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Por um mundo melhor (homens, empregos e máquinas)
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Por um mundo melhor (homens, empregos e máquinas)
O desafio é claro. O atual modelo de organização global da sociedade é desigual, injusto, agressivo para o planeta e insatisfatório para a maioria dos seus habitantes
Os empregos já não são aquilo que foram. As máquinas, também não. Na relação entre automação e emprego não existem remendos ou ajustamentos viáveis que garantam o statu quo. A mudança estrutural é imparável. As máquinas, cada vez mais potentes e inteligentes, destruirão a base do modelo de organização social dos nossos dias e, com ela, milhões de empregos tradicionais.
A sociedade tem de se interrogar sobre o que fazer e como reagir. Reeditar um ludismo (movimento operário contra a mecanização do trabalho espoletado no início do século xix, em Inglaterra) de nova geração ou enterrar a cabeça na areia não são soluções. Aproveitar a oportunidade para fazer emergir um mundo melhor parece-me a opção mais sensata.
Pensar num mundo melhor traz-me à memória os versos sábios de António Aleixo – “Vós que lá do vosso império/ proclamais um mundo novo/ calai-vos que pode o povo/ querer um mundo novo a sério” –, mas mesmo com esta memória presente, não me calo, porque se há desejo que perfilho é que o povo exija e consiga um mundo melhor a sério.
Como escreveu António Gedeão na “Pedra Filosofal”, é o sonho que comanda a vida. O passado é histórico, o presente é caótico e o futuro é utópico, escrevi eu mesmo num ensaio publicado para dar as boas-vindas ao novo milénio (“Ordem, Caos e Utopia. Contributos para a História do Século xxi”, Presença, 2000). Já todos vivemos o suficiente para vermos muitos impossíveis tornarem-se realidade.
De há muito que estudo o impacto das tecnologias da informação e da comunicação na sociedade. Desenvolvi a minha vida académica, científica e política com fortes ligações a esse domínio do conhecimento e da ação. Tive muitos e bons mestres que sempre me motivaram a olhar em frente e explorar o desconhecido.
O que desejamos é uma projeção do que vivemos e sabemos. Recordo-me do meu professor de Sistemas de Informação, um grande mestre que, no início dos anos 80 do século passado me dizia que as bases de dados matriciais eram um objetivo a concretizar, e as relacionais, quando muito, seriam usadas em pequenos projetos científicos de ponta. Era a ambição possível naquele momento.
Eu próprio, ainda há uma década, afirmava convictamente em aulas, conferências ou tertúlias de amigos que as máquinas jamais poderiam substituir o homem em tarefas não estritamente racionais e mecânicas, porque não era possível programar emoções.
Programar emoções no sentido literal continua a não ser possível, mas embeber emoções por analogia nas máquinas e reforçar esse “saber” adquirido com doses de memória inacessíveis para os humanos é o que permite que os computadores consigam vencer jogos de estratégia tão elaborados como o “Go” e comunicarem sem emoções tendo “competências emocionais”.
O desafio é claro. O atual modelo de organização global da sociedade é desigual, injusto, agressivo para o planeta e insatisfatório para a maioria dos seus habitantes. A automação inteligente vem recomeçar tudo. Se é assim, aproveitemos para moldar um mundo melhor, mais justo e que dê mais sentido à nossa existência.
01/02/2017
Carlos Zorrinho
Jornal i
Os empregos já não são aquilo que foram. As máquinas, também não. Na relação entre automação e emprego não existem remendos ou ajustamentos viáveis que garantam o statu quo. A mudança estrutural é imparável. As máquinas, cada vez mais potentes e inteligentes, destruirão a base do modelo de organização social dos nossos dias e, com ela, milhões de empregos tradicionais.
A sociedade tem de se interrogar sobre o que fazer e como reagir. Reeditar um ludismo (movimento operário contra a mecanização do trabalho espoletado no início do século xix, em Inglaterra) de nova geração ou enterrar a cabeça na areia não são soluções. Aproveitar a oportunidade para fazer emergir um mundo melhor parece-me a opção mais sensata.
Pensar num mundo melhor traz-me à memória os versos sábios de António Aleixo – “Vós que lá do vosso império/ proclamais um mundo novo/ calai-vos que pode o povo/ querer um mundo novo a sério” –, mas mesmo com esta memória presente, não me calo, porque se há desejo que perfilho é que o povo exija e consiga um mundo melhor a sério.
Como escreveu António Gedeão na “Pedra Filosofal”, é o sonho que comanda a vida. O passado é histórico, o presente é caótico e o futuro é utópico, escrevi eu mesmo num ensaio publicado para dar as boas-vindas ao novo milénio (“Ordem, Caos e Utopia. Contributos para a História do Século xxi”, Presença, 2000). Já todos vivemos o suficiente para vermos muitos impossíveis tornarem-se realidade.
De há muito que estudo o impacto das tecnologias da informação e da comunicação na sociedade. Desenvolvi a minha vida académica, científica e política com fortes ligações a esse domínio do conhecimento e da ação. Tive muitos e bons mestres que sempre me motivaram a olhar em frente e explorar o desconhecido.
O que desejamos é uma projeção do que vivemos e sabemos. Recordo-me do meu professor de Sistemas de Informação, um grande mestre que, no início dos anos 80 do século passado me dizia que as bases de dados matriciais eram um objetivo a concretizar, e as relacionais, quando muito, seriam usadas em pequenos projetos científicos de ponta. Era a ambição possível naquele momento.
Eu próprio, ainda há uma década, afirmava convictamente em aulas, conferências ou tertúlias de amigos que as máquinas jamais poderiam substituir o homem em tarefas não estritamente racionais e mecânicas, porque não era possível programar emoções.
Programar emoções no sentido literal continua a não ser possível, mas embeber emoções por analogia nas máquinas e reforçar esse “saber” adquirido com doses de memória inacessíveis para os humanos é o que permite que os computadores consigam vencer jogos de estratégia tão elaborados como o “Go” e comunicarem sem emoções tendo “competências emocionais”.
O desafio é claro. O atual modelo de organização global da sociedade é desigual, injusto, agressivo para o planeta e insatisfatório para a maioria dos seus habitantes. A automação inteligente vem recomeçar tudo. Se é assim, aproveitemos para moldar um mundo melhor, mais justo e que dê mais sentido à nossa existência.
01/02/2017
Carlos Zorrinho
Jornal i
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