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Não é o Syriza, estúpido!
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Não é o Syriza, estúpido!
É mais fácil encontrar compreensão e simpatia pelas propostas do Syriza no Financial Times, na Economist, na Reuters, na Bloomberg ou nas páginas de economia e finanças do conservador Daily Telegraph do que na generalidade dos media.
E a razão é simples: são essas publicações quem acompanha mais de perto - e com mais conhecimento - o desastre que tem sido a resposta europeia à crise, em particular na Grécia. O discurso moralista e vagamente xenófobo com que se fala da situação dos países devedores - que também são os mais frágeis da EU - tem, por isso, mais dificuldade em afirmar-se. Quem sabe o que se passa na economia europeia e na economia grega sabe que a Grécia estava num beco sem saída, sabe que o que estava a ser pedido aos gregos era ilógico e impossível de cumprir, sabe - porque é por demais evidente - que a Grécia precisava urgentemente de pôr termo à política de "'waterboarding' orçamental" a que estava sujeita e que se limitou a criar uma enorme depressão económica e uma crise humanitária.
Não é possível, e muito menos é sério, falar do radicalismo do Syriza sem falar do radicalismo (e absurdo) do que foi imposto aos gregos desde 2010. Recapitulemos o que se passou desde 2010, quando foi acordado o primeiro programa de resgate à Grécia: desprezando todos os ensinamentos da história, foi pedido à Grécia que, no meio de uma violenta crise económica e financeira, encolhesse selvaticamente a sua economia para honrar os seus compromissos com os credores. Tudo isto enquanto se emprestava mais dinheiro à Grécia para cumprir tão desvairado programa. Como é evidente, os resultados são os que se conhecem: a economia grega encolheu mais de 25%, o desemprego está acima dos 25% há quase cinco anos (acima dos 60% para os jovens), há um partido Nazi com assento no Parlamento. E a dívida, apesar de várias restruturações, disparou, aproximando-se dos 180% do PIB. O Syriza é, portanto, uma consequência, nunca a causa, dos problemas que a Grécia enfrenta.
A maior tragédia para os Gregos nem é a destruição do seu país. É, perante essa destruição, haver quem fale de progressos e, dogmaticamente, insista na continuidade e aprofundamento das actuais políticas. Antes de saber se as propostas do governo grego são ou não razoáveis, há uma questão prévia, essa sim um pressuposto de qualquer negociação: é necessário olhar para a realidade grega e constatar que o programa de "ajuda" à Grécia afundou o país, fracassou e tem de ser radicalmente revisto, sob pena de se transformar um programa de ajustamento num puro diktat, em que a violência e o poder dos credores se substitui à razão e ao diálogo. Enquanto isto não acontecer, o radicalismo que nos deve preocupar não é seguramente o do Syriza.
João Galamba - Elemento na bancada e porta-voz de PS "Partido Socialista" no Parlamento Português
00.05 h
Económico
E a razão é simples: são essas publicações quem acompanha mais de perto - e com mais conhecimento - o desastre que tem sido a resposta europeia à crise, em particular na Grécia. O discurso moralista e vagamente xenófobo com que se fala da situação dos países devedores - que também são os mais frágeis da EU - tem, por isso, mais dificuldade em afirmar-se. Quem sabe o que se passa na economia europeia e na economia grega sabe que a Grécia estava num beco sem saída, sabe que o que estava a ser pedido aos gregos era ilógico e impossível de cumprir, sabe - porque é por demais evidente - que a Grécia precisava urgentemente de pôr termo à política de "'waterboarding' orçamental" a que estava sujeita e que se limitou a criar uma enorme depressão económica e uma crise humanitária.
Não é possível, e muito menos é sério, falar do radicalismo do Syriza sem falar do radicalismo (e absurdo) do que foi imposto aos gregos desde 2010. Recapitulemos o que se passou desde 2010, quando foi acordado o primeiro programa de resgate à Grécia: desprezando todos os ensinamentos da história, foi pedido à Grécia que, no meio de uma violenta crise económica e financeira, encolhesse selvaticamente a sua economia para honrar os seus compromissos com os credores. Tudo isto enquanto se emprestava mais dinheiro à Grécia para cumprir tão desvairado programa. Como é evidente, os resultados são os que se conhecem: a economia grega encolheu mais de 25%, o desemprego está acima dos 25% há quase cinco anos (acima dos 60% para os jovens), há um partido Nazi com assento no Parlamento. E a dívida, apesar de várias restruturações, disparou, aproximando-se dos 180% do PIB. O Syriza é, portanto, uma consequência, nunca a causa, dos problemas que a Grécia enfrenta.
A maior tragédia para os Gregos nem é a destruição do seu país. É, perante essa destruição, haver quem fale de progressos e, dogmaticamente, insista na continuidade e aprofundamento das actuais políticas. Antes de saber se as propostas do governo grego são ou não razoáveis, há uma questão prévia, essa sim um pressuposto de qualquer negociação: é necessário olhar para a realidade grega e constatar que o programa de "ajuda" à Grécia afundou o país, fracassou e tem de ser radicalmente revisto, sob pena de se transformar um programa de ajustamento num puro diktat, em que a violência e o poder dos credores se substitui à razão e ao diálogo. Enquanto isto não acontecer, o radicalismo que nos deve preocupar não é seguramente o do Syriza.
João Galamba - Elemento na bancada e porta-voz de PS "Partido Socialista" no Parlamento Português
00.05 h
Económico
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