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A boa e a má moeda
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A boa e a má moeda
Fez, no passado dia 20 de Fevereiro, dez anos que a "boa moeda" do Prof. Aníbal Cavaco Silva subiu ao poder.
O político português mais bem-sucedido e há mais tempo na vida política activa, que sempre renegou, ganhava as suas eleições legislativas, dez anos volvidos. Não, não falo de Sócrates.
Cavaco Silva, em 2005, não podia contar com Santana Lopes como Primeiro-Ministro. A caminhada para 2006 era logo ali, por isso havia o incómodo de uma candidatura Presidencial sem o apoio do seu Partido (o "seu" PSD de todas as campanhas, que, em todo o tempo, mormente durante o seu longo consolado como Primeiro-Ministro, tentou moldar à sua imagem e semelhança), ou ao lado de alguém que ele não "controlava", de quem não era um cavaquista indefectível, seria sempre de evitar.
Ora, ao longo do seu percurso, sempre meticulosa e obsessivamente bem preparado, desde a saída precoce de Ministro das Finanças, até à rodagem do Citroën BX na Figueira da Foz, passando pelo interregno de dez anos como Professor de Finanças Públicas, a intervir cirurgicamente, Cavaco Silva sempre teve bem claro o seu Partido. O interesse próprio.
Foi com esse espírito que elucubrou uma Lei de Gresham política, neste mesmo semanário de referência.
Passado um decénio, muitos foram os políticos que passaram, muitos foram os que prometeram mundos e fundos e muitos os que falharam redondamente.
Uma década depois quase entrámos em bancarrota. Fomos abaixo e de uma forma tão brutal que pagámos caro com estes últimos anos de ajustamento.
Mas dez anos depois, vivemos descansados. Cavaco Silva alcançou Belém e foi Presidente. Com este descanso quase nem demos pelo insigne Professor no cargo de Presidente. Quer pela falta de atitude, quer por declarações que pouco nos orgulharam.
Seria tempo para perguntar ao senhor Professor: foi esta a boa moeda, que tanto pediu, a razão de Portugal estar como está?
Tenho dúvidas que o Professor de Finanças Públicas Cavaco Silva diga que sim. No entanto, o "não político", mais político do regime, soube estar e fazer bem o que tinha que ser feito, para alcançar os seus objectivos pessoais. E nestas coisas, mesmo quando olhamos para trás, convém aclarar a memória. Lembremo-nos de quem ajudou Cavaco nas suas intenções. Relembro que, este mesmo jornal, o Expresso noticiou um célebre almoço, relembrado no Público, no artigo BES: Crónica do fim do impéri o: "O BES estava a tornar-se um pólo de atracção de interesses empresários, financeiros, políticos. E os centros de poder geram conivências e laços de solidariedade. O mandato presidencial de Jorge Sampaio vai concluir-se a 9 de Março de 2006 e nos corredores políticos correm rumores de que Santana Lopes planeia avançar. É tempo de encontrar um candidato. Quem melhor do que o ex-colaborador do banqueiro, Durão Barroso, agora em São Bento, para debater o tema? Então, Salgado convida o ainda primeiro-ministro e a mulher, Margarida Sousa Uva, para um jantar na casa de Cascais, que estende a mais dois casais: Aníbal e Maria Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa e Rita Amaral Cabral, que viria a ser administradora não executiva do BES."
Pois. Como dizia muitas vezes Milton Friedman: não há almoços grátis.
Todavia, o tempo passou e estamos agora, em circunstâncias muito especiais. Temos eleições legislativas, seguidas de presidenciais.
São decisões importantes que teremos de tomar e que irão influenciar os nossos próximos 4 a 5 anos e condicionar a década seguinte. Não há volta a dar e convinha não ter mais uma década perdida. É que, se tivermos em linha de conta o deve e o haver, passámos por dez penosos anos. Estamos globalmente piores, com algumas excepções sectoriais, e substancialmente mais pobres.
Faço esta caminhada pelas brumas da memória, para deixar um pequeno apelo. Basta de cheques em branco em políticos que nos prometem o céu na terra e nos levam ao inferno. Nesta década perdida, percebemos que muitos políticos não entendem o voto como um contrato, que assumem com o povo que os elegeu. Basta olhar para as eleições anteriores e perceber esse enquadramento. Sócrates prometeu 150 mil empregos, baixar os impostos e dar um mundo de benesses aos portugueses. Santana Lopes andou a falar em portagens nas SCUTs, em possíveis aumentos de impostos e o resultado está à vista.
Em 2009, a história repetiu-se com Sócrates a aumentar a função pública em 2,9%, a prometer TGVs e mais pontes sobre o Tejo, Aeroportos na Ota ou noutro sítio qualquer e Manuela Ferreira Leite a dizer que não havia dinheiro para nada e que o Estado estava em difícil situação financeira. Pois. E não é que a Troika chegou logo logo a seguir? E posteriormente também Passos Coelho enveredou pelo mesmo caminho de prometer manter subsídios de férias e Natal, mas fruto da situação financeira e dos compromissos externos assumidos, Portugal arrepiou caminho.
São horas de pedir que nos tratem a nós, os eleitores, com um pouco de decência e respeito.
Já nem peço muito. Apenas que quem quer liderar Portugal diga a verdade, tendo em atenção o quadro macroeconómico que o País enfrenta e a realidade europeia. Sem rodeios, nem conversas de "afinal não era este o cenário com que contava", logo no dia seguinte à vitória eleitoral. Já chega de desilusões e do discurso eleitoral do costume.
Já chega de lutar por ser o bom aluno, a qualquer custo, sem que isso dê frutos à maioria dos portugueses, ao invés das palmadinhas nas costas do Directório europeu. O hábito do bom aluno, um legado dos anos 90, descurando o interesse nacional e sectores económicos relevantes, não é prudente. O que é prudente é cumprir, mantendo o foco no que é vital para o país. Não se pode hipotecar o futuro, por boas notas efémeras. Esta Europa que, com Draghi, nos trouxe uma verdadeira bazuca, voltou a dar indícios de transformação, esperemos que agora no sentido certo, com as recentes declarações de Juncker. De facto, a moeda que nos trouxe até aqui está a ficar desvalorizada.
É tempo de os políticos olharem para o momento do voto como se de um contrato rigoroso se tratasse. Apresentem as suas propostas, programas sérios e realistas de Governo e manifestos eleitorais coerentes e que possam cumprir. Cada palavra e cada proposta, só assim será respeitada a vontade dos eleitores, que poderão escolher aquilo que será o rumo das políticas a concretizar.
E já agora, acabem lá com os almoços restritos, do círculo dos iluminados, que decidem o nosso futuro colectivo. Já chega de elites bafientas que apenas nos condicionam o futuro. O futuro tem de estar nas nossas mãos e por nós ser escolhido conscientemente de forma clara e transparente, sem rodeios.
Haja esperança para o nosso futuro.
7:00 Segunda feira, 23 de fevereiro de 2015
Expresso
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