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Sem melhorar a distribuição da riqueza não haverá paz
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Sem melhorar a distribuição da riqueza não haverá paz
Entramos no ano novo sempre com a esperança de que ele seja melhor do que o anterior. Formulamos desejos concretos. Desejos para nós próprios, para a família, para o mundo inteiro. Todos querem o melhor, mas nada do que pode melhorar perdurará no tempo se não fizermos a mudança pela base.
O novo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, iniciou os seus trabalhos pedindo que façamos "da Paz a nossa prioridade", lembrando que "nas guerras não há vencedores, todos perdem". Perdem antes de mais os que, não fazendo a guerra, são vítimas dela. É claro, por isso, que essa tem de ser a nossa prioridade, é evidente que a guerra na Síria, o mais mortal dos conflitos atuais, tem de acabar rapidamente. Mas a guerra voltará, ali ou noutro qualquer lugar do mundo, se a paz não trouxer mais justiça.
É provável que o maior erro da globalização, que fez crescer a economia mundial, tenha sido o de não ter precavido que esse desenvolvimento económico, em zonas do globo mais pobres, fosse acompanhado por direitos sociais dos trabalhadores. Mas também é certo que não foi essa concorrência desleal a causa maior para a maior das injustiças com que se confronta a humanidade. Que sentido faz que metade da riqueza mundial esteja nas mãos de um por cento da população?
Os dados que conhecemos mostram que o fosso entre os mais ricos e os mais pobres se está a agravar e isso não acontece, apenas, à escala global, também acontece em muitos países do chamado primeiro mundo. Daqueles países que, não estando envolvidos directamente em nenhuma guerra, sofrem agora com a globalização do terrorismo.
A crise, que começou em 2008 e tarda em ir-se embora, pedia sociedades mais solidárias, mas o que trouxe foi um agravamento das desigualdades. Gente que fica para trás vota pelo brexit no Reino Unido ou em Donald Trump na América. Aceita Erdogan na Turquia, tolera Putin na Rússia e vota à direita em Israel. E tem este ano uma palavra a dizer nas eleições francesas e alemãs.
De pouco vale tentar perceber se o que nasce primeiro é o ovo ou a galinha. A história diz-nos que sociedades injustas geram eleitorados permeáveis a populismos, que elegem maus governos, que se mantêm no poder criando inimigos externos. A base deste fenómeno é sempre uma má distribuição da riqueza. A paz traz prosperidade mas é a justiça que evita regressos ao passado.
Lamentavelmente não é de esperar que 2017 traga a paz onde houve guerra em 2016. África e o Médio Oriente continuarão a ser um barril de pólvora sempre à espera de um novo conflito para determinar quem domina os barris de petróleo.
As lideranças de duas potências mundiais, Estados Unidos e Rússia, estão hoje entregues a dois populistas, a Europa dá sinais evidentes de se estar a perder pelo caminho, com o Reino Unido a sair, e as eleições na França e na Alemanha vão paralisar as instituições europeias. Este ano, nada de importante se decidirá no velho continente. Resta a China, que aguarda para saber que música vai tocar, mas que nunca aceitará que lhe barrem o caminho.
O que o mundo precisa é de facto de uma melhor distribuição da riqueza, que tem de passar igualmente por alteração dos padrões de consumo, que permita salvar o planeta ao mesmo tempo que se procura salvar a vida de milhões de pessoas a viver no meio da guerra. Mas assusta, quando se pensa que nada disto foi feito com Obama na Casa Branca, Merkel no auge da popularidade, os ingleses na União e os socialistas no Eliseu. Pode o mundo dar agora passos mais seguros a caminho de uma maior justiça? Há razões para duvidar que tal seja possível.
