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Tempos muito difíceis
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Tempos muito difíceis
Muitos não se aperceberam da importância de Mário Soares na intervenção a favor da Região
Nos últimos anos de governação de Marcelo Caetano, em especial, assistimos a um grande boicote a Portugal em muitos sectores e de um modo especial para a Madeira no sector do turismo. Os países nórdicos, Suécia, Dinamarca, Finlândia e Noruega decidiram não promover o turismo em qualquer parte de Portugal para pressionar a descolonização e a implantação da Democracia. A nossa hotelaria estava a passar por uma fase muito crítica, pela falta de hóspedes, que ajudassem a rentabilizar os seus investimentos. Aumentou o desemprego e a situação cada vez se complicava mais. Nada se podia fazer. O problema ultrapassava a própria Madeira, até que chega aquela madrugada fabulosa do 25 de Abril de 1974. Os militares acabam com a ditadura de Salazar e Caetano e prometem a independência das colónias. O povo madeirense alegrou-se e aderiu ao movimento, como se pode ver pelas comemorações do 1º de Maio, dia do trabalhador e não dia da cidade do Funchal, como era costume. Foram muitos milhares de madeirenses que desfilaram nessa memorável manifestação. Começamos a dar os nossos primeiros passos rumo à Liberdade, à Democracia e à Autonomia. Regressaram os exilados políticos, ao país, à Madeira, também, os partidos políticos organizaram-se e começaram a esclarecer as pessoas das suas ideologias.
Aí por Junho/Julho, houve alguém que ligado ao turismo nos chamou a atenção que talvez pudéssemos fazer alguma coisa pelo turismo na Madeira. Como Mário Soares tinha um óptimo relacionamento com os políticos desses países nórdicos e de outros países europeus, em especial da Suécia, que poderíamos pedir-lhe que contactasse com esse país para voltar a enviar turistas suecos para a Madeira. De imediato pusemo-nos em campo e contactamos o Secretário Geral do Partido Socialista, que de imediato se disponibilizou para dar uma ajudinha no turismo para a Madeira, uma vez que as razões do boicote já não existiam. Entretanto alguém ligado ao turismo, de imediato pede uma audiência a Mário Soares, dizendo-se socialista, que lhe passa uma recomendação para ficar como agente na Madeira e dirige-se para a Suécia, onde conseguiu o seu objectivo. Os aviões suecos voltaram à Madeira já no Inverno seguinte, cheios de turistas e curiosamente alguns governantes daquele país, quiseram dar o exemplo, dos quais salientamos: O Presidente do Parlamento Sueco, que não me recordo o nome, Pierre Shorie, chefe de gabinete de Olof Palm (primeiro ministro), Bent Carlson Secretário Geral da Internacional Socialista, mais tarde assassinado naquele avião que ia para os Estados Unidos e teve um ataque terrorista, em que morreram todos os passageiros, caindo os restos do aparelho e dos corpos na Escócia. Todos eles jantaram na minha casa, como maneira singela de mostrar a nossa gratidão pelo que fizeram pela Madeira. Seguiram outros países, nomeadamente a Alemanha que a partir daí passou a ter um grande peso no nosso turismo. Foi uma solidariedade política, que acabou por melhorar a nossa economia. Depois houve aquela medida tomada por Francisco Salgado Zenha, quando ministro das Finanças, que os portugueses não podiam sair de Portugal com mais de 7.500 escudos cada um. A Madeira encheu-se de continentais, porque para a Madeira e Açores podiam levar o dinheiro que quisessem, não havia limite, pois éramos e, felizmente continuamos a ser território nacional.
Penso que a maior parte das pessoas não se aperceberam da importância de Mário Soares e do Partido Socialista nesta sua intervenção a favor da nossa Região e a verdade é que daí para cá nunca mais parou o fluxo de suecos e alemães para a Madeira. Quando, no ano seguinte fui à Suécia num grupo de socialistas e fui recebido pelo próprio primeiro ministro, Olof Palm, aproveitei a oportunidade para agradecer este facto e também por continuarem a apoiar o Hospício de D. Amélia. Alías quando, depois disso, os reis da Suécia visitaram a Madeira, também visitaram naquela instituição de apoio social.
Em relação a Olof Palm, fiquei orgulhoso em lhe ter ensinado a ler em português uma mensagem que quis dirigir ao grupo de socialistas. Nós partimos na madrugada do dia 25 de Novembro de 1975 e soubemos, ainda no avião, que se estava a passar em Portugal, a regularização da democracia e das liberdades pelas quais se estava a bater Mário Soares, com a chefia do movimento das Forças Armadas pelo General Eanes, um ano mais tarde eleito Presidente da República.
