Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 46 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 46 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Poeira para os olhos
Página 1 de 1
Poeira para os olhos
Um dos temas a que volto recorrentemente nestas minhas crónicas do JN é a polémica gerada à volta da centralização do país. Em boa verdade, as palavras mais usadas são regionalização e descentralização, porque não é a centralização que discuto, mas sim contra a centralização que sempre arremeto. Em boa verdade, também, a culpa não é minha, é do país, ou dos políticos que temos, ou do povo que somos, porque estamos sempre a virar o disco e a tocar o mesmo. Que é como quem diz, volta não volta, estamos a queixar-nos do centralismo, da falta de transparência, das decisões do Governo, da opacidade das instituições sediadas em Lisboa, da má divisão e distribuição dos recursos disponíveis e depois nada fazemos, ou nada ajudamos a fazer, para que o caso mude de figura. Mas é engraçado, porque aquilo que tem acontecido com mais frequência é vermos os políticos a mudarem de opinião e de convicções ao sabor da mudança de cargos e responsabilidades que vão tendo. O mais conhecido de todos e que é o grande exemplo que eu sempre dou quando quero ilustrar este tema, é o caso do ex- presidente da Câmara do Porto Rui Rio. Gosto especialmente deste exemplo porque se trata de uma conversão que reputo absolutamente genuína, de alguém que via o país a partir de Lisboa, pintado com outras cores e que depois, como presidente da Câmara do Porto, sentiu na pele os espinhos da centralização, que continua a querer que Portugal seja Lisboa e o resto não passe de paisagem. Outros convertidos soam-me bem pior, soam-me a falso, parecem-me cristãos-novos, com o duplo defeito de que continuam a não ser cristãos e já não são novos. Estas aves de rapina pertencem àquele grupo de plumitivos que quando lhes apetece mudam de discurso, sem serem capazes de mudar de ideias e vão usando o termo descentralização para fingir que até defendem um modelo administrativo que aproxime mais as decisões que afetam o povo, do povo que é afetado por elas.
Seria no entanto injusto se não reconhecesse que há alguma gente séria que defende e usa a descentralização, verdadeiramente convencida de que alguma coisa mudará se for possível mudar, na sequência das mudanças que o termo batiza. Mesmo assim, porque há muita gente séria que acaba por cair na tentação e nos enganos que os adeptos do centralismo estão sempre prontos a criar, convém que cada medida ou projeto ditos descentralizadores seja escrutinado com algum rigor. Nos últimos tempos, voltou a estar na ordem do dia a ideia da eleição dos presidentes das comissões de Coordenação Regional. A mim bastou-me ver a evolução que o assunto foi levando, desde que foi apresentado até à última solução conhecida (a da eleição pelos autarcas da região) para perceber que estávamos de facto a falar de uma descentralização pífia, que mais não seria do que uma vitória de Pirro para os defensores da verdadeira descentralização. Mas muito pior e mais importante do que esta minha opinião foi ter lido ontem uma opinião arrasadora, que diz por palavras, erros e omissões o que eu nunca diria desta falácia, pelo menos com tanta legitimidade. Quem exemplificou tintim por tintim a infantilidade desta medida e cravou uma facada decisiva no seu intuito descentralizador foi o eng.º Almeida Henriques, atual presidente da Câmara de Viseu, e ex-membro do Governo do primeiro Executivo liderado por Passos Coelho. Um pouco à semelhança de Rui Rio, Almeida Henriques já foi senhor nos dois mundos e agora que está do nosso lado, do lado do povo oprimido pela centralização, ninguém poderá saber melhor do que ele como é que nos querem deitar uma vez mais poeira para os olhos.
* EMPRESÁRIO
Manuel Serrão *
Hoje às 00:05, atualizado às 08:42
Jornal de Notícias
Seria no entanto injusto se não reconhecesse que há alguma gente séria que defende e usa a descentralização, verdadeiramente convencida de que alguma coisa mudará se for possível mudar, na sequência das mudanças que o termo batiza. Mesmo assim, porque há muita gente séria que acaba por cair na tentação e nos enganos que os adeptos do centralismo estão sempre prontos a criar, convém que cada medida ou projeto ditos descentralizadores seja escrutinado com algum rigor. Nos últimos tempos, voltou a estar na ordem do dia a ideia da eleição dos presidentes das comissões de Coordenação Regional. A mim bastou-me ver a evolução que o assunto foi levando, desde que foi apresentado até à última solução conhecida (a da eleição pelos autarcas da região) para perceber que estávamos de facto a falar de uma descentralização pífia, que mais não seria do que uma vitória de Pirro para os defensores da verdadeira descentralização. Mas muito pior e mais importante do que esta minha opinião foi ter lido ontem uma opinião arrasadora, que diz por palavras, erros e omissões o que eu nunca diria desta falácia, pelo menos com tanta legitimidade. Quem exemplificou tintim por tintim a infantilidade desta medida e cravou uma facada decisiva no seu intuito descentralizador foi o eng.º Almeida Henriques, atual presidente da Câmara de Viseu, e ex-membro do Governo do primeiro Executivo liderado por Passos Coelho. Um pouco à semelhança de Rui Rio, Almeida Henriques já foi senhor nos dois mundos e agora que está do nosso lado, do lado do povo oprimido pela centralização, ninguém poderá saber melhor do que ele como é que nos querem deitar uma vez mais poeira para os olhos.
* EMPRESÁRIO
Manuel Serrão *
Hoje às 00:05, atualizado às 08:42
Jornal de Notícias
Tópicos semelhantes
» Chega de nos atirarem poeira para os olhos
» Chineses procuram tecnologias para medir a qualidade do ar em tempo real "Na China, a contaminação deve-se às fábricas que utilizam carvão, à poeira dos locais de construção e à circulação automóvel."
» De olhos bem abertos
» Chineses procuram tecnologias para medir a qualidade do ar em tempo real "Na China, a contaminação deve-se às fábricas que utilizam carvão, à poeira dos locais de construção e à circulação automóvel."
» De olhos bem abertos
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
|
|
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin