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Eu tenho um sonho
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Eu tenho um sonho
Embora seja uma frase muito usada a verdade é que sonhar ainda não paga impostos e como tal, todos temos o direito a sonhar. No meu caso, sonhei que Portugal era um país mais próspero, com mais oportunidades de emprego, que os jovens ficavam a trabalhar em Portugal e inclusivamente que pessoas de outros países com formação pretendiam vir para Portugal. Não apenas pela nossa gastronomia, maravilhoso clima ou simpatia, mas também porque os salários praticados eram atrativos. Salários que permitiam que os jovens conseguissem poupar de forma a terem uma vida estável e pudessem proporcionar boas condições aos seus filhos, ao invés de terem apenas 1 filho e terminarem o mês a contar os poucos euros que sobram.
Nas minhas 2 experiências profissionais tive, e tenho, a felicidade de poder trabalhar em vários países, conhecer diferentes realidades e até ter vivido noutro país durante 30 meses. E qual não foi o meu espanto, quando no meu 1º emprego saio de Portugal e aterro num país onde verifico que os diferentes profissionais locais não são superiores aos Portugueses (em alguns casos, nós até temos um conhecimento e capacidade de trabalho superior) e onde se praticavam na altura (2008) salários que eram 3 ou 4 vezes maiores do que cá e em áreas como a construção, tecnologia informática, enfermagem, consultoria entre outras. No entanto, o custo de vida era apenas 2 vezes superior. Embora nos últimos 6 anos a construção tenha abrandado, sei que nas outras áreas mencionadas os salários continuam muito mais interessantes do que cá (são vários os casos de amigos e ex-colegas que emigraram para vários países e que continuam a fazer o seu “pé de meia”). O País a que me refiro é a República da Irlanda, mas poderia estar a falar da Inglaterra ou da Holanda, pois são países para onde muitos jovens (e não só) emigram em busca de melhores condições de vida.
Desde então várias perguntas me ocorrem:
Se existem empregos bem pagos nestes países, porque é que Portugal é diferente?
O que fazemos de diferente em Portugal?
Como criar mais empregos em Portugal?
Como aumentar os salários médios em Portugal?
Permitam-me partilhar, a experiência do meu Pai e que serve como base para uma análise a estas perguntas.
O meu Pai nasceu e cresceu numa região do Baixo Alentejo e tal como a maioria das crianças daquela zona, quando terminou a escolaridade obrigatória (a 4ª classe na altura), o destino era trabalhar no campo. Enquanto uns trabalhavam nas terras da família, outros tinham que trabalhar para fazendeiros e recebiam 20 escudos por dia (o trabalho era de sol a sol). Isto ocorreu na década de 60, antes de começar a grande vaga de emigração para França. Quando muitas pessoas daquela região (e não só) começaram a emigrar, os fazendeiros ficaram preocupados pois não tinham pessoas que pudessem trabalhar as suas terras, e então melhoraram as condições: 30 escudos / dia. Anos mais tarde (1968) surgiram pessoas novas na região, com recursos (a família Mello foi o caso mais conhecido), que criaram as suas fazendas na região e, de forma a conseguirem recrutar pessoas para trabalhar, ofereciam 40 escudos por 8h de trabalho. Ora num espaço temporal de 4 anos, os salários aumentaram entre 50% a 100%. E porquê? Lei da oferta e da procura. Por um lado, diminuiu o nº de pessoas dispostas a trabalhar por 20 escudos / dia, por outro o nº de empregos aumentou com a chegada de novos fazendeiros.
Assim parece óbvio que temos de ser capazes de atrair empresários para Portugal, e de potenciar igualmente os empreendedores nacionais, de forma a criarem mais empresas e postos de trabalho. Sobretudo em áreas fora de Lisboa e Porto evitando a muitos Portugueses perder 2 ou 3 horas por dia no percurso casa-emprego, e ao mesmo tempo a mudança de cidade só para ter um emprego.
Mas como conseguir isto quando muitos têm o seu pensamento em extremos opostos?
Várias vezes verificamos que as pessoas apelidam os empresários no seu todo e decidem insultá-los adjetivando-os de “fascistas” e “exploradores”. Em 2012, o parque Baía do Tejo, que gere parques industriais no Barreiro, organizou uma conferência para mostrar a vários empresários as vantagens que a cidade tem para a criação de empresas, porém, na entrada da conferência foi organizada uma manifestação para insultar quem ali foi. Caro leitor, faça esta pergunta a si mesmo: se fosse um empresário que se deslocasse a uma cidade que não conhece, com o intuito decidir se ali iria criar uma empresa, teria vontade de o fazer após ser insultado? Eu não, e talvez o leitor também não.
Não quero com isto dizer que os empresários são todos exemplares, mas há muitos que trabalham bem. Da mesma forma que nem os empresários são todos “fascistas”, nem todos os trabalhadores são “preguiçosos” ou “revolucionários” que querem é “viver dos subsídios”. Estas posições extremas têm que ser ultrapassadas e devemos entender que todos somos necessários, para que a economia de Portugal possa prosperar. A economia é como um navio: tem um motor (empresas) o qual necessita de combustível (trabalhadores). Mas o motor sem combustível não funciona, o combustível sem motor também não faz o navio mover-se e dessa forma, o navio anda à deriva.
É dever dos governantes, fazer com que o “navio” tenha um rumo e chegue a “bom porto” (mais riqueza para todos). Por um lado, o governo deve estimular e facilitar a criação de empresas e emprego, mas por outro deve fiscalizar e atuar de forma efetiva quando a lei não é respeitada (exemplo: atuar nos falsos recibos verdes que prejudicam muitos trabalhadores).
