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Álvaro Cunhal e os outros "Ligação do porto de Leixões dos políticos esquerdas e direitas"

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Mensagem por Admin Qua Nov 11, 2015 12:49 pm

Álvaro Cunhal e os outros "Ligação do porto de Leixões dos políticos esquerdas e direitas" Img_999x556$2015_11_10_17_23_09_143345


Foi um dos mais importantes portugueses do século XX e hoje completaria 102 anos de vida. Mas os seus feitos e a sua vida passaram ao lado de muitos dos seus contemporâneos – como mostram estes relatos


A infância em Seia e a adolescência em Lisboa 

Álvaro Barreirinhas Cunhal era um privilegiado ainda antes de nascer: os pais tinham posses suficientes para que o seu parto acontecesse numa maternidade de Coimbra. O rapaz, o terceiro filho de Avelino, 26 anos, e de Mercedes, 25 anos, nasceu numa segunda-feira, 10 de Novembro de 1913 - e faria no próximo domingo 100 anos. Outras 193.905 crianças foram registadas nesse ano. Entre elas, Margarida, Laura, Maria de Jesus e Maria da Graça, que nasceram em casa.

As famílias de Margarida (nascida a 30 de Março, em Cabeça de Mós, Sardoal) e de Maria de Jesus (Caranguejeira, Leiria, a 4 de Novembro) seriam talvez as mais modestas: os pais trabalhavam no campo e tinham uma pequena horta e alguns animais com que alimentavam a família. Em Leiria, a mãe de Maria de Jesus andava de burro pelas aldeias a vender sardinhas. Levava para casa as que sobravam. Tinha sete filhos para alimentar: uma sardinha dividia-se por três, mas broa de milho nunca faltava.

No Porto, Laura Cardoso Carmona nasceu numa casa rica da Rua do Bonfim, a 27 de Julho. Nesse domingo, ouviram-se foguetes: o chefe do governo, Afonso Costa, e os seus ministros foram visitar a cidade para assistir ao início da construção do porto de Leixões. A mãe de Laura não resistiu ao parto, mas a filha teria uma infância calma, dividida entre aquela casa e as terras do pai, em Barcelos. 

Em Resende, Ana deu à luz a sua primeira filha, Maria da Graça Loureiro, a 21 de Dezembro. Foi também a primeira neta do casal Peixoto, dono de terras que empregavam muita gente da região na época da ceifa do trigo e do milho.

Aos 6 anos, Graça sofreu uma queda que lhe feriu a perna. Embriagado, o médico que a tratou trocou a embalagem do álcool pela do ácido sulfúrico. A criança gritou muito alto de dor, mas o mal estava feito: a única solução, disseram, era amputar a perna. O avô opôs-se e a neta ficou três anos na cama, sem brincar ou ir à escola, até conseguir voltar a andar.

Álvaro Cunhal mudou-se entretanto para uma casa de vários pisos no centro de Seia, onde o pai, advogado, era administrador do concelho. Ali, inventava concursos hípicos com caixas de fósforos e botões e lançava papagaios. Na Caranguejeira, os únicos brinquedos de Maria de Jesus, que não aprendeu a ler, eram bonecas de trapos: colocava-as em fila como se estivessem na igreja ao domingo. 

Muito crente, Mercedes Barreirinhas também ensinou ao filho Álvaro os preceitos da religião. Mas se o rapaz tinha obrigação de ir à missa, deixou de ir à escola logo depois do primeiro dia. Chegou a casa e disse que não queria regressar porque o professor era muito violento. O pai passou a dar-lhe aulas em casa até que, aos 11 anos, se mudaram para Lisboa e Álvaro começou a frequentar o liceu Pedro Nunes, e depois, o Camões. Nunca foi um aluno aplicado: preferia jogar à bola com os amigos a passar uma hora numa aula que não lhe interessava. 

Nesta época, Ana, a mãe de Maria da Graça planeava, em Resende, a viagem com os quatro filhos até Angola, onde estava o marido. José era empregado nos caminhos-de-ferro, mas não mandava dinheiro para a família. Costumava dizer aos amigos que "o sogro tinha muito para lhes dar de comer". Ana soube disto e pediu dinheiro ao pai: 

- Eu não tenho tanto para te emprestar.
- Ó pai, tem de me emprestar. O José há- -de saber que tem filhos!


António Peixoto lá arranjou o dinheiro que Ana lhe pedia e em 1926 ela partiu de Lisboa com os filhos. Foram na última viagem do navio Pedro Gomes. "Vinha uma onda e o barco entortava e guinchava. Aquilo estava tudo a escangalhar-se", conta Maria da Graça, que então achava piada aos barulhos. Chegaram 30 dias depois.

Ler mais e ver as fotos - http://www.sabado.pt/portugal/detalhe/alvaro_cunhal_e_os_outros.html

10 Novembro 2015 • Sara Capelo
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