DUARTE CALDEIRA FERREIRA / 18 JAN 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
Nos últimos anos de governação de Marcelo Caetano, em especial, assistimos a um grande boicote a Portugal em muitos sectores e de um modo especial para a Madeira no sector do turismo. Os países nórdicos, Suécia, Dinamarca, Finlândia e Noruega decidiram não promover o turismo em qualquer parte de Portugal para pressionar a descolonização e a implantação da Democracia. A nossa hotelaria estava a passar por uma fase muito crítica, pela falta de hóspedes, que ajudassem a rentabilizar os seus investimentos. Aumentou o desemprego e a situação cada vez se complicava mais. Nada se podia fazer. O problema ultrapassava a própria Madeira, até que chega aquela madrugada fabulosa do 25 de Abril de 1974. Os militares acabam com a ditadura de Salazar e Caetano e prometem a independência das colónias. O povo madeirense alegrou-se e aderiu ao movimento, como se pode ver pelas comemorações do 1º de Maio, dia do trabalhador e não dia da cidade do Funchal, como era costume. Foram muitos milhares de madeirenses que desfilaram nessa memorável manifestação. Começamos a dar os nossos primeiros passos rumo à Liberdade, à Democracia e à Autonomia. Regressaram os exilados políticos, ao país, à Madeira, também, os partidos políticos organizaram-se e começaram a esclarecer as pessoas das suas ideologias.
Aí por Junho/Julho, houve alguém que ligado ao turismo nos chamou a atenção que talvez pudéssemos fazer alguma coisa pelo turismo na Madeira. Como Mário Soares tinha um óptimo relacionamento com os políticos desses países nórdicos e de outros países europeus, em especial da Suécia, que poderíamos pedir-lhe que contactasse com esse país para voltar a enviar turistas suecos para a Madeira. De imediato pusemo-nos em campo e contactamos o Secretário Geral do Partido Socialista, que de imediato se disponibilizou para dar uma ajudinha no turismo para a Madeira, uma vez que as razões do boicote já não existiam. Entretanto alguém ligado ao turismo, de imediato pede uma audiência a Mário Soares, dizendo-se socialista, que lhe passa uma recomendação para ficar como agente na Madeira e dirige-se para a Suécia, onde conseguiu o seu objectivo. Os aviões suecos voltaram à Madeira já no Inverno seguinte, cheios de turistas e curiosamente alguns governantes daquele país, quiseram dar o exemplo, dos quais salientamos: O Presidente do Parlamento Sueco, que não me recordo o nome, Pierre Shorie, chefe de gabinete de Olof Palm (primeiro ministro), Bent Carlson Secretário Geral da Internacional Socialista, mais tarde assassinado naquele avião que ia para os Estados Unidos e teve um ataque terrorista, em que morreram todos os passageiros, caindo os restos do aparelho e dos corpos na Escócia. Todos eles jantaram na minha casa, como maneira singela de mostrar a nossa gratidão pelo que fizeram pela Madeira. Seguiram outros países, nomeadamente a Alemanha que a partir daí passou a ter um grande peso no nosso turismo. Foi uma solidariedade política, que acabou por melhorar a nossa economia. Depois houve aquela medida tomada por Francisco Salgado Zenha, quando ministro das Finanças, que os portugueses não podiam sair de Portugal com mais de 7.500 escudos cada um. A Madeira encheu-se de continentais, porque para a Madeira e Açores podiam levar o dinheiro que quisessem, não havia limite, pois éramos e, felizmente continuamos a ser território nacional.
Penso que a maior parte das pessoas não se aperceberam da importância de Mário Soares e do Partido Socialista nesta sua intervenção a favor da nossa Região e a verdade é que daí para cá nunca mais parou o fluxo de suecos e alemães para a Madeira. Quando, no ano seguinte fui à Suécia num grupo de socialistas e fui recebido pelo próprio primeiro ministro, Olof Palm, aproveitei a oportunidade para agradecer este facto e também por continuarem a apoiar o Hospício de D. Amélia. Alías quando, depois disso, os reis da Suécia visitaram a Madeira, também visitaram naquela instituição de apoio social.
Em relação a Olof Palm, fiquei orgulhoso em lhe ter ensinado a ler em português uma mensagem que quis dirigir ao grupo de socialistas. Nós partimos na madrugada do dia 25 de Novembro de 1975 e soubemos, ainda no avião, que se estava a passar em Portugal, a regularização da democracia e das liberdades pelas quais se estava a bater Mário Soares, com a chefia do movimento das Forças Armadas pelo General Eanes, um ano mais tarde eleito Presidente da República.
DUARTE CALDEIRA FERREIRA / 18 JAN 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
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