iam à Islândia pescar bacalhau, já os grandes navegadores ibéricos seriam todos portugueses. De Espanha sairiam sobretudo conquistadores e é por isso que nós temos como heróis Bartolomeu Dias e Vasco da Gama e eles Hernán Cortés e Francisco Pizarro.
Esta supremacia portuguesa nos navegadores tornou-se-me evidente no dia em que visitei o Museu Marítimo de Hamburgo. Cidade portuária, o burgo alemão tem o mérito de perceber dos descobrimentos sem neles ter participado. Assim é imparcial a sua escolha dos sete grande navegadores de humanidade, com direito a busto na entrada do museu. Estão lá o viquingue Leif Erickson, o chinês Zheng He, o italiano Cristóvão Colombo, os portugueses Dias, Gama e Magalhães e o inglês James Cook. Nenhum espanhol, mesmo que Colombo, como Magalhães, tenha servido à coroa espanhola. Talvez lá pudesse estar Juan Sebastian Elcano, que substituiu Magalhães quando este foi morto nas Filipinas, mas então também Pedro Álvares Cabral ou os irmãos Corte-Real.
Foi um autor coevo espanhol que identificou Cabrilho como português. Seria transmontano. Mas a historiografia espanhola não desiste de o reivindicar, procurando até a ajuda de uma académica canadiana para tentar dar o sempre provado por agora não provado. Batalha quixotesca. Qualquer que seja o desfecho do debate nada de essencial se alterará: a presença ibérica nas Américas antecedeu a anglo-saxónica, as tripulações eram internacionais, e os portugueses foram durante dois séculos navegadores sem concorrência à altura. Fazem bem os luso-descendentes na Califórnia em ter Cabrilho por herói. O admirável é que os espanhóis e os mexicanos de San Diego se juntam à festa.
03 DE OUTUBRO DE 2016
00:03
Leonídio Paulo Ferreira
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