No próximo artigo vou partilhar algumas ideias concretas que julgo poderão ajudar a criar mais empregos. Contudo, antes das medidas, peço aos governantes e autarcas que pensem no País a longo prazo e não no voto fácil e peço aos eleitores que não se deixem iludir com medidas de curto prazo. Queremos um País melhor por muitos anos.
Tiago Guerreiro
Março 19, 2017
Distrito Online
Nas minhas 2 experiências profissionais tive, e tenho, a felicidade de poder trabalhar em vários países, conhecer diferentes realidades e até ter vivido noutro país durante 30 meses. E qual não foi o meu espanto, quando no meu 1º emprego saio de Portugal e aterro num país onde verifico que os diferentes profissionais locais não são superiores aos Portugueses (em alguns casos, nós até temos um conhecimento e capacidade de trabalho superior) e onde se praticavam na altura (2008) salários que eram 3 ou 4 vezes maiores do que cá e em áreas como a construção, tecnologia informática, enfermagem, consultoria entre outras. No entanto, o custo de vida era apenas 2 vezes superior. Embora nos últimos 6 anos a construção tenha abrandado, sei que nas outras áreas mencionadas os salários continuam muito mais interessantes do que cá (são vários os casos de amigos e ex-colegas que emigraram para vários países e que continuam a fazer o seu “pé de meia”). O País a que me refiro é a República da Irlanda, mas poderia estar a falar da Inglaterra ou da Holanda, pois são países para onde muitos jovens (e não só) emigram em busca de melhores condições de vida.
Desde então várias perguntas me ocorrem:
Se existem empregos bem pagos nestes países, porque é que Portugal é diferente?
O que fazemos de diferente em Portugal?
Como criar mais empregos em Portugal?
Como aumentar os salários médios em Portugal?
Permitam-me partilhar, a experiência do meu Pai e que serve como base para uma análise a estas perguntas.
O meu Pai nasceu e cresceu numa região do Baixo Alentejo e tal como a maioria das crianças daquela zona, quando terminou a escolaridade obrigatória (a 4ª classe na altura), o destino era trabalhar no campo. Enquanto uns trabalhavam nas terras da família, outros tinham que trabalhar para fazendeiros e recebiam 20 escudos por dia (o trabalho era de sol a sol). Isto ocorreu na década de 60, antes de começar a grande vaga de emigração para França. Quando muitas pessoas daquela região (e não só) começaram a emigrar, os fazendeiros ficaram preocupados pois não tinham pessoas que pudessem trabalhar as suas terras, e então melhoraram as condições: 30 escudos / dia. Anos mais tarde (1968) surgiram pessoas novas na região, com recursos (a família Mello foi o caso mais conhecido), que criaram as suas fazendas na região e, de forma a conseguirem recrutar pessoas para trabalhar, ofereciam 40 escudos por 8h de trabalho. Ora num espaço temporal de 4 anos, os salários aumentaram entre 50% a 100%. E porquê? Lei da oferta e da procura. Por um lado, diminuiu o nº de pessoas dispostas a trabalhar por 20 escudos / dia, por outro o nº de empregos aumentou com a chegada de novos fazendeiros.
Assim parece óbvio que temos de ser capazes de atrair empresários para Portugal, e de potenciar igualmente os empreendedores nacionais, de forma a criarem mais empresas e postos de trabalho. Sobretudo em áreas fora de Lisboa e Porto evitando a muitos Portugueses perder 2 ou 3 horas por dia no percurso casa-emprego, e ao mesmo tempo a mudança de cidade só para ter um emprego.
Mas como conseguir isto quando muitos têm o seu pensamento em extremos opostos?
Várias vezes verificamos que as pessoas apelidam os empresários no seu todo e decidem insultá-los adjetivando-os de “fascistas” e “exploradores”. Em 2012, o parque Baía do Tejo, que gere parques industriais no Barreiro, organizou uma conferência para mostrar a vários empresários as vantagens que a cidade tem para a criação de empresas, porém, na entrada da conferência foi organizada uma manifestação para insultar quem ali foi. Caro leitor, faça esta pergunta a si mesmo: se fosse um empresário que se deslocasse a uma cidade que não conhece, com o intuito decidir se ali iria criar uma empresa, teria vontade de o fazer após ser insultado? Eu não, e talvez o leitor também não.
Não quero com isto dizer que os empresários são todos exemplares, mas há muitos que trabalham bem. Da mesma forma que nem os empresários são todos “fascistas”, nem todos os trabalhadores são “preguiçosos” ou “revolucionários” que querem é “viver dos subsídios”. Estas posições extremas têm que ser ultrapassadas e devemos entender que todos somos necessários, para que a economia de Portugal possa prosperar. A economia é como um navio: tem um motor (empresas) o qual necessita de combustível (trabalhadores). Mas o motor sem combustível não funciona, o combustível sem motor também não faz o navio mover-se e dessa forma, o navio anda à deriva.
É dever dos governantes, fazer com que o “navio” tenha um rumo e chegue a “bom porto” (mais riqueza para todos). Por um lado, o governo deve estimular e facilitar a criação de empresas e emprego, mas por outro deve fiscalizar e atuar de forma efetiva quando a lei não é respeitada (exemplo: atuar nos falsos recibos verdes que prejudicam muitos trabalhadores).
No próximo artigo vou partilhar algumas ideias concretas que julgo poderão ajudar a criar mais empregos. Contudo, antes das medidas, peço aos governantes e autarcas que pensem no País a longo prazo e não no voto fácil e peço aos eleitores que não se deixem iludir com medidas de curto prazo. Queremos um País melhor por muitos anos.
Tiago Guerreiro
Março 19, 2017
Distrito Online
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