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Mensagem por Admin Sáb Jan 24, 2015 2:54 pm

Conhecer o gelo 14188927222233

Como se, para caminhar, precisássemos de trilhar outros caminhos, buscar outras casas e substituir o gelo por qualquer outra promessa de mistério e desafio

"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e cana ..." Assim começa "Cem Anos de Solidão", e assim, também, começam, continuam e acabam todas as vidas. Por mais voltas que dêem ou que nelas se dê, serão sempre marcadas por essa tarde em que pai, mãe ou quem deles tenha feito as vezes nos levou a ver o gelo, e quem diz o gelo diz qualquer outra metáfora do desconhecido, da promessa e do desafio - que os anos convertem, mais do que em conquista, em nostalgia ou em imperfeição. Toda a vida e todas as vidas são feitas da relação com essa promessa inicial, e da relação com quem nos mostrou a mesma, frequentemente os pais - ou a família, se quisermos alargar as vistas e olhar toda a nossa Macondo. Todos os caminhos da vida (incluindo os que insuportavelmente se bifurcam) são de fuga ou de regresso a Macondo, de afastamento ou de aproximação, de imitação ou de repulsa, de avanços e recuos num caminho onde no horizonte estará sempre a Macondo de cada um.

Depois da infância, em que predomina o deslumbramento pela visão do gelo, vem o tempo que precede a idade adulta e vêm as primícias desta, tempos quase sempre ocupados no (aparente) afastamento daqueles que nos levaram a conhecer o gelo e daquela aldeia de casas de barro e cana. Como se para caminhar precisássemos de trilhar outros caminhos, buscar outras casas e substituir o gelo por qualquer outra promessa de mistério e desafio. Mas esses tempos de afastamento - que são tão necessários para o que caminha quanto duros para os que o levaram a conhecer o gelo - não são de verdadeiro afastamento, são apenas outras formas de caminhar para o mesmo lado; o que, lá para o Verão da idade adulta, se começa a perceber com cada vez maior clareza. Andámos para longe, andámos às vezes em círculos, para diante e para trás, mas sempre para Macondo, e sempre com Macondo. Só o percebemos nessa altura. Conrad - que também se fartou de andar - dizia que tudo o que a vida nos pode dar é um certo conhecimento sobre ela que chega tarde de mais. É verdade, e dramático. Ou talvez não, pois talvez chegue no tempo certo. Se chegasse antes, não nos impediria de viver?

Que longo caminho percorreu o coronel Aureliano Buendía. Que afastamentos, que avanços e recuos, que longe às vezes ficou o seu pai, que naquela tarde o levara a conhecer o gelo. Quantos horizontes diferentes da nossa aldeia de casas de barro e cana. Quantos momentos em que sentimos que os pais ou a família (olhando mais largo) nos colocam agulhas ou sanguessugas se a proximidade for excessiva. Mas quanta necessidade também disso, sempre num misto de ternura e de acrimónia, ansiosas e exigentes, entrelaçadas uma na outra, como uma coisa só, intensa e viva. Perante o pelotão de fuzilamento, o coronel Buendía não poderia recordar outra coisa que não aquela sua tarde pela mão do pai.

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Por Rui Patrício
publicado em 24 Jan 2015 - 08:00
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