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Os hábitos da alta performance
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Os hábitos da alta performance
Os mais geniais evitam demasiada especialização, mantendo-se interessados e trabalhando em áreas variadas. Muita especialização correlaciona com menos criatividade.
"O que tem talento atinge um alvo que ninguém consegue atingir. O que é genial atinge um alvo que ninguém consegue ver", comentou Arthur Schopenhauer, filósofo alemão, no século XIX. Não é fácil, nem uma coisa nem outra. Mas os comportamentos dos mais talentosos têm traços comuns, refere Eric Weiner na obra recém-publicada "The Geography of Genius: A Search for the World's Most Creative Places".
Primeiro, e ao contrário do que possa parecer, os mais geniais evitam demasiada especialização, mantendo-se interessados e trabalhando em áreas variadas. Muita especialização correlaciona com menos criatividade.
Segundo aspecto, os mais talentosos não têm apenas melhores ideias do que os outros. Têm melhores e piores ideias; têm sobretudo muito mais ideias do que o comum dos mortais. E têm também uma boa capacidade de discernimento, de perceber cedo se a ideia tem pés para andar. Neste aspecto, viver e trabalhar num ambiente inovador, onde a comunicação é fácil e a criatividade é incentivada, faz a diferença; funciona como uma lupa que capta, amplia e escolhe as melhores ideias.
Terceiro ponto, e traço importante dos hábitos dos mais geniais, ir dar uma volta, passear. Trabalhar rodeado de outras pessoas também é habitual; com algum barulho de fundo - o chamado efeito Starbucks, que parece ser bom para ter ideias. Einstein, ao que se diz, escreveu partes importantes da sua teoria da relatividade na mesa da cozinha.
E finalmente, a tensão, o desequilíbrio, a competição, são aspectos importantes para o alto desempenho. É elucidativo que uma quantidade desproporcional de pessoas consideradas geniais sejam imigrantes ou refugiados. O risco, a mudança e a genialidade tendem a andar juntos. Metade das start-ups criadas em Silicon Valley, na Califórnia, tem pelo menos um dos fundadores nascido fora dos Estados Unidos, refere Adam Grant, da Universidade da Pensilvânia, na obra "Originals: How Non-Conformists Move the World".
Característico dos hábitos dos mais talentosos, de Darwin, Einstein, Picasso, Van Gogh a Woody Allen, Andy Warhol, Agatha Christie, Serena Williams ou Ronaldo, já se sabe, é o trabalho. A investigação confirma: o trabalho dedicado, focado em melhorar, faz parte do pacote do sucesso; não há desvios.
Quanto ao dia-a-dia, a maioria dos profissionais excepcionais trabalha mais de manhã do que à tarde ou à noite, diz Mason Currey na obra "Daily Rituals". Há génios nocturnos, mas a maioria começa de manhã e em força. Muitos trabalham por objectivos. Mas há também quem esteja sempre a trabalhar, tirando apenas tempo para a alimentação e para a higiene diária; mas não a maioria. A maioria faz intervalos, de alguns minutos a algumas horas, e passeia ou conversa ao fim da tarde. São vários os geniais, de Einstein a Darwin ou Nietzsche e outros, para quem andar era a altura das melhores ideias. Disse um dia Nietzsche: "Passeava ao pé do lago… olhei para uma grande pedra e estava lá… o Zaratustra."
Professor na Universidade Católica Portuguesa
Fernando Ilharco
09 de Fevereiro de 2017 às 20:09
Notícias
"O que tem talento atinge um alvo que ninguém consegue atingir. O que é genial atinge um alvo que ninguém consegue ver", comentou Arthur Schopenhauer, filósofo alemão, no século XIX. Não é fácil, nem uma coisa nem outra. Mas os comportamentos dos mais talentosos têm traços comuns, refere Eric Weiner na obra recém-publicada "The Geography of Genius: A Search for the World's Most Creative Places".
Primeiro, e ao contrário do que possa parecer, os mais geniais evitam demasiada especialização, mantendo-se interessados e trabalhando em áreas variadas. Muita especialização correlaciona com menos criatividade.
Segundo aspecto, os mais talentosos não têm apenas melhores ideias do que os outros. Têm melhores e piores ideias; têm sobretudo muito mais ideias do que o comum dos mortais. E têm também uma boa capacidade de discernimento, de perceber cedo se a ideia tem pés para andar. Neste aspecto, viver e trabalhar num ambiente inovador, onde a comunicação é fácil e a criatividade é incentivada, faz a diferença; funciona como uma lupa que capta, amplia e escolhe as melhores ideias.
Terceiro ponto, e traço importante dos hábitos dos mais geniais, ir dar uma volta, passear. Trabalhar rodeado de outras pessoas também é habitual; com algum barulho de fundo - o chamado efeito Starbucks, que parece ser bom para ter ideias. Einstein, ao que se diz, escreveu partes importantes da sua teoria da relatividade na mesa da cozinha.
E finalmente, a tensão, o desequilíbrio, a competição, são aspectos importantes para o alto desempenho. É elucidativo que uma quantidade desproporcional de pessoas consideradas geniais sejam imigrantes ou refugiados. O risco, a mudança e a genialidade tendem a andar juntos. Metade das start-ups criadas em Silicon Valley, na Califórnia, tem pelo menos um dos fundadores nascido fora dos Estados Unidos, refere Adam Grant, da Universidade da Pensilvânia, na obra "Originals: How Non-Conformists Move the World".
Característico dos hábitos dos mais talentosos, de Darwin, Einstein, Picasso, Van Gogh a Woody Allen, Andy Warhol, Agatha Christie, Serena Williams ou Ronaldo, já se sabe, é o trabalho. A investigação confirma: o trabalho dedicado, focado em melhorar, faz parte do pacote do sucesso; não há desvios.
Quanto ao dia-a-dia, a maioria dos profissionais excepcionais trabalha mais de manhã do que à tarde ou à noite, diz Mason Currey na obra "Daily Rituals". Há génios nocturnos, mas a maioria começa de manhã e em força. Muitos trabalham por objectivos. Mas há também quem esteja sempre a trabalhar, tirando apenas tempo para a alimentação e para a higiene diária; mas não a maioria. A maioria faz intervalos, de alguns minutos a algumas horas, e passeia ou conversa ao fim da tarde. São vários os geniais, de Einstein a Darwin ou Nietzsche e outros, para quem andar era a altura das melhores ideias. Disse um dia Nietzsche: "Passeava ao pé do lago… olhei para uma grande pedra e estava lá… o Zaratustra."
Professor na Universidade Católica Portuguesa
Fernando Ilharco
09 de Fevereiro de 2017 às 20:09
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