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Os pesadelos de um preconceituoso
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Os pesadelos de um preconceituoso
Um texto de um imbecil devorado pelo preconceito ou de um devoto soldadinho de propaganda candidato a labrego fascista
“Os crimes de Estaline e a brutalidade do Exército Vermelho eram indesmentíveis. O legado de Mussolini e Hitler foi a saudável gestação de anticorpos contra o estatismo autoritário.”
Quando um pretensioso texto de opinião, revelador de uma miséria espiritual confrangedora que se expressa sobre todas as coisas de que se vai lembrando em erudita ciência oculta mas que, afinal, apenas resulta de atrevida e alegre ignorância, nos invade com um paragrafo deste género, somos levados a pensar que das duas uma; ou se trata de um imbecil devorado pelo preconceito ou de um devoto soldadinho de propaganda candidato a labrego fascista.
Atentemos no subtil da prosa: aos “crimes de Estaline e a brutalidade do Exército Vermelho”, o autor alude, em oposição, ao “legado de Mussolini e Hitler que foi a saudável” – aqui, o texto torna-se absurdo – “gestação de anticorpos contra o estatismo autoritário”. Foi? Gravidez? Estatismo autoritário? Foi isso que foi a barbárie nazi? Estamos, ao que parece, perante a douta visão e a opção do autor sobre o fascismo, o nazismo e a guerra.
Junho de 1944. Os nazis têm de atravessar, a caminho da Normandia, a região francesa entre a Dordonha e Limousin, zona que a intensidade das emboscadas produzidas pela resistência comunista do coronel Georges Guingouin, em coordenação com os agentes dos SOE ingleses, leva os alemães a apelidar aquela área de “a mortífera pequena Rússia”
Para progredir e limpar o terreno são mobilizadas as Waffen--SS, tropas de uma bárbara e assustadora violência, em particular a ferocidade fanática das divisões blindadas Das Reich e Totenkopf.
21 de Maio. Em Frayssinet-le- -Gélat enforcam 10 mulheres nas varandas, fuzilam os homens e deitam fogo à aldeia.
28 de maio. Em Grolegac reúnem os habitantes no largo do café e matam 16 que depois regam com gasolina. Entre os mortos estão mulheres e crianças. Antes tinham entrado na vila com o cadáver do resistente católico Maurice Vergne preso no capô do carro.
9 de junho, Tulle. De madrugada, os nazis retiram de suas casas mais de 2 mil homens dos 16 aos 60 anos que são levados para a fábrica local. Pela manhã, as SS vão de porta em porta em busca de cordas. Vão enforcá-los.
O prefeito da região, Pierre Troulé, e o padre Espinosa imploram a Adolf Diekman, oficial das SS no comando, que poupe os civis inocentes. O nazi troça e responde: “Na Bielorrússia enforcámos mais de 100 mil, isto, para nós, não é nada. Lá transformávamos as cidades em florestas de enforcados.”
São enforcados 98, a corda acabou. Na praça central, os nazis assistem enquanto bebem e ouvem musica no café Tivoli, alguns desenham a cena. Os corpos ficam pendurados em varandas, candeeiros, árvores. São leiteiros, engenheiros, professores, canalizadores, operários, apenas um pertencia à Resistência.
Oradour-Sur-Glane, junho de 1944. O maior massacre de civis feito por nazis em França: 642 assassinados. Os homens fuzilados, as mulheres e crianças metralhadas e queimadas vivas na igreja local.
Em Wannsee, na reunião de membros superiores do governo da Alemanha nazi e líderes das SS realizada em janeiro de 1942, Heydrich descreveu como os judeus seriam executados e informou que a matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças já tinha começado em junho de 1941, depois da operação Barbarossa contra os soviéticos, na aplicação do princípio da guerra total.
1942. União Soviética, Bielorrússia. Em menos de quatro anos de ocupação, a máquina assassina das Waffen-SS arrasa e faz desaparecer da face do planeta 628 aldeias.
De dois em dois dias, uma aldeia é destruída. Matam todos os homens e queimam vivas as mulheres, velhos e crianças que fecham em armazéns e escolas.
Mas estes não são casos isolados depois da operação na URSS. Os mesmos métodos são utilizados em toda a Europa porque consubstanciam uma ideologia e um objetivo: o extermínio, a eliminação física de grupos nacionais, étnicos, raciais ou religiosos. O genocídio. Termo e conceito utilizados pela primeira vez a partir da barbárie nazi.
O mesmo acontece em Lidice, na Checoslováquia, em junho de 1942, na Bélgica, na Grécia ou em Itália.
Agosto de 1944. Na vila toscana de Sant’Anna di Stazzema são executados 600 homens e mulheres. Semanas depois, em Marzabotto, Bolonha, são assassinados 950 homens, mulheres e crianças.
Mais de 80 milhões de mortos. As experiências com crianças em Auschwitz, os abajures em pele de Buchenwald, o gás de Dachau, as cinzas sobre chalés em Treblinka, o céu em chamas de Hiroxima e Nagasáqui. O sofrimento, os gritos alucinados das mães, o horror. Isto não tinha que ver com “estatismo” ou outra petulante idiotice. Era a liberdade e a civilização contra a barbárie e as trevas.
Tudo, e a história da Europa, é legado da resistência e do heroísmo de milhões de homens e mulheres, de todos os credos e religiões, de todas as ideologias e pátrias, que superaram diferenças e unidos souberam vencer o nazi-fascismo.
O resto, a petulância do zero, nem chega a ser alguma coisa. É só mesmo preconceito imbecil.
