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A indiferença socialista
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A indiferença socialista
No mínimo, a candidatura de Henrique Neto traduz uma certa resistência socialista em aceitar e dar apoio a quem pensa de forma desalinhada com o sistema político e partidário tal como o conhecemos hoje.
António Costa, percebeu-se há pouco tempo, não gosta muito que alguém salte inopinadamente de um sítio qualquer para o interpelar sobre um qualquer assunto de relevância pública. Entende-se por isso que lhe tenha custado a forma inopinada como o socialista Henrique Neto se lançou na corrida a Belém, no sentido em que o fez, aparentemente, sem dar cavaco ao líder do PS. António Costa - que garante ter sabido pela rádio das ambições presidenciais do empresário e antigo deputado socialista - reagiu como quem é apanhado na curva, mas não quer dar parte fraca: "É-me indiferente", comentou. Mas, mesmo que tenha sido franco no que disse, o certo é que Henrique Neto não lhe é, nem pode ser, indiferente. Como, aliás, nunca foi. E é esse desconforto que o líder do PS certamente quer camuflar ao tratar a candidatura de um socialista (a primeira a avançar) às Presidenciais de 2016 com indiferença.
Henrique Neto nunca negou a sua costela socialista, mas sempre foi um histórico desalinhado do partido, capaz das críticas mais ferozes aos seus líderes e militantes. Não faltam exemplos. Como José Sócrates, que dizia ser um "aldrabão" e que estava "no topo da pirâmide dos que dão cabo disto" - daí não ter mostrado surpresa quando o antigo primeiro-ministro foi preso: "há anos que esperava que isso acontecesse". Muitas direcções do partido, desde Mário Soares a Jorge Sampaio, não foram poupadas. Chegou a dizer que "a maçonaria corrompe o PS e a democracia com alianças secretas". E, sobre o actual secretário-geral, de quem já disse que "não será credível no país se não limpar o partido", avaliou-o recentemente como uma "interrogação". Entre muitas outras farpas que, naturalmente, não o tornam na persona mais grata no Largo do Rato.
Por tudo isto, é impossível que Henrique Neto seja totalmente indiferente ao PS. E, numa altura em que o próprio partido parece andar meio desorientado entre a escassez de nomes a propor para as próximas Presidenciais, é improvável que a iniciativa do empresário não cause qualquer incómodo. Primeiro, porque expõe ainda mais a dificuldade em identificar um nome entre as hostes socialistas que esteja disponível para entrar na corrida e com fortes probabilidades de sucesso. Depois, porque traduz uma certa resistência em aceitar e dar apoio a quem pensa de forma desalinhada com o sistema político e partidário tal como o conhecemos hoje.
Quando falta pouco menos de um ano para as eleições, não é possível saber até onde irá esta candidatura de Henrique Neto. Até porque o próprio socialista tem máculas no seu currículo, como ver o seu nome implicado numa investigação a várias pessoas que ocultaram transferências para paraísos fiscais, ter sido arguido na Operação Furacão ou ter pago dívidas fiscais em atraso para escapar a uma acusação. Como também não é possível prever até que ponto estas falhas vão beliscar o seu perfil de ‘presidenciável'. É provável, como antecipam muitos analistas, que a sua candidatura não faça grande mossa à esquerda ou à direita. E que não seja suficientemente eficaz para ocupar o espaço político novo que está a criar. Mas uma coisa garantem: a candidatura de Henrique Neto obriga a repensar o debate político, exige que se discuta o sistema político e a forma como é gerido, implica que o PS reconsidere a sua própria estratégia interna e aquilo que está a pensar (e está?) para o país. Ora, se a estes desafios o líder do PS reage com indiferença, então é indiferença que se arrisca a receber de volta.
Helena Cristina Coelho
00.05 h
Económico
António Costa, percebeu-se há pouco tempo, não gosta muito que alguém salte inopinadamente de um sítio qualquer para o interpelar sobre um qualquer assunto de relevância pública. Entende-se por isso que lhe tenha custado a forma inopinada como o socialista Henrique Neto se lançou na corrida a Belém, no sentido em que o fez, aparentemente, sem dar cavaco ao líder do PS. António Costa - que garante ter sabido pela rádio das ambições presidenciais do empresário e antigo deputado socialista - reagiu como quem é apanhado na curva, mas não quer dar parte fraca: "É-me indiferente", comentou. Mas, mesmo que tenha sido franco no que disse, o certo é que Henrique Neto não lhe é, nem pode ser, indiferente. Como, aliás, nunca foi. E é esse desconforto que o líder do PS certamente quer camuflar ao tratar a candidatura de um socialista (a primeira a avançar) às Presidenciais de 2016 com indiferença.
Henrique Neto nunca negou a sua costela socialista, mas sempre foi um histórico desalinhado do partido, capaz das críticas mais ferozes aos seus líderes e militantes. Não faltam exemplos. Como José Sócrates, que dizia ser um "aldrabão" e que estava "no topo da pirâmide dos que dão cabo disto" - daí não ter mostrado surpresa quando o antigo primeiro-ministro foi preso: "há anos que esperava que isso acontecesse". Muitas direcções do partido, desde Mário Soares a Jorge Sampaio, não foram poupadas. Chegou a dizer que "a maçonaria corrompe o PS e a democracia com alianças secretas". E, sobre o actual secretário-geral, de quem já disse que "não será credível no país se não limpar o partido", avaliou-o recentemente como uma "interrogação". Entre muitas outras farpas que, naturalmente, não o tornam na persona mais grata no Largo do Rato.
Por tudo isto, é impossível que Henrique Neto seja totalmente indiferente ao PS. E, numa altura em que o próprio partido parece andar meio desorientado entre a escassez de nomes a propor para as próximas Presidenciais, é improvável que a iniciativa do empresário não cause qualquer incómodo. Primeiro, porque expõe ainda mais a dificuldade em identificar um nome entre as hostes socialistas que esteja disponível para entrar na corrida e com fortes probabilidades de sucesso. Depois, porque traduz uma certa resistência em aceitar e dar apoio a quem pensa de forma desalinhada com o sistema político e partidário tal como o conhecemos hoje.
Quando falta pouco menos de um ano para as eleições, não é possível saber até onde irá esta candidatura de Henrique Neto. Até porque o próprio socialista tem máculas no seu currículo, como ver o seu nome implicado numa investigação a várias pessoas que ocultaram transferências para paraísos fiscais, ter sido arguido na Operação Furacão ou ter pago dívidas fiscais em atraso para escapar a uma acusação. Como também não é possível prever até que ponto estas falhas vão beliscar o seu perfil de ‘presidenciável'. É provável, como antecipam muitos analistas, que a sua candidatura não faça grande mossa à esquerda ou à direita. E que não seja suficientemente eficaz para ocupar o espaço político novo que está a criar. Mas uma coisa garantem: a candidatura de Henrique Neto obriga a repensar o debate político, exige que se discuta o sistema político e a forma como é gerido, implica que o PS reconsidere a sua própria estratégia interna e aquilo que está a pensar (e está?) para o país. Ora, se a estes desafios o líder do PS reage com indiferença, então é indiferença que se arrisca a receber de volta.
Helena Cristina Coelho
00.05 h
Económico
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