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Os grandes empresários não crescem nas árvores
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Os grandes empresários não crescem nas árvores
Acabam de passar 40 anos sobre as nacionalizações de 11 de Março de 1975. Uma data que poucos querem recordar e de que a História de Portugal não pode orgulhar-se.
Belmiro de Azevedo está a deixar as funções de administração no grupo Sonae. Alexandre Soares dos Santos já fez o mesmo no grupo Jerónimo Martins. E, dos três portugueses que ainda se mantém na lista dos mais ricos da Forbes, já só resta Américo Amorim em funções executivas. É certo que existe mais um ou outro empresário que, apesar de ser grande para o nosso meio, não tem direito ao destaque da Forbes - a proverbial inveja portuguesa faz com que muitos prefiram viver quase em completo anonimato. Recordo os casos de António Rodrigues, da Simoldes, de João Pereira Coutinho, do grupo SGC, de João Macedo Silva, da RAR, da família Gonçalves, da Têxtil Manuel Gonçalves, Manuel Alfredo de Mello, da Sovena ou Pedro Queiroz Pereira, da Semapa. Mas quando se fala em grandes empresários vêm à memória nomes do passado como os de Alfredo da Silva, António Champalimaud, José Manuel de Mello e Jorge de Mello, Salvador Caetano ou da família Espírito Santo.
Uns têm formação universitária, outros apenas a quarta classe. Uns vêm de famílias com nome e dinheiro e outros nasceram sem nada ou com muito pouco. O que têm então em comum pessoas tão diferentes? Têm em comum uma visão de negócio fora do comum, serem muito trabalhadores, arrojados e dispostos a arriscar, disciplinados, independentes, não dependerem dos Governos e, de um modo geral, reinvestirem os lucros na dinamização e desenvolvimento das empresas. Muitos deles sofreram mesmo a perseguição do poder político, como foi o caso de António Champalimaud, quando Marcelo Caetano publicou um decreto pessoal e retroactivo para impedir que pudesse comprar o Banco Português do Atlântico.
Américo Amorim tem visto levantarem-se as mais diversas barreiras à actividade nacional da Galp. Belmiro de Azevedo entrou muitas vezes em choque com os políticos por causa da actividade empresarial e foi várias vezes prejudicado por isso.
Acabam de passar 40 anos sobre as nacionalizações de 11 de Março de 1975. Uma data que poucos querem recordar e de que a História de Portugal não pode orgulhar-se. O slogan: "Os ricos que paguem a crise", que muitos ainda pronunciam, fez mais mal ao País que a guerra de África. Foi mais uma dura provação para os empresários portugueses, a maior parte dos quais perdeu tudo e nunca mais se levantou com a pujança que tinha antes. O 11 de Março de 1975 foi também o início de um processo em que os políticos começaram a assumir-se como donos da verdade em todas as áreas da sociedade e também no domínio empresarial. O que é que temos hoje? Temos um país endividado que perdeu importância industrial e que procura voltar a viver sem ajuda externa, mas onde os políticos continuam a discutir e a levar os portugueses a acreditarem que eles é que sabem o que se deve fazer para criar emprego e aumentar a riqueza. Ora, essa é uma tarefa que cabe aos empresários. Empresários que precisam de espaço e, sobretudo de estabilidade, para poderem crescer e afirmar-se.
Pode dizer-se que alguns dos empresários de que se está a falar beneficiaram da protecção do Estado Novo e que, para isso, tinham de estar alinhados com a política vigente. Até pode ser verdade durante o regime de Salazar, sobretudo a partir do II Plano de Fomento, de 1959, mas já o foi menos com Marcelo Caetano e muito menos com os Governos pós-25 de Abril de 1974. A classe política tem vindo a perder qualidade, mas quer continuar a manter o controlo sobre as actividades empresariais. O certo é que não vemos crescer os grupos empresariais, mas também não são travados os casos lamentáveis do BPN, do BPP e do BES/GES. Os poucos ricos que ainda temos estão cada vez menos ricos e o País está cada vez mais pobre. Sucedem-se os programas de fomento do empreendedorismo, o que até é bom, e procura-se aliviar a carga fiscal para as PME, o que também é de louvar, mas não se fomenta a criação e fortalecimento de conglomerados empresariais que possam competir com os gigantes internacionais, estabelecendo os Governos apenas regras e mecanismos eficazes de regulação independente. Hoje em dia, qualquer um pode ser político, mas os grandes empresários têm de ser acarinhados, porque não aparecem por decreto, nem crescem nas árvores.
