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Quem é ele?
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Quem é ele?
As “primárias” substituíram o deserto que rodeava Seguro por outro deserto, que não animará o país daqui a três meses.
António Costa ganhou as “primárias” por inteiro mérito de Seguro. Não vale a pena repetir que Seguro foi um péssimo secretário-geral e um desastroso candidato. Esse, esperemos, passou à história. Mas Costa não passou. Pelo contrário, agora tem de se explicar em público em vez de ouvir olimpicamente, na Quadratura do Círculo, a oposição que Pacheco Pereira fazia por ele.
E, passada a vociferação, não é hoje difícil de constatar que não sabemos nada do presuntivo primeiro-ministro que o PS nos resolveu apresentar. Parece que andou pelo Governo, que inventou o “Simplex” e que acabou por ser um razoável presidente da Câmara de Lisboa. Este currículo, embora regular, não deslumbra ninguém, nem o qualifica a ele para pastorear os portugueses. Costa saiu com habilidade e uma certa limpeza do demi-monde do PS. Parabéns.
Mas, no fim dessa aventura, o país continua sem saber o que ele quer. Pior ainda, e a começar por mim, o país não o conhece. Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, era um brilhantíssimo aluno na Faculdade de Direito. Depois trabalhou no escritório de advogados de Jorge Sampaio, Vera Jardim e Júlio Castro Caldas. E a seguir (suponho) na Assembleia da República. O que não o distingue dos milhares de indivíduos da classe média e da idade dele que tentaram a mesma carreira. Esta bagagem típica e ligeira mostra só a superfície do homem. Para falar francamente, e tirando o seu desatinado amor pelo PS, não há maneira de apurar o que ele pensa: sobre a situação da Europa e do mundo, sobre a farsa da reforma do Estado, sobre a dívida e o défice, sobre a educação e a saúde, sobre a Segurança Social e por aí fora. Por mim, e sem maldade, desconfio que muito bom português votou num buraco.
Seja como for, António Costa talvez se pudesse revelar (e é de uma revelação que no fundo se trata) através da gente que goza da reputação (neste momento invejável) de o ajudar e aconselhar. Acontece que os jornais trazem umas dezenas de nomes, mas nem um único tem uma reputação nacional e, com meia dúzia de excepções, quase todos seguiram a via-sacra, que o próprio Costa no seu tempo seguiu: partido, adjunto (ou assessor), uma freguesia qualquer, uma ignota secretaria de Estado e expedientes do estilo, perfeitos para provar a “fidelidade” ao “chefe” e para o servir. As “primárias” substituíram o deserto que rodeava Seguro por outro deserto, que não animará o país daqui a três meses.
VASCO PULIDO VALENTE 03/10/2014 - 08:16
Público
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