Verdade ou mentira

“Bebe-se a largos sorvos a mentira que nos lisonjeia, e gota a gota a verdade que nos é amarga.” Rousseau 
 
Entretiveram-se esta semana políticos e comunicação social com as declarações de António Costa a um grupo de representantes da comunidade chinesa em Portugal, a quem garantiu que o nosso país estava numa situação muito diferente da que se encontrava há quatro anos. Melhor, entenda-se. 
 
Caiu o Carmo e a Trindade para os lados da esquerda, que viu nesta afirmação a confirmação do “sucesso” da política de austeridade e regozijaram-se os partidos do governo que, naturalmente, apoiaram as palavras do líder do PS. 
 
Confrontado com a polémica, António Costa justificou-se com o interesse nacional. Falava para uma comunidade de investidores estrangeiros e, por isso, devia “valorizar os factores positivos”.
Não o disse, mas admitiu que teve de mentir, “a Bem da Nação”. 
 
Ou terá falado verdade, mesmo com a consciência de que ela não seria útil para os seus objectivos políticos? Terá Costa puxado pela Ética, em detrimento da Política? 
 
Seria interessante esclarecer este ponto, até porque o facto seria raro e, embora com custos no imediato, talvez trouxesse ganhos futuros. 
 
Talvez, acentuo. Porque vivemos na era da “mentira global”, e é esta que, na maior parte dos casos, traz vantagens. 
 
António Costa tem aqui uma oportunidade de provar que é diferente. 
 
Citando, mais uma vez, Gandhi, “a verdade é dura como diamante”.
Escreve à segunda-feira 

Por António Luís Marinho
publicado em 2 Mar 2015 - 08:00
Jornal i