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Patriotismo e globalização
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Patriotismo e globalização
O sonho desfez-se e gerou uma Europa pequenina, sem fronteiras nem política externa, afogada num turbilhão de directivas mesquinhas, servindo o grande capital e os lóbis.
A construção e organização dos Estados ao longo dos séculos deram lugar a conceitos estruturantes cuja importância vai variando consoante os ventos da História.
Noções como as de país, nação, pátria podem ser apreendidas num bom dicionário. Mas a sua explicitação na realidade é revelada com matizes e cambiantes, que decorrem muitas vezes das ideologias dominantes. Vejamos o caso português. Começamos por ser um país em formação dinâmica, crescendo e alterando os limites, mas património de um rei a quem se devia fidelidade. A crise de 1383/85 trouxe aos homens, famílias e regiões o angustiante dilema de decidir entre respeitar a legitimidade dinástica ou acreditar na nação em gestação.
Venceu a última opção, abrindo caminho a uma pátria que D. João II soube magistralmente construir.Durante séculos Portugal assumiu-se como país, nação e pátria, com fortíssimas oscilações que não afectaram a matriz fundacional.
A revolução dos cravos abriu novas vivências a um país fechado sobre o seu próprio destino e libertou muitas ilusões. A descoberta das teses marxistas, em colapso por todo o mundo, fez crer que os amanhãs que cantam inundariam a terra inteira. Importava por isso valorizar os conceitos de universalismo, massificação e globalização, apoucando os valores tradicionais. Foi curiosa a mudança de léxico. Patriotismo sofreu uma epêntese e passou a patrioteirismo. Nacionalismo foi adjectivado e ficou nacionalismo bacoco. Pátria, simplesmente desapareceu.
A suprema ironia acontece quando a ideologia neoliberal se afirma no mundo exaltando os mercados, albergue espanhol onde convivem investidores, agiotas, especuladores e lavadores de dinheiro, e se apropria dos conceitos de internacionalização e globalização de tal modo que os guardiães do fogo sagrado marxista, em desespero, quase os renegam hoje. Francisco Louçã disse esta coisa espantosa ao DN: " O PS e o PSD são partidos colaboracionistas, e isso é traição à pátria". Impensável alguém da esquerda radical dizer esta frase anos atrás.
Portugal tem sobrevivido a bonanças e procelas e foi preservando a sua soberania. Hoje isso já não é mais possível porque, nação atlântica, aderiu ao sonho tentador de De Gaulle," uma Europa das Pátrias, do Atlântico aos Urais". O drama é que o sonho se desfez e gerou uma Europa pequenina, sem fronteiras nem política externa, afogada num turbilhão de directivas mesquinhas, servindo o grande capital e os lóbis, idolatrando os mercados, com uma Comissão medíocre serventuária do subliminar projecto imperial teutónico. A intervenção com desfaçatez na política interna da Ucrânia ultrapassou o imaginável, provocando a Rússia que devia ser Europa.
A História está condenada a repetir-se. Foi na Rússia que Napoleão e Hitler quebraram os queixos. Que irá acontecer à senhora Merkel?
Rui do Amaral Leitão
00.05 h
Económico
A construção e organização dos Estados ao longo dos séculos deram lugar a conceitos estruturantes cuja importância vai variando consoante os ventos da História.
Noções como as de país, nação, pátria podem ser apreendidas num bom dicionário. Mas a sua explicitação na realidade é revelada com matizes e cambiantes, que decorrem muitas vezes das ideologias dominantes. Vejamos o caso português. Começamos por ser um país em formação dinâmica, crescendo e alterando os limites, mas património de um rei a quem se devia fidelidade. A crise de 1383/85 trouxe aos homens, famílias e regiões o angustiante dilema de decidir entre respeitar a legitimidade dinástica ou acreditar na nação em gestação.
Venceu a última opção, abrindo caminho a uma pátria que D. João II soube magistralmente construir.Durante séculos Portugal assumiu-se como país, nação e pátria, com fortíssimas oscilações que não afectaram a matriz fundacional.
A revolução dos cravos abriu novas vivências a um país fechado sobre o seu próprio destino e libertou muitas ilusões. A descoberta das teses marxistas, em colapso por todo o mundo, fez crer que os amanhãs que cantam inundariam a terra inteira. Importava por isso valorizar os conceitos de universalismo, massificação e globalização, apoucando os valores tradicionais. Foi curiosa a mudança de léxico. Patriotismo sofreu uma epêntese e passou a patrioteirismo. Nacionalismo foi adjectivado e ficou nacionalismo bacoco. Pátria, simplesmente desapareceu.
A suprema ironia acontece quando a ideologia neoliberal se afirma no mundo exaltando os mercados, albergue espanhol onde convivem investidores, agiotas, especuladores e lavadores de dinheiro, e se apropria dos conceitos de internacionalização e globalização de tal modo que os guardiães do fogo sagrado marxista, em desespero, quase os renegam hoje. Francisco Louçã disse esta coisa espantosa ao DN: " O PS e o PSD são partidos colaboracionistas, e isso é traição à pátria". Impensável alguém da esquerda radical dizer esta frase anos atrás.
Portugal tem sobrevivido a bonanças e procelas e foi preservando a sua soberania. Hoje isso já não é mais possível porque, nação atlântica, aderiu ao sonho tentador de De Gaulle," uma Europa das Pátrias, do Atlântico aos Urais". O drama é que o sonho se desfez e gerou uma Europa pequenina, sem fronteiras nem política externa, afogada num turbilhão de directivas mesquinhas, servindo o grande capital e os lóbis, idolatrando os mercados, com uma Comissão medíocre serventuária do subliminar projecto imperial teutónico. A intervenção com desfaçatez na política interna da Ucrânia ultrapassou o imaginável, provocando a Rússia que devia ser Europa.
A História está condenada a repetir-se. Foi na Rússia que Napoleão e Hitler quebraram os queixos. Que irá acontecer à senhora Merkel?
Rui do Amaral Leitão
00.05 h
Económico
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