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A falência dos partidos
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A falência dos partidos
Entrar para a política, querer pertencer a um partido político é tão malvisto como ser fiscal da EMEL.
Não há alternativa melhor aos partidos políticos do que eles próprios, mas nunca como hoje tão perto se esteve de uma desagregação do sistema democrático alicerçado nos partidos.
A distância entre eleitos e eleitores cresceu exponencialmente; as pessoas comuns tratam os políticos como “eles” e o sentimento é retribuído por governantes, deputados, directores-gerais e gestores de empresas públicas.
É uma sociedade de abstenções galopantes. De partidos que já não representam de uma maneira clara aspirações de pessoas com interesses comuns. Os partidos passaram a ser um instrumento das ambições dos seus militantes, não um instrumento para a intervenção na sociedade de um modo de ver o mundo. De um modo de fazer a economia crescer, de distribuir o dinheiro, de exercer na prática uma teoria ideológica.
A política deixou de interessar à maioria das pessoas. Hoje não trocam um episódio de uma novela por uma entrevista com qualquer primeiro-ministro. Fazem--no se o momento for realmente excepcional ou se estiver Marcelo Rebelo de Sousa do outro lado (não por ser um político, mas por ser um entertainer que domina a cultura do espectáculo televisivo). As mensagens de fim de ano do Presidente da República são seguidas por uma minoria, as pessoas estão-se nas tintas para congressos de partidos pois associam-nos a grupos que desejam apenas tratar da sua vida.
Os partidos atraem e seleccionam as pessoas erradas. Na maior parte dos casos escolhem os companheiros de estrada, gente sem qualidades de independência que, entre os interesses do país e a necessidade de sobreviver, não têm dúvidas sobre qual a sua escolha. Entrar para a política, querer pertencer a um partido político é tão malvisto como ser fiscal da EMEL. Um militante de um partido que chega a deputado e tem o azar de cair nas malhas do povo (ou de um taxista) terá os mesmos problemas de um Stark a ser apanhado pelo rei Geoffrey, n’“A Guerra dos Tronos”. É trucidado. O que leva então um homem ou uma mulher a entrar para um partido? Extremo idealismo ou vontade de agarrar uma oportunidade, como antes acontecia quando se começava uma carreira na GNR e se tinha poiso certo para a vida.
Os grandes políticos, quando chegam a velhos (os de referência), deixam de ter uma visão partidária. Conheço vários e todos acabam por se afastar dos partidos que fundaram ou ajudaram a crescer. Fazem-no por se sentirem numa fase da vida em que vêem os problemas de uma maneira inteira e não partida, gostam de falar ao país como senadores, como sábios que, por definição, são independentes.
O grande desafio político do futuro passa, então, pela capacidade de pensarmos colectivamente uma maneira de os partidos políticos voltarem a fazer sentido. De corporizarem interesses comuns, de saberem detectar e escolher os melhores, de serem transparentes na sua acção, de se abrirem ao exterior, a todos os que queiram participar.
De aceitarem os que pensam fora de uma lógica partidária, de intervirem nos bairros, nas escolas e universidades.
Um sistema que precisa de transformar o “eles” em “nós” e que aceite todas as possibilidades, que as coloque em cima da mesa. Tanto se fala da revisão da Constituição, tão pouco se fala de mudar (e cortar, se for caso disso) o que é ferida aberta. O partido de poder que o entender melhor estará em vantagem.
Luís Osório
13/05/2015 08:22:10
Jornal i
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