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Mensagem por Admin Qua Jan 21, 2015 4:15 pm

Há neste momento uma “conjunção astral” que pode proporcionar um verdadeiro choque de competitividade externa à economia europeia em geral e à economia portuguesa em particular.


Ele é a substancial redução do preço do petróleo (que arrastará o do gaz natural), ele é a baixa histórica do preço do dinheiro, ele é a considerável desvalorização do euro. 

Esta conjugação de fatores positivos, que diminui os custos de produção e embaratece as exportações europeias, deveria constituir uma oportunidade de ouro para a economia europeia sacudir o marasmo do baixo crescimento e da arrastada saída da longa recessão e inaugurar uma etapa de crescimento robusto e de criação de emprego, capaz de superar definitivamente a crise social que permanece em vários países europeus, juntamente com o desequilíbrio das contas externas, os défices orçamentais excessivos e o crescimento da dívida pública.

No caso de Portugal, a economia nacional pode tirar partido não somente da retoma europeia em geral - sendo certo que os principais destinos das nossas exportações estão dentro da própria União Europeia - mas também de algumas vantagens específicas. A primeira é o impacto positivo do "programa de ajustamento" na competitividade das empresas, mercê da redução média dos custos salariais, da maior flexibilidade laboral e da baixa do IRC. Acresce a evidente recuperação da procura interna, agora espevitada por algum aumento de rendimento disponível, mercê da redução de algumas medidas de austeridade em relação a pensionistas e funcionários públicos. Não menos importante é o efeito dinamizador criado pelos investimentos financiados pelos fundos europeus, que agora se iniciam, e do novo programa de financiamento de investimentos estratégicos da União Europeia. 

Não podem evidentemente esquecer-se os vários fatores contraproducentes, que podem limitar ou travar os referidos elementos virtuosos. No plano internacional basta referir o profundo impacto negativo da baixa dos preços do crude em Angola, o nosso principal cliente fora da Europa; no plano europeu, há que contar com a ameaça deflacionista (que pode retrair o consumo e o investimento) e com a evolução da crise grega em caso de vitória do Syriza nas próximas eleições; no plano económico interno, continua a pesar negativamente o excessivo endividamento das empresas, que limita a sua capacidade de recurso ao crédito para investimento, situação agravada por critérios mais estritos de concessão de crédito pela banca.


Pesem embora estas condicionantes, não podem porém subestimar-se as potencialidades da conjuntura, tanto mais que tudo indica que os fatores positivos não se apresentam como efémeros, mas sim como perduráveis e consistentes. Trata-se por isso de um teste decisivo à economia e às empresas, tanto na UE em geral como em Portugal em especial. É difícil imaginar melhor situação para contrariar decididamente a tese da condenação da economia europeia à estagnação duradoura e ao desemprego estrutural elevado. Mas, se falharmos esta conjunção positiva, então percamos toda a esperança.

Vital Moreira 
00.05 h
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