Consultor de comunicação
Escreve às quintas-feiras
02/03/2017
Artur Pereira
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
“Os crimes de Estaline e a brutalidade do Exército Vermelho eram indesmentíveis. O legado de Mussolini e Hitler foi a saudável gestação de anticorpos contra o estatismo autoritário.”
Quando um pretensioso texto de opinião, revelador de uma miséria espiritual confrangedora que se expressa sobre todas as coisas de que se vai lembrando em erudita ciência oculta mas que, afinal, apenas resulta de atrevida e alegre ignorância, nos invade com um paragrafo deste género, somos levados a pensar que das duas uma; ou se trata de um imbecil devorado pelo preconceito ou de um devoto soldadinho de propaganda candidato a labrego fascista.
Atentemos no subtil da prosa: aos “crimes de Estaline e a brutalidade do Exército Vermelho”, o autor alude, em oposição, ao “legado de Mussolini e Hitler que foi a saudável” – aqui, o texto torna-se absurdo – “gestação de anticorpos contra o estatismo autoritário”. Foi? Gravidez? Estatismo autoritário? Foi isso que foi a barbárie nazi? Estamos, ao que parece, perante a douta visão e a opção do autor sobre o fascismo, o nazismo e a guerra.
Junho de 1944. Os nazis têm de atravessar, a caminho da Normandia, a região francesa entre a Dordonha e Limousin, zona que a intensidade das emboscadas produzidas pela resistência comunista do coronel Georges Guingouin, em coordenação com os agentes dos SOE ingleses, leva os alemães a apelidar aquela área de “a mortífera pequena Rússia”
Para progredir e limpar o terreno são mobilizadas as Waffen--SS, tropas de uma bárbara e assustadora violência, em particular a ferocidade fanática das divisões blindadas Das Reich e Totenkopf.
21 de Maio. Em Frayssinet-le- -Gélat enforcam 10 mulheres nas varandas, fuzilam os homens e deitam fogo à aldeia.
28 de maio. Em Grolegac reúnem os habitantes no largo do café e matam 16 que depois regam com gasolina. Entre os mortos estão mulheres e crianças. Antes tinham entrado na vila com o cadáver do resistente católico Maurice Vergne preso no capô do carro.
9 de junho, Tulle. De madrugada, os nazis retiram de suas casas mais de 2 mil homens dos 16 aos 60 anos que são levados para a fábrica local. Pela manhã, as SS vão de porta em porta em busca de cordas. Vão enforcá-los.
O prefeito da região, Pierre Troulé, e o padre Espinosa imploram a Adolf Diekman, oficial das SS no comando, que poupe os civis inocentes. O nazi troça e responde: “Na Bielorrússia enforcámos mais de 100 mil, isto, para nós, não é nada. Lá transformávamos as cidades em florestas de enforcados.”
São enforcados 98, a corda acabou. Na praça central, os nazis assistem enquanto bebem e ouvem musica no café Tivoli, alguns desenham a cena. Os corpos ficam pendurados em varandas, candeeiros, árvores. São leiteiros, engenheiros, professores, canalizadores, operários, apenas um pertencia à Resistência.
Oradour-Sur-Glane, junho de 1944. O maior massacre de civis feito por nazis em França: 642 assassinados. Os homens fuzilados, as mulheres e crianças metralhadas e queimadas vivas na igreja local.
Em Wannsee, na reunião de membros superiores do governo da Alemanha nazi e líderes das SS realizada em janeiro de 1942, Heydrich descreveu como os judeus seriam executados e informou que a matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças já tinha começado em junho de 1941, depois da operação Barbarossa contra os soviéticos, na aplicação do princípio da guerra total.
1942. União Soviética, Bielorrússia. Em menos de quatro anos de ocupação, a máquina assassina das Waffen-SS arrasa e faz desaparecer da face do planeta 628 aldeias.
De dois em dois dias, uma aldeia é destruída. Matam todos os homens e queimam vivas as mulheres, velhos e crianças que fecham em armazéns e escolas.
Mas estes não são casos isolados depois da operação na URSS. Os mesmos métodos são utilizados em toda a Europa porque consubstanciam uma ideologia e um objetivo: o extermínio, a eliminação física de grupos nacionais, étnicos, raciais ou religiosos. O genocídio. Termo e conceito utilizados pela primeira vez a partir da barbárie nazi.
O mesmo acontece em Lidice, na Checoslováquia, em junho de 1942, na Bélgica, na Grécia ou em Itália.
Agosto de 1944. Na vila toscana de Sant’Anna di Stazzema são executados 600 homens e mulheres. Semanas depois, em Marzabotto, Bolonha, são assassinados 950 homens, mulheres e crianças.
Mais de 80 milhões de mortos. As experiências com crianças em Auschwitz, os abajures em pele de Buchenwald, o gás de Dachau, as cinzas sobre chalés em Treblinka, o céu em chamas de Hiroxima e Nagasáqui. O sofrimento, os gritos alucinados das mães, o horror. Isto não tinha que ver com “estatismo” ou outra petulante idiotice. Era a liberdade e a civilização contra a barbárie e as trevas.
Tudo, e a história da Europa, é legado da resistência e do heroísmo de milhões de homens e mulheres, de todos os credos e religiões, de todas as ideologias e pátrias, que superaram diferenças e unidos souberam vencer o nazi-fascismo.
O resto, a petulância do zero, nem chega a ser alguma coisa. É só mesmo preconceito imbecil.
Consultor de comunicação
Escreve às quintas-feiras
02/03/2017
Artur Pereira
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
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