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Velhos do Restelo
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Velhos do Restelo
Pertenço à chamada geração rasca, que suscitou debates acalorados por mostrar o rabo a um ministro. Se algum dia me ouvirem começar a dizer que a juventude de hoje está perdida, interrompam-me o discurso e lembrem-me disso.
É fácil, mais ainda numa semana marcada por episódios violentos que são murros no estômago, considerar que algo está a falhar na educação e integração social e entrar numa espiral de pessimismo. Mas a verdade é que o discurso crítico entre gerações é tão velho como a humanidade.
É sempre bom, por isso, ver um presidente da República elogiar os jovens e considerar, como Cavaco Silva fez ontem, que estão "mais bem preparados, mais informados, mais abertos ao Mundo" do que no passado. Pena é que o discurso da esperança tenha sido antecedido de um tom mais grave que tanto pode ser explicado pela histórica existência de velhos do Restelo como, talvez mais provavelmente, pelo facto de ser difícil aos políticos conceberem que há política para além dos muros das instituições.Só 17,3% dos jovens ouvidos num estudo pedido pela Presidência consideram que a democracia funciona bem.
E 57,3% dos que têm 15 a 24 anos admitem não se interessar nada por política. Percentagens que fizeram soar alarmes na cabeça de Cavaco Silva, alertando para a "gravidade deste fenómeno" e para os riscos da "apatia cívica" dos mais novos.Como até as ciências exatas podem ser usadas para sustentar as mais diferentes teorias, vejo nos números coisas diferentes. Que haja preocupação com a qualidade da democracia só pode, desde logo, ser sinal de consciência cívica. E o desinteresse pela política não é sinónimo de "apatia": é sinal de descontentamento com a forma como é encarada e exercida.Olhando para outro dos grandes temas deste inquérito, a assumida vontade de emigrar, as respostas estão carregadas de boas razões.
A par de motivações como o desenvolvimento pessoal e a aquisição de novas competências, os inquiridos apontam a saída para o estrangeiro como caminho para ampliar as redes de solidariedade. Se isto não é consciência cívica, não sei o que seja.Se a falta de interesse pela política significa que temos menos jovens candidatos a serem jotinhas e mais preocupados em ganhar perspetivas do Mundo, podemos estar no bom caminho. Os tais jovens mais conscientes e mais conhecedores de que o presidente fala poderão ser capazes de redefinir a política e de a recolocar onde não tem estado: mais próxima da vida.
18.05.2015
INÊS CARDOSO
Jornal de Notícias
É fácil, mais ainda numa semana marcada por episódios violentos que são murros no estômago, considerar que algo está a falhar na educação e integração social e entrar numa espiral de pessimismo. Mas a verdade é que o discurso crítico entre gerações é tão velho como a humanidade.
É sempre bom, por isso, ver um presidente da República elogiar os jovens e considerar, como Cavaco Silva fez ontem, que estão "mais bem preparados, mais informados, mais abertos ao Mundo" do que no passado. Pena é que o discurso da esperança tenha sido antecedido de um tom mais grave que tanto pode ser explicado pela histórica existência de velhos do Restelo como, talvez mais provavelmente, pelo facto de ser difícil aos políticos conceberem que há política para além dos muros das instituições.Só 17,3% dos jovens ouvidos num estudo pedido pela Presidência consideram que a democracia funciona bem.
E 57,3% dos que têm 15 a 24 anos admitem não se interessar nada por política. Percentagens que fizeram soar alarmes na cabeça de Cavaco Silva, alertando para a "gravidade deste fenómeno" e para os riscos da "apatia cívica" dos mais novos.Como até as ciências exatas podem ser usadas para sustentar as mais diferentes teorias, vejo nos números coisas diferentes. Que haja preocupação com a qualidade da democracia só pode, desde logo, ser sinal de consciência cívica. E o desinteresse pela política não é sinónimo de "apatia": é sinal de descontentamento com a forma como é encarada e exercida.Olhando para outro dos grandes temas deste inquérito, a assumida vontade de emigrar, as respostas estão carregadas de boas razões.
A par de motivações como o desenvolvimento pessoal e a aquisição de novas competências, os inquiridos apontam a saída para o estrangeiro como caminho para ampliar as redes de solidariedade. Se isto não é consciência cívica, não sei o que seja.Se a falta de interesse pela política significa que temos menos jovens candidatos a serem jotinhas e mais preocupados em ganhar perspetivas do Mundo, podemos estar no bom caminho. Os tais jovens mais conscientes e mais conhecedores de que o presidente fala poderão ser capazes de redefinir a política e de a recolocar onde não tem estado: mais próxima da vida.
18.05.2015
INÊS CARDOSO
Jornal de Notícias
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