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HOLANDA: Os países liberais são ricos, os socialistas são pobres
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HOLANDA: Os países liberais são ricos, os socialistas são pobres
Se o liberalismo e a prosperidade andam juntos, o socialismo e a pobreza andam de mãos dadas. E esqueçam a retórica socialista. Os partidos socialistas não querem, nunca quiseram, acabar com a pobreza
O visual “Trumpesco” de Wilders e a obsessão com o populismo moldaram as análises dos resultados das eleições holandesas. A derrota de Wilders é relevante mas só conta metade da história. A derrota das esquerdas constitui a outra metade. Será mesmo caso para dizer: mais uma derrota depois da maior crise financeira das últimas décadas. Os socialistas holandeses tiveram um resultado miserável, passando de maior partido das esquerdas para o terceiro (na práctica, o último dos que contam). A extrema esquerda, embora à frente dos socialistas, perdeu um deputado em relação às últimas eleições. Os Verdes foram os únicos que cresceram entre as esquerdas, aumentando o número de deputados de 4 para 14.
A direita e os liberais foram os grandes vencedores. Os liberais de direita, partido do PM Mark Rutte, ganharam e continuam a ser o maior partido. Os democratas cristãos recuperaram, em parte, da grande derrota das últimas eleições. Os liberais do centro, o D66, também melhoraram tornando-se, juntamente, com os democratas cristãos o terceiro maior partido. O nosso (salvo seja) PS justificou a derrota dos socialistas holandeses com a coligação com a direita dos últimos anos. Esta explicação só serve para justificar a geringonça nacional e não resiste a dois minutos de escrutínio. Em primeiro lugar, é verdade que os socialistas foram o parceiro menor da última coligação, mas fizeram uma campanha bem à esquerda. Se o eleitorado socialista penalizou a aliança à direita, porque não votou nos outros partidos de esquerda e foi votar na direita?
Olhando para outros países europeus, a tese socialista também não resiste. Aqui ao lado, em Espanha, o PSOE nunca se aliou à direita e sofreu duas pesadas derrotas eleitorais no último ano. Em França, o mesmo. Os socialistas franceses estão divididos e fracos, de tal modo que Hollande nem sequer se recandidatou, e não se aliaram à direita. Na Alemanha, passa-se o oposto. O SPD está numa coligação com a direita, mas está empatado nas sondagens. A falta de um mínimo de seriedade intelectual do actual PS é espantosa e vergonhosa, apesar de os seus dirigentes não sentirem qualquer vergonha.
Talvez a explicação da derrota socialista não se encontre na coligação com a direita mas nos seus próprios erros. Ou, melhor, no seu programa político. A maioria dos holandeses não se revê no aumento do peso do Estado na economia nem na entrada ilimitada de emigrantes, tradicionalmente vistos pela esquerda como um batalhão de potenciais eleitores. Se os holandeses recusaram o extremismo de Wilders, preferem o realismo dos liberais ao multiculturalismo socialista. Mas a economia foi o tema central das eleições; não foi a emigração nem a Europa. E os factos são claros. A maioria dos holandeses olha para a direita e os liberais como os melhores para recuperarem a economia, mesmo depois da crise.
Não é só na Holanda que se olha para as ideias liberais como ajustadas para a prosperidade económica. Acontece o mesmo nos países escandinavos, na Alemanha e no Reino Unido. Nestes países, o peso das ideias liberais vai muito para além dos partidos Liberais. Influencia os programas económicos dos principais partidos, sobretudo à direita, mas também nos partidos de centro-esquerda. Não é por acaso que estes países são os mais ricos no mundo e com as sociedades mais justas. Em grande medida, deve-se à tradição liberal.
Se viajarmos para sul onde as ideias liberais têm pouco impacto, encontramos países com uma forte tradição socialista. França, Espanha, Portugal, Itália e Grécia, países endividados, pobres, com o Estado a meter-se em tudo o que mexe. Se o liberalismo e a prosperidade andam juntos, o socialismo e a pobreza andam de mãos dadas. E esqueçam a retórica socialista. Os partidos socialistas não querem, nem nunca quiseram, acabar com a pobreza. Querem uma sociedade de cidadãos remediados e dependentes do Estado, e isso só se consegue com pobreza e pouco desenvolvimento económico. Daí vem a sua força e os seus votos. Nos países desenvolvidos, os partidos socialistas perdem força e, para ganhar eleições, precisam de adoptar algumas propostas mais liberais, como fazem os partidos sociais democratas do norte da Europa.
Entre 1986 e 2009, Portugal perdeu uma oportunidade histórica para se tornar mais liberal, mais desenvolvido e mais rico. Falhou. Em vez disso, tornou-se altamente endividado, remediado e pouco desenvolvido. A crise piorou tudo. Foi o resultado de um excesso de socialismo e um enorme défice de liberalismo. O pior é que não temos emenda. Estamos condenados à pobreza e ao socialismo.
