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Esta gente vive em que mundo?
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Esta gente vive em que mundo?
No sentido do que dizia Gasset, se não se concretizam as circunstâncias de há seis meses, não se salva nem o eu nem a circunstância
As circunstâncias têm as costas largas e têm servido para tentar justificar a falta de coragem, a inexistência de convicções ou os tacticismos. No entanto, estava certo o filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955) quando afirmou “Eu sou eu e a minha circunstância e se não a salvo não salvo a mim mesmo”. Em Portugal entrou-se numa fase em que muitos tentam salvar as circunstâncias para se salvarem a si próprios. Só esse “salve-se quem puder” pode sustentar o chorrilho de dislates e disparates com que os portugueses têm sido brindados.
O governo PSD/CDS, indiferente à realidade mas atento à circunstância pré-eleitoral, desmultiplica-se em declarações em registo de “chá e simpatia” que raiam o insultuoso quando confrontados com o cadastro de quatro anos de governação. O primeiro-ministro Passos Coelho afirma que, “depois de tanto tempo, a juventude já encontra oportunidades em Portugal”, a ministra das Finanças vangloria-se de ter “os cofres cheios” enquanto aplica a maior carga fiscal da história da democracia (37% do PIB) e o ministro Poiares Maduro tem o desplante de afirmar que “este governo tem demonstrado uma enorme preocupação com o respeito pela autonomia do poder local”. Esta gente vive em que mundo? No mundo real, o desemprego jovem continua pujante, as pessoas continuam com enormes dificuldades e as autarquias locais são permanentemente fustigadas com imposições do poder central que violam a sua autonomia e a capacidade de resposta aos problemas dos cidadãos e dos territórios.
A maioria PSD/CDS, tocada pelo rebate eleitoral, não olha a meios para atingir determinados fins e ganha um inusitado fôlego. Na Madeira disfarçam os amores da República fingindo que PSD e CDS não são faces da mesma sociedade política. Em busca do voto, vale tudo. O CDS/Madeira finge que não tem nada a ver com o que Portas e Passos fazem na República. O PSD/Madeira simula que não é depositário da herança de Jardim nem quis que Pedro Passos Coelho participasse na campanha eleitoral, tais são as divergências. No entanto, segunda-feira, os partidos da coligação de governo na República estarão aos abraços a renovar os votos de amor político eterno para as legislativas. É certo que, ao invés do que aconteceu com as autárquicas, em que o PS ganhou 150 municípios, na Madeira, Victor Freitas e o PS/Madeira não contaram com o mesmo empenho da direcção nacional do PS e dos comentadores próximos do PS, mas só é derrotado quem desiste de lutar. E muitos não quiseram perceber que na Madeira também se jogava um suplemento de ânimo para as legislativas. Domingo, os madeirenses e os porto-santenses decidem em função das circunstâncias. Mudança com a coligação liderada pelo PS e por Victor Freitas ou continuidade com o PSD e o CDS.
Depois de durante os últimos meses o PS e a esquerda em geral terem alimentado uma panóplia de nomes para Belém, numa espécie de bumerangue presidencial, o resultado está à vista. O bumerangue é aquele objecto que é arremessado para atingir um alvo e que se o falha regressa ao ponto de origem. De tanto arremesso de nomes e da falta de estratégia, a história repete-se e acaba por surgir um candidato que é militante do PS, Henrique Neto. E, não discutindo os méritos de uma decisão individual e constitucional, não é com insultos dos apaniguados ou com a incoerência entre a expressão da indiferença e o ataque nas redes sociais, que se responde à circunstância de um exercício democrático ou se honra a história do PS. Como dizia António Costa, “Se pensarmos como a direita acabamos a governar como esta”, mas se agirmos como a direita não há nenhuma circunstância que nos valha, alguns no PS serão iguais aos da direita.
Em seis meses podem ter mudado muitas circunstâncias, muitos estados de alma e muitas perspectivas, mas as pessoas continuam a precisar de esperança num futuro melhor. E afinal, no sentido do que dizia Gasset, se não se concretizam as circunstâncias de há seis meses, conquistar uma maioria absoluta, não se salva nem o eu nem a circunstância. Este é o tempo de afirmar o “nós”, não apenas por decreto, e já vamos tarde no ânimo dado à direita. Tarde, mas ainda a tempo das circunstâncias da realidade das pessoas e dos territórios.
Membro da comissão política nacional do PS
Escreve à quinta-feira
Por António Galamba
publicado em 26 Mar 2015 - 08:00
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