Contentores no porto de Sines vão crescer mais 5% este ano

O porto de Sines bateu novos recordes de movimentação de mercadorias no ano passado, mas promete voltar a crescer no presente ano. Na primeira entrevista concedida desde que está à frente do porto alentejano, José Luís Cacho revela ao Jornal Económico que “o negócio dos contentores no porto de Sines vai voltar a crescer em 2017”.

“A nossa perspetiva de crescimento da carga contentorizada para este ano é de cerca de 5%”, revela José Luís Cacho, presidente da APS – Administração dos Portos de Sines e do Algarve. Recorde-se que no final do ano passado, o terminal de contentores do porto de Sines, designado Terminal XXI e gerido pela PSA, de Singapura, atingiu um montante histórico de 1.513.083 TEU (medida-padrão equivalente a contentores com 20 pés de comprimento), o que representou uma subida de 13,6% face ao exercício precedente. Se se confirmarem estas previsões do presidente da APS, a movimentação de contentores no porto de Sines este ano deverá aproximar-se de 1,6 milhões de TEU.

Mas José Luís Cacho promete uma subida ainda mais significativa nesta componente de carga do porto de Sines para o próximo ano: “temos a perspetiva de conseguir um crescimento mais acentuado da carga contentorizada em 2018 e anos seguintes”. O presidente da APS adianta que a PSA tem conseguido negociar novas linhas e novos armadores internacionais para escalar o porto de Sines, mas escusou-se a revelar os nomes dos mesmos.

“Há novas linhas e novos armadores negociados e programados para escalar o porto de Sines. Os novos pontos de destino são cada vez mais dominados pelos portos do Pacífico, uma vez que se começa já a sentir o efeito do alargamento do Canal do Panamá”, explica José Luís Cacho.

O crescimento do porto de Sines na carga contentorizada tem sido exponencial e consistente nos últimos anos. Em 2004, quando ocorreu a primeira movimentação de contentores com alguma expressão no porto alentejano, atingiram-se cerca de 250 mil TEU. Doze anos depois, o porto de Sines  movimenta 78 vezes mais, integra o ‘top 100’ mundial e é o terceiro ibérico neste segmento.

Além da APS e da PSA, outro responsável por este crescimento é a MSC Portugal, integrado no segundo maior armador mundial, do mesmo nome. Em seis anos, a MSC duplicou o número de navios a escalarem portos nacionais, tendo passado de 467 para 934 escalas, com destaque para o porto de Sines.

Quanto às restantes componentes de carga no porto de Sines, as expetativas para o presente ano também são positivas, mas são menos consistentes no segmento de granéis líquidos (combustíveis) e de granéis sólidos (carvão, por exemplo).

“Este tipo de cargas tem tido altos e baixos, muitas vezes em função de questões aleatórias. Passa-se isso com o crude, para a refinaria da Galp, em função do mercado internacional, ou com o carvão para a central da EDP”, esclarece o presidente da APS.

Sobre estas componentes de carga, José Luís Cacho prevê que seja difícil atingir em 2017, o volume de carga movimentado no ano passado. “Os volumes que atingimos em 2016 vão ser menores este ano, porque a monoboia da refinaria da Galp em Matosinhos esteve em manutenção o ano passado, o que desviou carga do porto de Leixões para aqui. Mas este ano, a monoboia já está operacional”, alerta o presidente do porto de Sines


Nuno Miguel Silva
 09:45
Jornal Económico