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Dicionário do politicamente correcto
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Dicionário do politicamente correcto
Estamos aqui para lhe facilitar a vida. Saber o que dizer em cada situaçãoé meio caminho andado para, sem esforço, passar por inteligente
Dá imenso trabalho pensar. E ter ideias próprias, então, nem se fala. Imagine que tínhamos de ir ler o relatório da troika, ou gastar a hora da série da Fox a perceber o mínimo essencial para decidir se somos a favor, ou contra, a TSU.
Deus nos livre, e o sol tão bom lá fora! Para não falar nas consequências de defender, por exemplo, que as barrigas de aluguer são um retrocesso civilizacional — em menos de nada rotulam-no de perigoso fascista; ou, sei lá, insinuar que precisa de saber mais sobre os fundamentos da acusação para condenar José Sócrates a prisão perpétua. E não vale a pena lembrar que não votou nele, ao contrário da maioria dos portugueses, porque isso agora não interessa nada.
Mas o politicamente correcto facilita a vida em muito mais áreas: adeus à insegurança quanto ao que vestir, onde ir passar as férias ou o que pedir num restaurante. É só nadar a favor da corrente.
Por tudo isto, um dicionário é vital. A ter na mesa-de-cabeceira. Até que uma editora se lembre disso, deixo--lhe aqui algumas das “verdades” do momento. Mas não se fie muito, amanhã tudo pode ter mudado.
Sendo assim, sugiro-lhe que:
1. Seja contra o acordo ortográfico. Toda a gente é. Com que fundamento? Não vá por ai.
2. Seja contra a troika. Pouco importa se os sujeitos já cá não estão ou se fomos nós que os convidámos, não levante questões idiotas.
3. Diga sempre que é a favor do “crescimento” e “contra a austeridade”. Esconda a sua perplexidade perante a hipótese de haver alguém, na plena posse das suas faculdades, que prefira a austeridade, só porque sim.
4. Anuncie que é a favor da legalização das drogas “leves”, mas condene com veemência o consumo de tabaco.
5. Seja contra as touradas. A não ser que esteja no Ribatejo, claro.
6. Mesmo que tenha andado aos pardais, manifeste-se absolutamente contra a caça. Desde sempre.
7. Por falar em carne, diga-se vegetariano. Peça sempre sushi. Ou ceviche, essa estranha mistela peruana, que deve tratar como prato tipicamente português.
8. Entre numa marcha. Ir às marchas, gostar de marchas, é obrigatório. Tão politicamente correcto como dizer que já há muito que só curte Anselmo Ralph.
9. Apague o post em que dizia que Varoufakis ia vergar os alemães. Gostar do senhor foi politicamente correcto, mas mesmo os que o acharam “sexy, porra!” já se esqueceram.
10. Fale de maratonas. Inscreva-se em minimaratonas, não queira dar um passo mais comprido do que a perna. Descubra onde se corre e vá suar para lá.
11. Se lhe perguntam para onde gostava de viajar, esqueça as Caraíbas e anuncie com convicção que quer conhecer o Vietname e o Camboja. Quanto às férias cá dentro, a Zambujeira do Mar, ou por aí...
12. Mesmo que a barriga lhe chegue aos pés, faça surf. Conheça os nomes dos spots. Refira-se às ondas como “coca-cola” ou “hard-core”.
13. Caso tenha filhos, fale em “afectos”, na necessidade de “colo” e no “direito ao brincar”. Tenha cuidado, não diga “direito a brincar”, que isso é uma banalidade, mas sim “direito ao brincar”. Qual é a diferença? Não estrague tudo perguntando.
14. Use ténis New Balance com fato e casaco ou, se for mulher, com calças de executiva. Queime a gravata e volte a usar fato-de-banho.
15. Diga mal da ministra da Administração Interna. Politicamente correcto ou incorrecto, esta é aceitável em qualquer situação — a senhora não pára de fazer estragos.
Finalmente, não mande um SMS a dizer que este artigo é genial, use antes o WhatsApp. Bem-haja!
Jornalista e escritora
Escreve ao sábado
Isabel Stiwell
23/05/2015
08:00:00
Jornal i
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