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Paradoxos e ambiguidades!
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Paradoxos e ambiguidades!
Como as taxas de juro do sector privado estão ancoradas na dívida pública, o actual estado de coisas também não ajuda à competitividade das empresas portuguesas, inibindo-as de se financiar tão vantajosamente quanto as concorrentes europeias.
A FRASE...
"Dívida portuguesa teve um dos piores desempenhos do mundo em 2016."
Rui Barroso, Jornal de Negócios, 30 de Dezembro de 2016
A ANÁLISE...
Não obstante as notícias positivas sobre as contas externas, o emprego e o cumprimento da meta para o défice orçamental, as taxas de juro para Portugal mantêm-se altas. Paradoxal? Nem tanto. Talvez antes ambiguidades sobre o desempenho da economia!
No espaço de um ano o rendimento implícito das Obrigações do Tesouro Português a 10 anos aumentou mais de 125 pontos base (1,25 pontos percentuais), contrastando com a queda de 120 pontos na Grécia e de 50 na Alemanha e em Espanha. A evolução traduz o agravamento do risco de crédito, que se encontra próximo dos 3,75%, relativamente à Alemanha. Na Zona Euro, apenas Itália regista um comportamento semelhante, ainda que bem mais modesto: tem o prémio de risco pouco acima de 1,5%.
A divergência de comportamento entre os mercados financeiros e a economia real (i.e., as contas externas e o saldo orçamental) encontra justificação nas dinâmicas de longo prazo das variáveis económicas. As elevadas taxas de juro reflectem a precariedade dos equilíbrios alcançados. Sem alterações de fundo, têm sido os factores conjunturais - e.g., o turismo - a explicar o bom desempenho da produção, do emprego e das contas púbicas: isto é, a volatilidade, a que alguns chamam de nova normal.
Ameaças estruturais - como a elevada despesa pública corrente, a par com a reduzida margem para aumentar impostos - podem bem ser a explicação para o paradoxo aparente: um acontecimento estatístico extraordinário de sinal positivo. Não existindo garantia de sustentabilidade das contas públicas (e do Estado Social), as taxas de juro das OT as 10 anos reflectem simplesmente o risco de insuficiência de receitas a prazo.
Como as taxas de juro do sector privado estão ancoradas na dívida pública, o actual estado de coisas também não ajuda à competitividade das empresas portuguesas, inibindo-as de se financiar tão vantajosamente quanto as concorrentes europeias. Nesta nova normalidade de sinais ambíguos, uma coisa é certa, para elas as exigências de inovação e de produtividade pesam cada vez mais.
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
maovisivel@gmail.com
Álvaro Nascimento
02 de Janeiro de 2017 às 19:31
Negócios
A FRASE...
"Dívida portuguesa teve um dos piores desempenhos do mundo em 2016."
Rui Barroso, Jornal de Negócios, 30 de Dezembro de 2016
A ANÁLISE...
Não obstante as notícias positivas sobre as contas externas, o emprego e o cumprimento da meta para o défice orçamental, as taxas de juro para Portugal mantêm-se altas. Paradoxal? Nem tanto. Talvez antes ambiguidades sobre o desempenho da economia!
No espaço de um ano o rendimento implícito das Obrigações do Tesouro Português a 10 anos aumentou mais de 125 pontos base (1,25 pontos percentuais), contrastando com a queda de 120 pontos na Grécia e de 50 na Alemanha e em Espanha. A evolução traduz o agravamento do risco de crédito, que se encontra próximo dos 3,75%, relativamente à Alemanha. Na Zona Euro, apenas Itália regista um comportamento semelhante, ainda que bem mais modesto: tem o prémio de risco pouco acima de 1,5%.
A divergência de comportamento entre os mercados financeiros e a economia real (i.e., as contas externas e o saldo orçamental) encontra justificação nas dinâmicas de longo prazo das variáveis económicas. As elevadas taxas de juro reflectem a precariedade dos equilíbrios alcançados. Sem alterações de fundo, têm sido os factores conjunturais - e.g., o turismo - a explicar o bom desempenho da produção, do emprego e das contas púbicas: isto é, a volatilidade, a que alguns chamam de nova normal.
Ameaças estruturais - como a elevada despesa pública corrente, a par com a reduzida margem para aumentar impostos - podem bem ser a explicação para o paradoxo aparente: um acontecimento estatístico extraordinário de sinal positivo. Não existindo garantia de sustentabilidade das contas públicas (e do Estado Social), as taxas de juro das OT as 10 anos reflectem simplesmente o risco de insuficiência de receitas a prazo.
Como as taxas de juro do sector privado estão ancoradas na dívida pública, o actual estado de coisas também não ajuda à competitividade das empresas portuguesas, inibindo-as de se financiar tão vantajosamente quanto as concorrentes europeias. Nesta nova normalidade de sinais ambíguos, uma coisa é certa, para elas as exigências de inovação e de produtividade pesam cada vez mais.
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
maovisivel@gmail.com
Álvaro Nascimento
02 de Janeiro de 2017 às 19:31
Negócios
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