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Árvores, sim, mas não resolvem o problema
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Árvores, sim, mas não resolvem o problema
Estão na ordem do dia, em Lisboa, as profundas mudanças na emblemática Segunda Circular, que a equipa de Fernando Medina quer implementar.
Olhando para as maquetes, o actual animal de betão irá transformar-se numa linda e bucólica estrada no meio do bosque. O objectivo é “requalificar” aquela via, que é de facto um atentado visual, ambiental, e até à paciência dos automobilistas.
E há coisas muito úteis: a introdução de espaços verdes; a colocação de barreiras sonoras; a pavimentação. Sim. Mas há também aquelas outras coisas modernaças que nos fazem desconfiar (devido a outras experiências de tráfego automóvel da Câmara Municipal de Lisboa), como a descida do limite de velocidade para 60 km/hora. Isto traz, aliás, outras vantagens, permitindo ao condutor ir fazendo tranquilamente um sudoku de média dificuldade enquanto percorre as dezenas de quilómetros da via às 11 da noite. Prometem-nos que isto não causará mais engarrafamentos (onde é que já ouvimos isto antes?), mas o problema é que o ‘track-record’ da CML nestas questões sugere exactamente o contrário. É que tem sido apanágio da gestão da autarquia, com o actual primeiro-ministro em plano de destaque, exactamente forçar os engarrafamentos. A ideia tem sido, basicamente, dar cabo da paciência aos condutores, dificultar-lhes a vida ao máximo, para eles, quais ratinhos de laboratório, simplesmente desistirem de andar de carro.
É uma visão paternalista, sim, mas até seria aceitável, se houvesse algum tipo de verdadeiro plano de âmbito alargado para a cidade de Lisboa. Que não há, até porque o que há não funciona nem serve as necessidades das pessoas.
O problema de fundo de Lisboa é a habitação, mais concretamente, os custos elevados da habitação, seja em compra ou em arrendamento. A cidade está pejada de edifícios a cair de podre, e o trabalho meritório que a Câmara tem feito é uma gota no oceano de necessidades. É preciso, para isto, um verdadeiro plano de ataque ao problema, mexendo na lei do País e nos regulamentos camarários. Se a cidade tivesse mais gente a efectivamente morar nela, resolviam-se muitas questões de uma vez: trânsito, ambiente, segurança e vitalidade económica. O segundo problema, relacionado com este, é a ineficiência dos transportes públicos. Muitas das interligações não fazem sentido, são cada vez mais caros e menos frequentes, consomem quase o mesmo dinheiro que ir de carro e levam o dobro do tempo. Isto é verdade para os muitos milhares que vêm de fora trabalhar a Lisboa todos os dias, mas é também para aqueles que, morando e trabalhando na cidade, têm o azar de o seu percurso diário calhar num buraco negro das rotas e frequências dos transportes públicos (e há muitos destes buracos).
A questão não está em Fernando Medina nem em António Costa nem em Pedro Santana Lopes. É uma alteração tão grande de filosofia que precisaria de muitos anos e de acordos políticos estáveis.
Em vez disso continuamos apenas a perseguir os automobilistas e a plantar árvores entre as vias. Que até fica bonito, não resolve é nada.
00:05 h
Tiago Freire
Económico
Olhando para as maquetes, o actual animal de betão irá transformar-se numa linda e bucólica estrada no meio do bosque. O objectivo é “requalificar” aquela via, que é de facto um atentado visual, ambiental, e até à paciência dos automobilistas.
E há coisas muito úteis: a introdução de espaços verdes; a colocação de barreiras sonoras; a pavimentação. Sim. Mas há também aquelas outras coisas modernaças que nos fazem desconfiar (devido a outras experiências de tráfego automóvel da Câmara Municipal de Lisboa), como a descida do limite de velocidade para 60 km/hora. Isto traz, aliás, outras vantagens, permitindo ao condutor ir fazendo tranquilamente um sudoku de média dificuldade enquanto percorre as dezenas de quilómetros da via às 11 da noite. Prometem-nos que isto não causará mais engarrafamentos (onde é que já ouvimos isto antes?), mas o problema é que o ‘track-record’ da CML nestas questões sugere exactamente o contrário. É que tem sido apanágio da gestão da autarquia, com o actual primeiro-ministro em plano de destaque, exactamente forçar os engarrafamentos. A ideia tem sido, basicamente, dar cabo da paciência aos condutores, dificultar-lhes a vida ao máximo, para eles, quais ratinhos de laboratório, simplesmente desistirem de andar de carro.
É uma visão paternalista, sim, mas até seria aceitável, se houvesse algum tipo de verdadeiro plano de âmbito alargado para a cidade de Lisboa. Que não há, até porque o que há não funciona nem serve as necessidades das pessoas.
O problema de fundo de Lisboa é a habitação, mais concretamente, os custos elevados da habitação, seja em compra ou em arrendamento. A cidade está pejada de edifícios a cair de podre, e o trabalho meritório que a Câmara tem feito é uma gota no oceano de necessidades. É preciso, para isto, um verdadeiro plano de ataque ao problema, mexendo na lei do País e nos regulamentos camarários. Se a cidade tivesse mais gente a efectivamente morar nela, resolviam-se muitas questões de uma vez: trânsito, ambiente, segurança e vitalidade económica. O segundo problema, relacionado com este, é a ineficiência dos transportes públicos. Muitas das interligações não fazem sentido, são cada vez mais caros e menos frequentes, consomem quase o mesmo dinheiro que ir de carro e levam o dobro do tempo. Isto é verdade para os muitos milhares que vêm de fora trabalhar a Lisboa todos os dias, mas é também para aqueles que, morando e trabalhando na cidade, têm o azar de o seu percurso diário calhar num buraco negro das rotas e frequências dos transportes públicos (e há muitos destes buracos).
A questão não está em Fernando Medina nem em António Costa nem em Pedro Santana Lopes. É uma alteração tão grande de filosofia que precisaria de muitos anos e de acordos políticos estáveis.
Em vez disso continuamos apenas a perseguir os automobilistas e a plantar árvores entre as vias. Que até fica bonito, não resolve é nada.
00:05 h
Tiago Freire
Económico
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