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O Estado somos nós?
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O Estado somos nós?
Males assentes num excesso de regulação que promove uma cultura de regalias e de concentração do poder e dinheiro nas mãos de governantes e empresários cortesãos.
O destaque do "Observador" à entrevista de Daniel Bessa - "Não consigo olhar para a PT hoje sem ver a fotografia de Sócrates" - aviva as caras da promiscuidade em Portugal e as complexas teias de corrupção entre o poder político e o poder económico. Redes (formais e informais) que se louvam na crença de que "o Estado somos todos nós".
Justificando um Estado fiscal que não só nos obriga a pagar por tudo e por nada, como facilita a vida a quem o manipula: em jogos de poder combinados entre sindicatos e partidos que, na concertação, trocam privilégios por votos. Dando, assim, aval ao tráfico de influências e crédito a lavagens de dinheiro.
Males assentes num excesso de regulação que promove uma cultura de regalias e de concentração do poder e dinheiro nas mãos de governantes e empresários cortesãos. Gerando uma casta de parasitas que, com a cumplicidade dos media, manipula dois sentidos muito diferentes do termo Estado. Um, que designa a sociedade organizada, com governo autónomo, em que nós somos todos membros do Estado: o Estado somos nós. E outro, como diria B. de Jouvenel, que denota o aparelho que governa a sociedade. Aqui os seus membros são os que partilham do Poder: o poder são eles.
Ora a esperteza destes, que vivem da gestão e controlo dos interesses instalados, foi conseguir deslocar o sentido da palavra de modo que o Estado, em vez de significar o aparelho que comanda a Sociedade, passasse a traduzir a ideia de que a Sociedade se comanda a si mesma. Uma fraude intelectual inconsciente que levou a que o aparelho governamental, de expressão da Sociedade, se transformasse em máquina estatal com poderes e interesses próprios.
Truque feito, antes, em nome de um Estado de bem-estar, e agora em defesa do bem-estar de um Estado cada vez mais capturado por uma oligarquia que se afirma como dona disto: num para si tudo e para os outros o rigor da lei.
Daí que tantos oligarcas, quando apanhados em favores amigos, se afirmem, logo, vítimas de engano e perseguição, exigindo trato de favor: fora - acima - da lei.
Costumo ilustrar esta esquizofrenia com um texto de um director-executivo adjunto do "Jornal de Notícias", que, em nome da devolução da "moral ao Estado", a propósito dos "vistos gold", concluiu que "o Estado foi conscientemente enganado pelo próprio Estado." Um incrível "JN" que, em letra garrafal, na 1º página do dia 26, anunciou: "Grécia, o princípio do fim da austeridade." A mesma tonteira mediática que deu aval a centros de decisão nacional e ao circo que se seguiu, e que, por tão devotada a contos infantis, se revela incapaz de perceber que o compadrio (capitalista/socialista) só pode funcionar para os amigos, e que os amigos não podem ser todos. Felizmente, esta imprensa está destinada a perder leitores à medida que a crise nos torna menos tolos e a falta de dinheiro na política deixa de atrair tantos amigos da onça e do alheio.
José Manuel Moreira
00.05 h
Económico
O destaque do "Observador" à entrevista de Daniel Bessa - "Não consigo olhar para a PT hoje sem ver a fotografia de Sócrates" - aviva as caras da promiscuidade em Portugal e as complexas teias de corrupção entre o poder político e o poder económico. Redes (formais e informais) que se louvam na crença de que "o Estado somos todos nós".
Justificando um Estado fiscal que não só nos obriga a pagar por tudo e por nada, como facilita a vida a quem o manipula: em jogos de poder combinados entre sindicatos e partidos que, na concertação, trocam privilégios por votos. Dando, assim, aval ao tráfico de influências e crédito a lavagens de dinheiro.
Males assentes num excesso de regulação que promove uma cultura de regalias e de concentração do poder e dinheiro nas mãos de governantes e empresários cortesãos. Gerando uma casta de parasitas que, com a cumplicidade dos media, manipula dois sentidos muito diferentes do termo Estado. Um, que designa a sociedade organizada, com governo autónomo, em que nós somos todos membros do Estado: o Estado somos nós. E outro, como diria B. de Jouvenel, que denota o aparelho que governa a sociedade. Aqui os seus membros são os que partilham do Poder: o poder são eles.
Ora a esperteza destes, que vivem da gestão e controlo dos interesses instalados, foi conseguir deslocar o sentido da palavra de modo que o Estado, em vez de significar o aparelho que comanda a Sociedade, passasse a traduzir a ideia de que a Sociedade se comanda a si mesma. Uma fraude intelectual inconsciente que levou a que o aparelho governamental, de expressão da Sociedade, se transformasse em máquina estatal com poderes e interesses próprios.
Truque feito, antes, em nome de um Estado de bem-estar, e agora em defesa do bem-estar de um Estado cada vez mais capturado por uma oligarquia que se afirma como dona disto: num para si tudo e para os outros o rigor da lei.
Daí que tantos oligarcas, quando apanhados em favores amigos, se afirmem, logo, vítimas de engano e perseguição, exigindo trato de favor: fora - acima - da lei.
Costumo ilustrar esta esquizofrenia com um texto de um director-executivo adjunto do "Jornal de Notícias", que, em nome da devolução da "moral ao Estado", a propósito dos "vistos gold", concluiu que "o Estado foi conscientemente enganado pelo próprio Estado." Um incrível "JN" que, em letra garrafal, na 1º página do dia 26, anunciou: "Grécia, o princípio do fim da austeridade." A mesma tonteira mediática que deu aval a centros de decisão nacional e ao circo que se seguiu, e que, por tão devotada a contos infantis, se revela incapaz de perceber que o compadrio (capitalista/socialista) só pode funcionar para os amigos, e que os amigos não podem ser todos. Felizmente, esta imprensa está destinada a perder leitores à medida que a crise nos torna menos tolos e a falta de dinheiro na política deixa de atrair tantos amigos da onça e do alheio.
José Manuel Moreira
00.05 h
Económico
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