Marxismo invertido

Os quatro anos do Memorando consistiram na aplicação dum ajustamento revolucionário e fundamentalista.

Uma nova vaga ideológica varreu Portugal e o Velho Continente, sob a forma de capitalismo científico, um marxismo invertido. Os problemas da Europa estariam, supostamente, num mercado de trabalho que, ao garantir direito mínimos, seria rígido. 

Num modelo social que consumiria a poupança e a acumulação colectivas, limitando o investimento e fomenta a preguiça e o lazer.

Em Portugal, quem concordava com esta visão, sobretudo nas faculdades de economia neoclássicas, ou de direito conservadoras, e num novo grupo de dirigentes que liderava a maioria governamental, desejou o FMI. Recusou-se um PEC menos austero. Viu no memorando uma oportunidade de revolucionar as instituições políticas nacionais. A regulação laboral, os modelos social, na saúde e na segurança social, a educação pública, igualitária e não excludente e a Administração Pública, nos salários e na anulação de importantes serviços públicos, foram exemplos. Esta prática revolucionária não reformou, destruiu. O País está mais pobre, mais endividado e mais débil.

00:04 h
Francisco Madelino
Económico