Francisco Ferreira da Silva
00.05 h
Económico
Belmiro de Azevedo está a deixar as funções de administração no grupo Sonae. Alexandre Soares dos Santos já fez o mesmo no grupo Jerónimo Martins. E, dos três portugueses que ainda se mantém na lista dos mais ricos da Forbes, já só resta Américo Amorim em funções executivas. É certo que existe mais um ou outro empresário que, apesar de ser grande para o nosso meio, não tem direito ao destaque da Forbes - a proverbial inveja portuguesa faz com que muitos prefiram viver quase em completo anonimato. Recordo os casos de António Rodrigues, da Simoldes, de João Pereira Coutinho, do grupo SGC, de João Macedo Silva, da RAR, da família Gonçalves, da Têxtil Manuel Gonçalves, Manuel Alfredo de Mello, da Sovena ou Pedro Queiroz Pereira, da Semapa. Mas quando se fala em grandes empresários vêm à memória nomes do passado como os de Alfredo da Silva, António Champalimaud, José Manuel de Mello e Jorge de Mello, Salvador Caetano ou da família Espírito Santo.
Uns têm formação universitária, outros apenas a quarta classe. Uns vêm de famílias com nome e dinheiro e outros nasceram sem nada ou com muito pouco. O que têm então em comum pessoas tão diferentes? Têm em comum uma visão de negócio fora do comum, serem muito trabalhadores, arrojados e dispostos a arriscar, disciplinados, independentes, não dependerem dos Governos e, de um modo geral, reinvestirem os lucros na dinamização e desenvolvimento das empresas. Muitos deles sofreram mesmo a perseguição do poder político, como foi o caso de António Champalimaud, quando Marcelo Caetano publicou um decreto pessoal e retroactivo para impedir que pudesse comprar o Banco Português do Atlântico.
Américo Amorim tem visto levantarem-se as mais diversas barreiras à actividade nacional da Galp. Belmiro de Azevedo entrou muitas vezes em choque com os políticos por causa da actividade empresarial e foi várias vezes prejudicado por isso.
Acabam de passar 40 anos sobre as nacionalizações de 11 de Março de 1975. Uma data que poucos querem recordar e de que a História de Portugal não pode orgulhar-se. O slogan: "Os ricos que paguem a crise", que muitos ainda pronunciam, fez mais mal ao País que a guerra de África. Foi mais uma dura provação para os empresários portugueses, a maior parte dos quais perdeu tudo e nunca mais se levantou com a pujança que tinha antes. O 11 de Março de 1975 foi também o início de um processo em que os políticos começaram a assumir-se como donos da verdade em todas as áreas da sociedade e também no domínio empresarial. O que é que temos hoje? Temos um país endividado que perdeu importância industrial e que procura voltar a viver sem ajuda externa, mas onde os políticos continuam a discutir e a levar os portugueses a acreditarem que eles é que sabem o que se deve fazer para criar emprego e aumentar a riqueza. Ora, essa é uma tarefa que cabe aos empresários. Empresários que precisam de espaço e, sobretudo de estabilidade, para poderem crescer e afirmar-se.
Pode dizer-se que alguns dos empresários de que se está a falar beneficiaram da protecção do Estado Novo e que, para isso, tinham de estar alinhados com a política vigente. Até pode ser verdade durante o regime de Salazar, sobretudo a partir do II Plano de Fomento, de 1959, mas já o foi menos com Marcelo Caetano e muito menos com os Governos pós-25 de Abril de 1974. A classe política tem vindo a perder qualidade, mas quer continuar a manter o controlo sobre as actividades empresariais. O certo é que não vemos crescer os grupos empresariais, mas também não são travados os casos lamentáveis do BPN, do BPP e do BES/GES. Os poucos ricos que ainda temos estão cada vez menos ricos e o País está cada vez mais pobre. Sucedem-se os programas de fomento do empreendedorismo, o que até é bom, e procura-se aliviar a carga fiscal para as PME, o que também é de louvar, mas não se fomenta a criação e fortalecimento de conglomerados empresariais que possam competir com os gigantes internacionais, estabelecendo os Governos apenas regras e mecanismos eficazes de regulação independente. Hoje em dia, qualquer um pode ser político, mas os grandes empresários têm de ser acarinhados, porque não aparecem por decreto, nem crescem nas árvores.
Francisco Ferreira da Silva
00.05 h
Económico
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