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Doença crónica
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Doença crónica
Mudou-se o regime político, mas não se reformulou o modelo de sociedade e não se alterou o modelo de desenvolvimento.
A FRASE...
"Por maior que seja o jeito e a esperteza, enquanto não houver investimento e crescimento tudo se manterá frágil e perigoso."
António Barreto, Diário de Notícias, 1 de Janeiro de 2017
A ANÁLISE...
O jeito e a esperteza dos responsáveis políticos são a explicação para a tortura a que são submetidos os portugueses há quatro décadas, com a eterna repetição das mesmas lamentações a propósito do investimento e crescimento que não existem. Uma doença crónica - e estes sintomas são tão recorrentes que acabam por ser a condição normal desta sociedade e desta economia - recomenda uma atenção permanente aos factores que estão na sua origem. Se as condições sociais e económicas são o que as sucessivas decisões políticas foram configurando, é na política que tem de ser procurada a origem desta doença crónica. Se a virtude da democracia é afastar os que fracassam sem ter de recorrer à violência, a doença crónica da democracia portuguesa manifesta-se na eterna reabilitação das mesmas propostas e dos mesmos protagonistas porque nada se provou contra eles: é nisto que está o seu jeito e a sua esperteza.
Na primeira década da democracia portuguesa, o tema do modelo de sociedade tinha uma posição de relevo no debate político. O pedido de adesão à Comunidade Europeia e a sua concretização em 1985 parecia ter resolvido essa questão e a disciplina da moeda única prometia a entrada num tempo novo de responsabilidade financeira. Foi uma ilusão. O modelo de sociedade do corporativismo proteccionista não foi alterado, como não foi corrigido o modelo de desenvolvimento, apesar de perdida a dimensão imperial com a descolonização e depois de integrados no Estado os centros de acumulação de capital que tinham financiado o investimento e o crescimento até 1975. Mudou-se o regime político, mas não se reformulou o modelo de sociedade e não se alterou o modelo de desenvolvimento.
O resultado não podia ser diferente do que é, e a doença continua crónica - mas os doentes julgam que estão saudáveis.
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
maovisivel@gmail.com
Joaquim Aguiar
02 de Janeiro de 2017 às 19:32
Negócios
A FRASE...
"Por maior que seja o jeito e a esperteza, enquanto não houver investimento e crescimento tudo se manterá frágil e perigoso."
António Barreto, Diário de Notícias, 1 de Janeiro de 2017
A ANÁLISE...
O jeito e a esperteza dos responsáveis políticos são a explicação para a tortura a que são submetidos os portugueses há quatro décadas, com a eterna repetição das mesmas lamentações a propósito do investimento e crescimento que não existem. Uma doença crónica - e estes sintomas são tão recorrentes que acabam por ser a condição normal desta sociedade e desta economia - recomenda uma atenção permanente aos factores que estão na sua origem. Se as condições sociais e económicas são o que as sucessivas decisões políticas foram configurando, é na política que tem de ser procurada a origem desta doença crónica. Se a virtude da democracia é afastar os que fracassam sem ter de recorrer à violência, a doença crónica da democracia portuguesa manifesta-se na eterna reabilitação das mesmas propostas e dos mesmos protagonistas porque nada se provou contra eles: é nisto que está o seu jeito e a sua esperteza.
Na primeira década da democracia portuguesa, o tema do modelo de sociedade tinha uma posição de relevo no debate político. O pedido de adesão à Comunidade Europeia e a sua concretização em 1985 parecia ter resolvido essa questão e a disciplina da moeda única prometia a entrada num tempo novo de responsabilidade financeira. Foi uma ilusão. O modelo de sociedade do corporativismo proteccionista não foi alterado, como não foi corrigido o modelo de desenvolvimento, apesar de perdida a dimensão imperial com a descolonização e depois de integrados no Estado os centros de acumulação de capital que tinham financiado o investimento e o crescimento até 1975. Mudou-se o regime político, mas não se reformulou o modelo de sociedade e não se alterou o modelo de desenvolvimento.
O resultado não podia ser diferente do que é, e a doença continua crónica - mas os doentes julgam que estão saudáveis.
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
maovisivel@gmail.com
Joaquim Aguiar
02 de Janeiro de 2017 às 19:32
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