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Como confiar?
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Como confiar?
O sistema bancário e o sistema financeiro têm por base a confiança das pessoas. Se todos confiam no seu bom funcionamento, tudo corre bem
É inegável – o projeto europeu tem 60 anos e continua a pensar nos moldes de uma sociedade europeia que já não existe. Ultrapassou muitas dificuldades e venceu o seu primeiro desafio, o de conseguir afirmar-se como potência económica mundial, entre a União Soviética e os Estados Unidos. Segurou o seu poder económico e financeiro e ajudou os Estados Unidos no crash financeiro de 2008 com a queda de Lehman Brothers. Fez a Reserva Federal Americana tremer com o poder que a Europa conquistou com o seu Euro.
Com o Euro, a Europa deixou o seu trabalho a meio. Precisava debater como criar as bases de um sistema financeiro europeu, discutindo bancos e mercados financeiros. Ficou-se pela criação de um Banco Central Europeu que confia na regulação dos bancos centrais dos seus Estados-membros que acabou por falhar.
O sistema bancário e o sistema financeiro tem por base a confiança das pessoas. Se todos confiam no seu bom funcionamento, tudo corre bem. O problema é quando ocorrem anomalias. Pelos valores monetários envolvidos e sua interdependência é uma queda em dominó, sem travagem.
Quando ocorreram os problemas do BPN, achou-se que era um caso de má administração. Confirmou-se. Depois, foi a queda do BES e recentemente BANIF. Agora temos outros bancos na calha, o que me faz ter a certeza que mais do que problemas de administração, o problema é de regulação e abalou-se a confiança no próprio Banco de Portugal.
As situações que ocorreram só foram possíveis porque as regras definidas não foram cumpridas ou estão inadequadas aos nossos dias. O sistema permitiu o facilitismo a alguns, os ditos de “confiança”, de “famílias”, conhecidos “milionários”, que tudo têm e tudo podem, contrariamente ao Zé povinho a quem tudo lhe é exigido. E agora quem paga as contas milionárias, para além dos lesados desses bancos, somos todos nós.
Não sendo matéria comunitária a legislar, porque os governos europeus assim não quiseram, devem os cidadãos exigir que os seus mais altos representantes – os seus deputados à Assembleia da República – elaborem legislação que garanta a confiança. E o nosso sistema judicial tem de forçosamente penalizar quem é permissivo com estas situações.
Os deputados para analisar esta situação não podem estar relacionados seja de que forma for com estas situações abusivas, inclusive por relações familiares. Não podemos ter gente a discutir legislação bancária e a pensar como safar-se ou ajudar os seus familiares promotores de grandes prejuízos nos bancos. Idoneidade precisa-se!
É à conta desta desconfiança na retidão de procedimentos que o Presidente do Eurogrupo ousa em declarações públicas afirmar que “a solidariedade é um valor extremamente importante. Mas também temos obrigações. Não se pode gastar todo o dinheiro em mulheres e álcool e, depois, pedir ajuda”.
O que ele disse é a ideia que os países do Norte têm sobre nós. As declarações foram muito infelizes, é certo. A atitude do nosso Presidente da República esteve à altura de um grande Chefe de Estado. Fez uma visita às instituições comunitárias e demonstrou que em Portugal existem portugueses de valor.
Sem dúvida alguma, devemos exigir respeito pela nossa nação, por aquilo que somos. Mas já diz o povo que para obtermos respeito, devemos dar-nos ao respeito.
A Europa está a entrar num processo de evolução a várias velocidades. Qual a velocidade em que queremos estar? Vamos limpar a casa e extinguir o estigma?
FÁTIMA ASCENSÃO / 26 MAR 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
É inegável – o projeto europeu tem 60 anos e continua a pensar nos moldes de uma sociedade europeia que já não existe. Ultrapassou muitas dificuldades e venceu o seu primeiro desafio, o de conseguir afirmar-se como potência económica mundial, entre a União Soviética e os Estados Unidos. Segurou o seu poder económico e financeiro e ajudou os Estados Unidos no crash financeiro de 2008 com a queda de Lehman Brothers. Fez a Reserva Federal Americana tremer com o poder que a Europa conquistou com o seu Euro.
Com o Euro, a Europa deixou o seu trabalho a meio. Precisava debater como criar as bases de um sistema financeiro europeu, discutindo bancos e mercados financeiros. Ficou-se pela criação de um Banco Central Europeu que confia na regulação dos bancos centrais dos seus Estados-membros que acabou por falhar.
O sistema bancário e o sistema financeiro tem por base a confiança das pessoas. Se todos confiam no seu bom funcionamento, tudo corre bem. O problema é quando ocorrem anomalias. Pelos valores monetários envolvidos e sua interdependência é uma queda em dominó, sem travagem.
Quando ocorreram os problemas do BPN, achou-se que era um caso de má administração. Confirmou-se. Depois, foi a queda do BES e recentemente BANIF. Agora temos outros bancos na calha, o que me faz ter a certeza que mais do que problemas de administração, o problema é de regulação e abalou-se a confiança no próprio Banco de Portugal.
As situações que ocorreram só foram possíveis porque as regras definidas não foram cumpridas ou estão inadequadas aos nossos dias. O sistema permitiu o facilitismo a alguns, os ditos de “confiança”, de “famílias”, conhecidos “milionários”, que tudo têm e tudo podem, contrariamente ao Zé povinho a quem tudo lhe é exigido. E agora quem paga as contas milionárias, para além dos lesados desses bancos, somos todos nós.
Não sendo matéria comunitária a legislar, porque os governos europeus assim não quiseram, devem os cidadãos exigir que os seus mais altos representantes – os seus deputados à Assembleia da República – elaborem legislação que garanta a confiança. E o nosso sistema judicial tem de forçosamente penalizar quem é permissivo com estas situações.
Os deputados para analisar esta situação não podem estar relacionados seja de que forma for com estas situações abusivas, inclusive por relações familiares. Não podemos ter gente a discutir legislação bancária e a pensar como safar-se ou ajudar os seus familiares promotores de grandes prejuízos nos bancos. Idoneidade precisa-se!
É à conta desta desconfiança na retidão de procedimentos que o Presidente do Eurogrupo ousa em declarações públicas afirmar que “a solidariedade é um valor extremamente importante. Mas também temos obrigações. Não se pode gastar todo o dinheiro em mulheres e álcool e, depois, pedir ajuda”.
O que ele disse é a ideia que os países do Norte têm sobre nós. As declarações foram muito infelizes, é certo. A atitude do nosso Presidente da República esteve à altura de um grande Chefe de Estado. Fez uma visita às instituições comunitárias e demonstrou que em Portugal existem portugueses de valor.
Sem dúvida alguma, devemos exigir respeito pela nossa nação, por aquilo que somos. Mas já diz o povo que para obtermos respeito, devemos dar-nos ao respeito.
A Europa está a entrar num processo de evolução a várias velocidades. Qual a velocidade em que queremos estar? Vamos limpar a casa e extinguir o estigma?
FÁTIMA ASCENSÃO / 26 MAR 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
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