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Crimes politicamente incorrectos
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Crimes politicamente incorrectos
Esta semana uma revelação verdadeiramente horrenda pôs a nu uma realidade impensável na cidade de Rotherham (cerca de 250000 habitantes) no Reino Unido. Um relatório , encomendado pelo conselho municipal após notícias nesse sentido, conclui que desde 1997 "numa estimativa conservadora" aproximadamente 1400 crianças foram abusadas sexualmente. Os pormenores são ainda mais horríveis.
Não entrando em detalhes
O relatório está disponível para quem o quiser ler. Fala de espancamentos violações em grupo, tráfico de crianças para várias cidades e ameaças que parecem tiradas dos argumentos mais violentos filmes de terror. O pior de tudo são as conclusões sobre a acção (a inacção, na verdade) das autoridades. Polícia, comissão de protecção de menores o próprio conselho metropolitanos, todos falharam e falharam a sério durante todos estes anos. O caso promete consequências a vários níveis nomeadamente no partido trabalhista que ocupava os vários cargos de decisão mas é razoável admitir que as marcas na sociedade, sobretudo nas vítimas, não ficarão resolvidas tão cedo.
Há um pormenor procedimental que gostaria de salientar, no entanto. Segundo o relatório a esmagadora maioria ("By far the majority") dos acusados era descrita como de origem asiática, nomeadamente paquistanesa. Esse facto relatado pelas vítimas teve como consequência algum "nervosismo" pela parte dos funcionários que recolhiam as queixas: Tiveram medo de identificar a origem dos criminosos por receio de serem acusados de racismo. Alguns relataram mesmo indicações concretas da parte dos seus superiores para ocultarem o facto.
Os crimes que não podem ser
O politicamente correcto que se infiltra cada vez mais no nosso discurso e nas nossas acções foi assim directamente responsável por, pelo menos, não se ter agido mais rapidamente num meio que, neste caso, era o foco dos agentes duma rede bárbara. Como consequência os crimes não só se prolongaram como as vítimas cujas denúncias foram ignoradas - tendo algumas mesmo sido tratadas com "desdém" - se viram abandonadas pelo estado.
Um caso destes deixa muito que pensar. A escala é brutal e a verdadeira investigação só agora começou, mas a quantidade de sinais que foram ignorados lembrou-me o caso Casa Pia, quando havia quem dissesse que as saídas nocturnas dos rapazes da instituição eram testemunhadas regularmente pelos vizinhos ao mesmo tempo que o Parque Eduardo VII era conhecido como local de prostituição infantil. Há poucas coisas que me pareçam mais abjectas do que a violência sobre crianças. Calar, neste caso, é consentir na destruição duma vida. Se no caso inglês foi uma errada noção de multiculturalismo que prolongou os crimes então isso é mais um sintoma de que algo está muito errado nos dias que correm.
A Europa e o Futuro
A Europa, e dentro da Europa o Reino Unido duma forma particular, tem cedido a certas noções erradas de multiculturalismo que levam a consequências previsíveis e, como neste caso, absolutamente trágicas. Não se trata de desconfiar ou de combater culturas estranhas ou estrangeiras por serem estranhas ou estrangeiras. Trata-se de não tolerar crimes independentemente do ambiente em que ocorrem. Mas trata-se também de não ter medo de denunciar crimes independentemente de quem os executa. E trata-se de reconhecer que podemos e devemos atacar o discurso do ódio e da intolerância que acontece cada vez mais - para já marginalmente apenas em Portugal - no seio das nosas comunidadas baseadas na tolerância e na liberdade. E que portanto a tolerância não pode ser usada para fazer proliferar a intolerância.
MICHAEL SEUFERT | 7:00 Quinta feira, 28 de agosto de 2014
Expresso
Não entrando em detalhes
O relatório está disponível para quem o quiser ler. Fala de espancamentos violações em grupo, tráfico de crianças para várias cidades e ameaças que parecem tiradas dos argumentos mais violentos filmes de terror. O pior de tudo são as conclusões sobre a acção (a inacção, na verdade) das autoridades. Polícia, comissão de protecção de menores o próprio conselho metropolitanos, todos falharam e falharam a sério durante todos estes anos. O caso promete consequências a vários níveis nomeadamente no partido trabalhista que ocupava os vários cargos de decisão mas é razoável admitir que as marcas na sociedade, sobretudo nas vítimas, não ficarão resolvidas tão cedo.
Há um pormenor procedimental que gostaria de salientar, no entanto. Segundo o relatório a esmagadora maioria ("By far the majority") dos acusados era descrita como de origem asiática, nomeadamente paquistanesa. Esse facto relatado pelas vítimas teve como consequência algum "nervosismo" pela parte dos funcionários que recolhiam as queixas: Tiveram medo de identificar a origem dos criminosos por receio de serem acusados de racismo. Alguns relataram mesmo indicações concretas da parte dos seus superiores para ocultarem o facto.
Os crimes que não podem ser
O politicamente correcto que se infiltra cada vez mais no nosso discurso e nas nossas acções foi assim directamente responsável por, pelo menos, não se ter agido mais rapidamente num meio que, neste caso, era o foco dos agentes duma rede bárbara. Como consequência os crimes não só se prolongaram como as vítimas cujas denúncias foram ignoradas - tendo algumas mesmo sido tratadas com "desdém" - se viram abandonadas pelo estado.
Um caso destes deixa muito que pensar. A escala é brutal e a verdadeira investigação só agora começou, mas a quantidade de sinais que foram ignorados lembrou-me o caso Casa Pia, quando havia quem dissesse que as saídas nocturnas dos rapazes da instituição eram testemunhadas regularmente pelos vizinhos ao mesmo tempo que o Parque Eduardo VII era conhecido como local de prostituição infantil. Há poucas coisas que me pareçam mais abjectas do que a violência sobre crianças. Calar, neste caso, é consentir na destruição duma vida. Se no caso inglês foi uma errada noção de multiculturalismo que prolongou os crimes então isso é mais um sintoma de que algo está muito errado nos dias que correm.
A Europa e o Futuro
A Europa, e dentro da Europa o Reino Unido duma forma particular, tem cedido a certas noções erradas de multiculturalismo que levam a consequências previsíveis e, como neste caso, absolutamente trágicas. Não se trata de desconfiar ou de combater culturas estranhas ou estrangeiras por serem estranhas ou estrangeiras. Trata-se de não tolerar crimes independentemente do ambiente em que ocorrem. Mas trata-se também de não ter medo de denunciar crimes independentemente de quem os executa. E trata-se de reconhecer que podemos e devemos atacar o discurso do ódio e da intolerância que acontece cada vez mais - para já marginalmente apenas em Portugal - no seio das nosas comunidadas baseadas na tolerância e na liberdade. E que portanto a tolerância não pode ser usada para fazer proliferar a intolerância.
MICHAEL SEUFERT | 7:00 Quinta feira, 28 de agosto de 2014
Expresso
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