O mundo está um local perigoso

Sempre esteve, é verdade, mas a situação agravou-se nos últimos tempos. Ou estamos muito enganados ou desde o início da Segunda Guerra Mundial (com as consequências que se sabem) e da crise dos mísseis de Cuba (que felizmente não deu em guerra quente, apenas prolongou a fria) que não vemos o mundo tão perigoso.

Há um filme de Jean Renoir, "A Regra do Jogo", de 1939, em que os protagonistas "andavam alegremente a dançar em cima de um vulcão". O vulcão iria mesmo explodir (com as consequências que se sabem). Parece-me que, neste momento na Europa, e no mundo, andamos outra vez a bailar perigosamente em cima de várias crateras. A paranóia e o fanatismo do Exército Islâmico não devem dar sossego a ninguém. A alguns milhares têm dado mesmo fortes dores de cabeça, quando ficam sem elas pelos processos mais bárbaros. Mas o que se passa em África não é de menor gravidade, nomeadamente na Nigéria, onde impera o Boko Haram. Mas passando rapidamente à Europa, a Ucrânia é um rastilho de pólvora que Putin por um lado e os ocidentais pelo outro parecem estar muito interessados em acender. 

O mesmo se passa com o acolhimento dado às propostas do novo governo grego, que inflamaram as "pacíficas" gentes que governam há umas décadas em nome do neoliberalismo e do capitalismo mais radical e corrupto, a grande maioria dos países da UE. Que permaneça no poder (ao que julgamos) um governo cripto fascista na Hungria, não incomoda os esclarecidos espíritos que nos governam. Mas um arzinho de insurreição na Grécia é o diabo! A verdade é que isto anda tudo ligado ao capital, à alta finança, aos interesses mais venais que se possa imaginar. Como se já não chegasse o que se tem vindo a saber por aqui (e lá por fora), agora chega-nos a confirmação do que há muito era sabido de ciência certa: a Suíça como paraíso de branqueamento de capitais. Ora será que a malta aguenta este estado de coisas sem pestanejar muito mais tempo? Quando o vulcão rebentar (com as consequências que se calculam) os politiqueiros deste tempo que sobrevivem acocorados às ordem do capital internacional (dos EUA à China, do Islão à Europa, tudo a mesma tropa-fandanga!) vão ter muito que contar. Mas, infelizmente, mais uma vez, quem irá pagar as favas, será o zé-povinho.

Escreve à sexta-feira

Por Lauro António
publicado em 13 Fev 2015 - 08:00
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