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Qual é a sua "não notícia" preferida...
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Qual é a sua "não notícia" preferida...
Nesta reentrada no tempo outonal não caem apenas as folhas velhas das árvores mas também caem administrações de bancos novos. No top 10 dos temas noticiosos da semana que passou, o tema número 1º destacado pela imprensa nacional foi o caso BES/Novo Banco e o último foi a Meteorologia. Sensivelmente a meio da tabela está o caso PT/Oi.
Como processar a informação económica?
No ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa está a desenvolver-se uma experiência com um novo sistema de filtragem e avaliação de notícias em tempo real e de análise estruturada de tendências a longo prazo.
É possível investigar cachos temáticos e trajectórias de evolução num mix de informação que permite ao mesmo tempo alimentar investigação académica pura e novas potencialidades de "business intelligence".
Fora de Portugal outras fórmulas de "jornalismo análitico" estão a testar-se. A ideia é fornecer serviço informacional a quem tem de viver no vórtice noticioso mas não tem tempo para processar a variedade de estórias que se desenrolam na mediasfera.
Por exemplo, no universo da imprensa económica acaba de ser lançada uma inovação neste sentido. Referimo-nos ao que o Financial Times está a fazer com o projecto "Antenna" . Vale a pena seguir pois é uma mistura de "curadoria jornalística" e de "redes sociais".
Neste caso o jornal começa por extrair um fluxo de de conteúdos originais de fontes que considera de confiança à torrente digital (filtro) e depois pondera de acordo com a sua força de impacto mas fazendo uma compensação para que visões alternativas não sejam pensalizadas (avaliação).
Afinal o que se aprende com "massa noticiosa"?
No caso da metodologia do Financial Times saltam à vista algumas notícias aparentemente caricatas. Uma ilustração é a abertura na cidade chinesa de Chnogqing de uma via para peões dedicada a quem caminha estando a enviar mensagens no seu smartphone. Outra ilustração é o tratamento dado à iniciativa dos EUA estarem a ajudar no combate ao ébola: afinal qual a resposta à crise? ... enviar soldados !
No entanto, estas metodologias permitem ver dimensões interessantes e pouco tratadas do espectro noticioso. No campo noticioso o mais interessante é aquilo que não foi notícia.
Descobre-se assim que a) a pareceria transatlântica EUA-UE para o comércio e o investimento pode encobrir uma alienação "grave" de soberania aos Estados, b) que os fundos de pensões públicos estão a ser parasitados de modo "obsceno" por hedge-funds, c) que a banca, incluindo sectores que foram resgatados na crise do sub-prime, está "de volta" em força aos investimentos em derivados financeiros .
No caso português o empenhamento nestas metodologias é igualmente experimental. E embora ainda seja cedo para tirar conclusões é possível detectar alguns padrões interessantes.
Uma noção emergente é que a contínua permanência de temas relacionados com empresas está a ofuscar a atenção dada à economia no seu conjunto. Ou seja, as partes podem tapar o todo.
- Por exemplo, tem sido assim criada desatenção sobre novos dados do empobrecimento em Portugal. (exemplo de notícia que passou despercebida na voracidade do dia-a-dia logo no início do mês: "Um terço dos jovens portugueses é pobre", fonte: JN, 2/9/2014).
Outra constatação eventualmente pertinente é que um caso da semana (caso: demissão da primeira administração do Novo Banco) impede o inculcamento de constatações sobre problemas estruturais em curso (problema: o persistente atraso educacional em Portugal).
- Por exemplo, mesmo estando numa fase de regresso às aulas é interessante que quase nada se falou do relatório OCDE "Education at a Glance 2014" que revelou dados muito preocupantes sobre jovens portugueses que nem estudam nem trabalham, os "nem-nem". (exemplo de cobertura: "Portugal é um dos países da OCDE onde a percentagem de jovens que não estudam nem trabalham mais tem crescido", fonte: P, 9/9/2014).
Um top de "não notícias" económicas
Eis mais um sortido de notícias mal amadas, e ainda menos reportadas. Este é assumidamente o meu "best off" pessoal da semana:
- O FMI corrige em baixa o crescimento económico mundial, de 3,7% para 3,4% em 2014. (atenção atenção: 3,7% já era também uma correcção!) e dá indícios de temer uma deflação (obrigado pela atenção!).
- A OCDE já se tinha antecipado cortanto o crescimento às principais economias, e fixando a estimativa para a Zona euro em 0,8% (desculpe: zero vírcula zero quê?!).
- Preço do petróleo em baixa está para ficar ... com desempenho fraco dos indicadores de procura industrial na China em Agosto e com uma intensa produção de petróleo na Líbia (isto quase que pede para sair como pergunta para os alunos de primeiro ano em economia e gestão: "Represente graficamente...").
- Quase toda a gente se tinha convenientemente esquecido da ideia ... mas o Ministro das Finanças italiano continua a insistir na proposta de mini-obrigações europeias para PMEs... (claro que os decisores alemães e o Ecofin continuam a ser bem sucedidos no seu tremendo esforço em ignorar estas e outras propostas!)
Moral da "estória": Os actores sociais e os agentes económicos podem teoricamente ser livres para escolher. Mas nem sempre são eles quem selecciona as informações na base das quais edificam as suas preferências e escolhas.
Por isso o jornalismo equilibrado e de qualidade é importante. Porém, a qualidade não cai do céu nem brota automaticamente do éter da internet.
O jornalismo "analítico" e de "pesquisa" pode contribuir para esse necessário re-equilíbrio. Mas dá trabalho, e exige ciência.
SANDRO MENDONÇA | 7:00 Quinta feira, 18 de setembro de 2014
Expresso
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