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Imigração: as direitas e os centros políticos
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Imigração: as direitas e os centros políticos
«O meu problema não eram os talibãs com armas, eram os talibãs de fato, gravata e botas», Khalida Popaz - Ex-jogadora de futebol do Afeganistão.
Na Europa e em países como os EUA, a imigração é um dos temas mais presentes no espaço público e no debate político, e que mais clivagens políticas e sociais e controvérsias mediáticas tem provocado.
No século do ‘movimento dos povos’ (XXI), sucessor do ‘século do povo’ (XX), o fenómeno migratório assumiu importância acrescida ao nível das políticas públicas estaduais e supra estaduais, como nunca tinha atingido anteriormente. A imigração é hoje um fenómeno com impactos demolidores para as sociedades contemporâneas inclusivas e plurais. Impactos não só políticos mas também económicos e sociais, religiosos e de outra índole.
Portugal é um caso à parte – e assim deve continuar. Porquanto a realidade portuguesa, neste particular, pouco tem que ver com o que se passa em países europeus ou em países como os EUA.
Portugal tem sido um case study, pela positiva, de uma política de imigração baseada em pilares como a regulação do fluxo das entradas e a integração dos cidadãos estrangeiros, na condição de imigrantes, refugiados e exilados.
Tal como a Europa, Portugal precisa de imigrantes. E como país com um povo que deu novos mundos ao mundo - e está presente em mais de dois terços dos países do mundo de todos os continentes –, deve repudiar todas as posições, decisões e políticas anti-imigração baseadas no populismo, na demagogia e no racismo.
Antes pelo contrário, deve assumir a herança humanista e cristã, e a sua história de povo que se relacionou com vários povos e culturas ao longo de toda a sua história. Daí que devamos contrariar os maus exemplos que nos chegam de França, com Marine Le Pen, da Hungria, com Vítor Orban, e de outros países como a Holanda e a Alemanha. E, em particular, com a obsessiva campanha de diabolização da imigração em curso nos EUA com a administração republicana de Donald Trump.
A vitória de Trump, que bem pode ser considerada uma vitória do americanismo e uma derrota do globalismo – e, neste particular, das matérias da imigração –, é um grave sintoma. É pena. Sobretudo para um país como os EUA, que se fez à conta da imigração e dos imigrantes. E para uma pessoa como Donald Trump. Que deve ter presente que, caso tivessem feito aos seus antepassados, quando chegaram aos EUA, o que quer fazer hoje a muitos imigrantes, ele não seria americano mas sim escocês (terra da sua mãe) ou alemão (terra do seu pai).
É por isso que também várias direitas e alguns centros políticos deviam ter vergonha por estarem calados ou por caucionarem várias políticas anti imigração. Quer em Portugal, quer na Europa. Porque a imigração não é um problema, é sim uma oportunidade. Para os países emissores, para os países receptores e para os próprios cidadãos, independentemente da sua condição política e jurídica.
Feliciano Barreiras Duarte
olharaocentro@sol.pt
3 de abril 2017
SOL
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