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Mensagem por Admin Seg Fev 06, 2017 11:45 am

Nos últimos dias, os deputados britânicos têm vindo a debater se devem deixar um lugar a que há muito chamam casa sem saber quais serão as suas futuras condições de vida.

Não, não é o brexit, mas o problema igualmente intrincado do desmoronamento do Palácio de Westminster - o edifício do Parlamento - cuja infraestrutura se deteriorou até um grau perigoso.

Partes do complexo remontam ao século XI, mas o principal problema está nas redes de canalizações e eletricidade dos séculos XIX e XX. As autoridades alertam para possíveis "catástrofes", como inundações ou incêndios, porque esses canos, fios e acessórios já não são adequados para o fim que servem.

Juntamente com os trabalhos de restauro da pedra, remover o amianto, e reparar ou substituir milhares de janelas e telhas danificadas, pôr as coisas em condições pode custar cerca de 4,6 mil milhões de euros.

Uma comissão especial de deputados e lords recomendou no ano passado que ambas as câmaras saíssem do edifício durante as obras que poderão chegar aos oito anos de duração. (Alguns observadores especularam que o Parlamento poderia reunir-se em Manchester ou mesmo percorrer o país.) Houve resistência a esta ideia sem precedentes, mas os especialistas argumentam que manter mesmo que seja uma parte do edifício em uso poderia inflacionar ainda mais os custos. Na semana passada, no entanto, uma comissão de deputados mais poderosa que supervisiona as finanças públicas pôs os planos de obras em banho--maria, pedindo mais estudos. Por enquanto, as preocupações com os custos parecem estar a sobrepor-se às preocupações com a segurança.

No entanto, de acordo com uma reportagem recente do jornal The Observer, o edifício só permanece legalmente aberto graças a patrulhas de segurança contra incêndios durante as 24 horas do dia, por todo o seu labirinto de salas e túneis, que custam milhões de libras por ano.

Entretanto, a vida parlamentar continua ao ritmo de sempre.

O debate desta semana sobre o brexit terminou como se esperava, com uma esmagadora maioria a votar a favor do projeto de lei do governo conservador para desencadear o artigo 50.º do Tratado de Lisboa, iniciando assim formalmente o processo de saída da UE. Embora a maioria dos parlamentares nunca tenha querido que o Reino Unido saísse da União, poucos estavam agora dispostos a ignorar o resultado do referendo.

Mas quem disser que sabe como se irá desenrolar o processo do brexit ou é ignorante ou está a mentir.

O artigo 50.º estabelece que o processo de saída deve ser concluído no período de dois anos, mas, na verdade, este pode ser prorrogado se ambas as partes concordarem. O embaixador do Reino Unido na UE, Sir Ivan Rogers, advertiu em privado o governo, no mês passado, de que as negociações poderiam levar uma década (e apresentou a sua demissão quando isso foi divulgado à imprensa).

Após o veredito do Supremo Tribunal sobre o assunto no mês passado, o governo promete agora ao Parlamento uma "série" de votações sobre o processo do brexit, terminando com uma em que os deputados serão convidados a aceitar ou a rejeitar um acordo final com a UE.

The Independent escreveu nesta semana que isso "abrirá claramente o potencial para o impasse" no Parlamento. Os liberais democratas pró--UE congratularam-se com a oportunidade de votar num acordo final, mesmo dizendo que o governo admitiu efetivamente que o artigo 50.º pode ser revogado, Mas no país os ativistas da campanha pela saída advertem que os parlamentares "traem" o resultado do referendo.

De volta ao Palácio de Westminster, alguns deputados argumentam que sair desse símbolo emblemático da democracia parlamentar do país num momento tão crítico da sua história não faz sentido. Por outro lado, o momento pode ser interessante. Se as negociações do brexit se prolongarem por anos e forem tão complicadas como muitos observadores esperam, e as questões internacionais se tornarem ainda mais turbulentas do que estão agora, então é no mínimo possível que o Reino Unido nunca chegue a sair, ou volte a entrar pouco tempo depois disso.

Até mesmo o jornal mais ferozmente eurocético do país, o Daily Mail, citou recentemente altos funcionários da UE dizendo que o Reino Unido poderia ser rapidamente readmitido na UE se se recandidatasse.

Se os planos para reformar o edifício do Parlamento forem por diante como originalmente planeado, os deputados podem acabar fora do Palácio de Westminster durante quase uma década. Mas quando finalmente voltarem a casa, terá entretanto o próprio país saído ou talvez voltado a entrar?

Jornalista freelance

06 DE FEVEREIRO DE 2017
00:01
Alison Roberts
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