João Marques de Almeida
19/3/2017, 0:01
Observador
O visual “Trumpesco” de Wilders e a obsessão com o populismo moldaram as análises dos resultados das eleições holandesas. A derrota de Wilders é relevante mas só conta metade da história. A derrota das esquerdas constitui a outra metade. Será mesmo caso para dizer: mais uma derrota depois da maior crise financeira das últimas décadas. Os socialistas holandeses tiveram um resultado miserável, passando de maior partido das esquerdas para o terceiro (na práctica, o último dos que contam). A extrema esquerda, embora à frente dos socialistas, perdeu um deputado em relação às últimas eleições. Os Verdes foram os únicos que cresceram entre as esquerdas, aumentando o número de deputados de 4 para 14.
A direita e os liberais foram os grandes vencedores. Os liberais de direita, partido do PM Mark Rutte, ganharam e continuam a ser o maior partido. Os democratas cristãos recuperaram, em parte, da grande derrota das últimas eleições. Os liberais do centro, o D66, também melhoraram tornando-se, juntamente, com os democratas cristãos o terceiro maior partido. O nosso (salvo seja) PS justificou a derrota dos socialistas holandeses com a coligação com a direita dos últimos anos. Esta explicação só serve para justificar a geringonça nacional e não resiste a dois minutos de escrutínio. Em primeiro lugar, é verdade que os socialistas foram o parceiro menor da última coligação, mas fizeram uma campanha bem à esquerda. Se o eleitorado socialista penalizou a aliança à direita, porque não votou nos outros partidos de esquerda e foi votar na direita?
Olhando para outros países europeus, a tese socialista também não resiste. Aqui ao lado, em Espanha, o PSOE nunca se aliou à direita e sofreu duas pesadas derrotas eleitorais no último ano. Em França, o mesmo. Os socialistas franceses estão divididos e fracos, de tal modo que Hollande nem sequer se recandidatou, e não se aliaram à direita. Na Alemanha, passa-se o oposto. O SPD está numa coligação com a direita, mas está empatado nas sondagens. A falta de um mínimo de seriedade intelectual do actual PS é espantosa e vergonhosa, apesar de os seus dirigentes não sentirem qualquer vergonha.
Talvez a explicação da derrota socialista não se encontre na coligação com a direita mas nos seus próprios erros. Ou, melhor, no seu programa político. A maioria dos holandeses não se revê no aumento do peso do Estado na economia nem na entrada ilimitada de emigrantes, tradicionalmente vistos pela esquerda como um batalhão de potenciais eleitores. Se os holandeses recusaram o extremismo de Wilders, preferem o realismo dos liberais ao multiculturalismo socialista. Mas a economia foi o tema central das eleições; não foi a emigração nem a Europa. E os factos são claros. A maioria dos holandeses olha para a direita e os liberais como os melhores para recuperarem a economia, mesmo depois da crise.
Não é só na Holanda que se olha para as ideias liberais como ajustadas para a prosperidade económica. Acontece o mesmo nos países escandinavos, na Alemanha e no Reino Unido. Nestes países, o peso das ideias liberais vai muito para além dos partidos Liberais. Influencia os programas económicos dos principais partidos, sobretudo à direita, mas também nos partidos de centro-esquerda. Não é por acaso que estes países são os mais ricos no mundo e com as sociedades mais justas. Em grande medida, deve-se à tradição liberal.
Se viajarmos para sul onde as ideias liberais têm pouco impacto, encontramos países com uma forte tradição socialista. França, Espanha, Portugal, Itália e Grécia, países endividados, pobres, com o Estado a meter-se em tudo o que mexe. Se o liberalismo e a prosperidade andam juntos, o socialismo e a pobreza andam de mãos dadas. E esqueçam a retórica socialista. Os partidos socialistas não querem, nem nunca quiseram, acabar com a pobreza. Querem uma sociedade de cidadãos remediados e dependentes do Estado, e isso só se consegue com pobreza e pouco desenvolvimento económico. Daí vem a sua força e os seus votos. Nos países desenvolvidos, os partidos socialistas perdem força e, para ganhar eleições, precisam de adoptar algumas propostas mais liberais, como fazem os partidos sociais democratas do norte da Europa.
Entre 1986 e 2009, Portugal perdeu uma oportunidade histórica para se tornar mais liberal, mais desenvolvido e mais rico. Falhou. Em vez disso, tornou-se altamente endividado, remediado e pouco desenvolvido. A crise piorou tudo. Foi o resultado de um excesso de socialismo e um enorme défice de liberalismo. O pior é que não temos emenda. Estamos condenados à pobreza e ao socialismo.
João Marques de Almeida
19/3/2017, 0:01
Observador
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