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    O que nos ensinam os lobos

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    O que nos ensinam os lobos Empty O que nos ensinam os lobos

    Mensagem por Admin Qui Mar 12, 2015 12:01 pm

    O que nos ensinam os lobos 3508961

    Os trilhos que os lobos antes galgavam são hoje estradas abertas e expostas. O território das alcateias tornou-se tão circunscrito que elas são obrigadas a estabelecer os seus covis junto às aldeias


    MAS CUIDADO com os lobos», avisava o bisavô Guilherme sempre que eu e os meus irmãos nos propúnhamos ao desafio maior das nossas infâncias. Os meus bisavós tinham uma quintarola em Vila Franca do Rosário, perto de Mafra, e não havia fim-de-semana em que os miúdos não quisessem subir ao moinho. O moinho não era mais do que um amontoado de pedras em derrocada, mas era o cume geodésico das redondezas, subi-lo e descê-lo ocupava-nos um dia inteiro. Sobretudo, fazia-nos acreditar que éramos expeditos como Huckleberry Finn. Pois se enfrentávamos lobos e tudo.

    O aviso do meu bisavô era pura ironia, mas punha-nos em sentido. Estávamos no início dos anos oitenta, as alcateias há muito que tinham desaparecido daqueles matos. Quando o bisavô Guilherme tinha a nossa idade – seis, sete, oito anos – a história já era outra. No início do século XX havia lobos por todo o território nacional, nas serras algarvias e no Alentejo, todo o centro do país e todo o Norte. A extinção dos lobos no vale do Tejo aconteceu nos anos quarenta e, nas décadas seguintes, aconteceu o mesmo no resto do país.

    Hoje, existem em média trezentos lobos em Portugal.  As grandes concentrações do animal ocorrem na raia norte, com grande foco nas áreas de influência do Parque Nacional da Peneda-Gerês e no Parque Natural de Montesinho. Também há um núcleo a Sul do Douro. Mas não são mais de seis alcateias e o seu desaparecimento é uma questão de tempo. Cercados por barragens, parques eólicos e auto-estradas não conseguem garantir a diversidade genética que permite a reprodução da espécie.

    Notícia desta semana: Portugal é o quarto país da União Europeia que mais utiliza energias renováveis. Um quarto da electricidade que produzimos vem das barragens, dos parques eólicos, das centrais fotovoltaicas. Somos líderes nas renováveis, como o governo não se cansa de dizer. Mas há uma coisa que não entendo. Se estamos no topo da produção de energia limpa e barata porque raio estamos no topo dos países que mais pagam pela conta da electricidade?

    E o que é que isto tem a ver com os lobos? Tem tudo. Quem hoje atravessar a serra de São Macário, entre Castro Daire e São Pedro do Sul, vê que, em meia dúzia de anos, foram construídos cinco parques eólicos. Os trilhos que os lobos antes galgavam são hoje estradas abertas e expostas. O território daquelas alcateias tornou-se tão circunscrito que elas são obrigadas a estabelecer os seus covis junto às aldeias, e as presas silvestres desapareceram de tal maneira que os animais já não têm outra caça que não seja o gado doméstico.

    Os pastores protestam, já se sabe que a guerra entre homens e lobos é velha de séculos. Provavelmente, agora, o alarido é maior. Tão pouca é a força de braços no mundo rural, e tão envelhecida está a gente que sobra, que uma ovelha perdida não é só um azar, é uma tragédia. Estranha condição esta. Ali ao lado passam as auto-estradas que nos anos 90 quiseram levar o progresso ao interior. Mas foram vias de saída – levaram os homens dali para fora.

    Alguns lobos conseguem contornar os parques eólicos, as estradas e as barragens. Vá-se lá saber como, conseguem ocupar territórios onde a espécie há muito se tinha extinto. E são essas as notícias que aparecem nas televisões. É perverso, porque à medida que chegam a novas terras desaparecem de outras. Ao contrário dos pastores, não têm voz. E nem mesmo o grito dos homens que trabalham no campo consegue ser mais que um sussurro.


    A agricultura e a pecuária foram cimento da nação durante séculos. Depois veio a ideia do país europeu, desenvolvimento é alcatrão, investimento é nos serviços. O moinho ao pé da quinta dos meus bisavós já não existe. Agora tem moinhos de vento, que afastaram a passarada da região. Os pomares de pêra rocha e rainhas-cláudia deram lugar a uma urbanização e os trilhos na serra tornaram-se estrada de duas faixas. É o progresso. É o progresso?

    Por Ricardo J. Rodrigues
    publicado em 12 Mar 2015 - 09:52
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