É evidente que é preciso recuperar, na esquerda e na direita tradicionais, o discurso de uma maior justiça social, assente numa economia de mercado com uma melhor distribuição da riqueza criada. Esta forma de fazer política tem de regressar em força ao Ocidente. Não podemos ficar reféns de uns megacapitalistas que querem tudo para eles.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
02 DE JANEIRO DE 2017
00:00
Paulo Baldaia
Diário de Notícias
O novo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, iniciou os seus trabalhos pedindo que façamos "da Paz a nossa prioridade", lembrando que "nas guerras não há vencedores, todos perdem". Perdem antes de mais os que, não fazendo a guerra, são vítimas dela. É claro, por isso, que essa tem de ser a nossa prioridade, é evidente que a guerra na Síria, o mais mortal dos conflitos atuais, tem de acabar rapidamente. Mas a guerra voltará, ali ou noutro qualquer lugar do mundo, se a paz não trouxer mais justiça.
É provável que o maior erro da globalização, que fez crescer a economia mundial, tenha sido o de não ter precavido que esse desenvolvimento económico, em zonas do globo mais pobres, fosse acompanhado por direitos sociais dos trabalhadores. Mas também é certo que não foi essa concorrência desleal a causa maior para a maior das injustiças com que se confronta a humanidade. Que sentido faz que metade da riqueza mundial esteja nas mãos de um por cento da população?
Os dados que conhecemos mostram que o fosso entre os mais ricos e os mais pobres se está a agravar e isso não acontece, apenas, à escala global, também acontece em muitos países do chamado primeiro mundo. Daqueles países que, não estando envolvidos directamente em nenhuma guerra, sofrem agora com a globalização do terrorismo.
A crise, que começou em 2008 e tarda em ir-se embora, pedia sociedades mais solidárias, mas o que trouxe foi um agravamento das desigualdades. Gente que fica para trás vota pelo brexit no Reino Unido ou em Donald Trump na América. Aceita Erdogan na Turquia, tolera Putin na Rússia e vota à direita em Israel. E tem este ano uma palavra a dizer nas eleições francesas e alemãs.
De pouco vale tentar perceber se o que nasce primeiro é o ovo ou a galinha. A história diz-nos que sociedades injustas geram eleitorados permeáveis a populismos, que elegem maus governos, que se mantêm no poder criando inimigos externos. A base deste fenómeno é sempre uma má distribuição da riqueza. A paz traz prosperidade mas é a justiça que evita regressos ao passado.
Lamentavelmente não é de esperar que 2017 traga a paz onde houve guerra em 2016. África e o Médio Oriente continuarão a ser um barril de pólvora sempre à espera de um novo conflito para determinar quem domina os barris de petróleo.
As lideranças de duas potências mundiais, Estados Unidos e Rússia, estão hoje entregues a dois populistas, a Europa dá sinais evidentes de se estar a perder pelo caminho, com o Reino Unido a sair, e as eleições na França e na Alemanha vão paralisar as instituições europeias. Este ano, nada de importante se decidirá no velho continente. Resta a China, que aguarda para saber que música vai tocar, mas que nunca aceitará que lhe barrem o caminho.
O que o mundo precisa é de facto de uma melhor distribuição da riqueza, que tem de passar igualmente por alteração dos padrões de consumo, que permita salvar o planeta ao mesmo tempo que se procura salvar a vida de milhões de pessoas a viver no meio da guerra. Mas assusta, quando se pensa que nada disto foi feito com Obama na Casa Branca, Merkel no auge da popularidade, os ingleses na União e os socialistas no Eliseu. Pode o mundo dar agora passos mais seguros a caminho de uma maior justiça? Há razões para duvidar que tal seja possível.
É evidente que é preciso recuperar, na esquerda e na direita tradicionais, o discurso de uma maior justiça social, assente numa economia de mercado com uma melhor distribuição da riqueza criada. Esta forma de fazer política tem de regressar em força ao Ocidente. Não podemos ficar reféns de uns megacapitalistas que querem tudo para eles.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
02 DE JANEIRO DE 2017
00:00
Paulo Baldaia
Diário de Notícias
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