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A Lisboa das ciclovias
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A Lisboa das ciclovias
Em "Os Maias" de Eça de Queiroz, João da Ega é radical: "Lisboa é Portugal (…) Fora de Lisboa não há nada. O país está todo entre a Arcada e S. Bento!" Não está, mas Lisboa sempre abafou tudo à volta.
No tempo de Eça, a Lisboa onde estava concentrado o poder da política, da economia e da cultura, movia-se nas mesmas ruas. Chocavam uns com os outros e nem sempre saltava faísca. Nesse tempo, os cidadãos moravam no Rossio e no centro da cidade. Mais de um século depois tudo se transformou. Os turistas ocupam Lisboa. Os lisboetas tornaram-se um incómodo para quem define esta nova cidade. O turismo é, claro, um dos eixos fundamentais da nossa economia. Dá vida a uma cidade, oxigena as suas potencialidades. Mas está a cometer-se um erro: ao querer transformar-se Lisboa num postal ilustrado sedutor para os visitantes destrói-se a alma da cidade. Sem aquilo que a torna diferente de outras cidades, tornar-se-á um centro comercial. Igual a todos os outros.
A CML de Fernando Medina parece achar que o turismo justifica tudo. É muito bonito ter ciclovias por todo o lado, mas as que existem entre o Marquês de Pombal e Entrecampos são dispensáveis: chocam contra paragens de autocarros ou passam entre o local onde estes param e aquele onde estão os passageiros. É muito bonito para quem não tem de apanhar transportes públicos e anda a pé. Para os lisboetas é um pavor. A questão não é haver mais bicicletas em Lisboa: são bem-vindas. O problema é tudo isso ser pensado em termos de imagem turística. Isto num momento em que os preços da habitação em Lisboa só são simpáticos para estrangeiros. E em que viver em Lisboa não é comportável para os cidadãos portugueses comuns. Uma cidade modelada em termos de interesses que não são os dos seus cidadãos acaba sempre por implodir. Mas essa não parece ser a preocupação de Fernando Medina. Lisboa continua sem ter direito a uma visão criativa que a transforme naquilo que deve ser: uma cidade cosmopolita mas agradável para viver, trabalhar e passear. Moderna, mas também típica.
Grande repórter
Fernando Sobral | fsobral@negocios.pt
08 de Fevereiro de 2017 às 19:25
Negócios
No tempo de Eça, a Lisboa onde estava concentrado o poder da política, da economia e da cultura, movia-se nas mesmas ruas. Chocavam uns com os outros e nem sempre saltava faísca. Nesse tempo, os cidadãos moravam no Rossio e no centro da cidade. Mais de um século depois tudo se transformou. Os turistas ocupam Lisboa. Os lisboetas tornaram-se um incómodo para quem define esta nova cidade. O turismo é, claro, um dos eixos fundamentais da nossa economia. Dá vida a uma cidade, oxigena as suas potencialidades. Mas está a cometer-se um erro: ao querer transformar-se Lisboa num postal ilustrado sedutor para os visitantes destrói-se a alma da cidade. Sem aquilo que a torna diferente de outras cidades, tornar-se-á um centro comercial. Igual a todos os outros.
A CML de Fernando Medina parece achar que o turismo justifica tudo. É muito bonito ter ciclovias por todo o lado, mas as que existem entre o Marquês de Pombal e Entrecampos são dispensáveis: chocam contra paragens de autocarros ou passam entre o local onde estes param e aquele onde estão os passageiros. É muito bonito para quem não tem de apanhar transportes públicos e anda a pé. Para os lisboetas é um pavor. A questão não é haver mais bicicletas em Lisboa: são bem-vindas. O problema é tudo isso ser pensado em termos de imagem turística. Isto num momento em que os preços da habitação em Lisboa só são simpáticos para estrangeiros. E em que viver em Lisboa não é comportável para os cidadãos portugueses comuns. Uma cidade modelada em termos de interesses que não são os dos seus cidadãos acaba sempre por implodir. Mas essa não parece ser a preocupação de Fernando Medina. Lisboa continua sem ter direito a uma visão criativa que a transforme naquilo que deve ser: uma cidade cosmopolita mas agradável para viver, trabalhar e passear. Moderna, mas também típica.
Grande repórter
Fernando Sobral | fsobral@negocios.pt
08 de Fevereiro de 2017 às 19:25
Negócios
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