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De Santiago A Atenas
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De Santiago A Atenas
Há alguns anos estive numa escola em Cuba chamada “Grandes Alamedas”. Perguntei o motivo daquele nome e explicaram-me que fora retirado de uma última frase do último discurso de Salvador Allende, o presidente do Chile, proferida antes de suicidar-se durante os ataques do dia 11 de Setembro. De 1973, claro.
Allende, durante o assalto ao Palácio da Moneda, em Santiago do Chile, fez um discurso onde terminou com a alusão às “grandes alamedas” por onde, no futuro, iria passar o homem livre para construir uma sociedade melhor. O presidente, eleito democraticamente três anos antes, sofrera vários entraves à sua política social. Está hoje estudado e comprovado que houve ingerência externa da parte dos EUA no sentido de derrubar o governo de Allende. Greves, sabotagens, imprensa comprada, tudo foi feito no sentido de vergar o povo chileno e culpá-lo pela escolha irresponsável que fizera quando elegera o seu Salvador. O seu Allende.
Durante o recente trabalho de investigação para o meu próximo livro – O Governo Bilderberg -, consultei alguns documentos do Departamento de Estado dos EUA sobre o ano de 1975, dois anos depois da queda de Allende. Era a altura do PREC em Portugal e, também por cá, havia greves, Imprensa comprada, atentados à bomba e tudo o resto mais no sentido de criar a destabilização e expulsar os comunistas do governo.
Era tudo coordenado com o mesmo homem que tinha coordenado o Chile, ou seja, o secretário de Estado Henry Kissinger. Numa reunião a 12 de Agosto de 1975, onde estava presente o futuro número dois da CIA e então embaixador dos EUA em Portugal, Frank Carlucci, o caso do Chile surgiu na discussão sobre os acontecimentos que se passavam em Portugal. Era preciso saber em quem se deveria apostar.
Havia os nomes de Mário Soares, o líder do PS, mais o de Melo Antunes, o militar que liderava o chamado Grupo dos Nove. Então, Henry Kissinger afirma que não se pode cometer o mesmo erro que tinham cometido no Chile, quando, em 1970, não apoiaram financeiramente o candidato da direita, Jorge Alessandri Rodriguéz, tendo apoiado o lado da democracia cristã de Eduardo Frei, facto que possibilitou a vitória de Salvador Allende.
Em Portugal, o apoio americano não se enganaria e, com a aposta em Soares e nos militares certos, a democracia portuguesa teve uma viragem para o lado que mais convinha aos EUA e, como se dizia, “entrou nos eixos” com o 25 de novembro de 1975. Portugal tornou-se depois o “bom aluno” da Europa unida e passou a andar certinho, como os burocratas de Bruxelas querem, como o Departamento de Estado em Washington gosta: equilibrado entre um bloco central político que alterna entre conservadores e socialistas em perfeita sintonia financeira com os grandes mercados internacionais.
Esse é o retrato do Parlamento Europeu mantém os europeus escravizados e afogados em dívidas. Não há revoltas violentas porque estamos agrilhoados ao medo, desprovidos de qualquer esperança séria, perfeitamente controlados pela Imprensa seguidista, vigiados pelas redes sociais, pelas bases de dados da SS – Segurança Social – e pelos bancos.
Não há ninguém que escape. A Grécia bem que tentou quando elegeu o Syriza. Mas, agora tal como o povo chileno no início de 1970, está a pagar pela irresponsabilidade do que fez. Ainda há dias, Henry Kissinger, o mesmo de sempre, esteve numa reunião à porta fechada num hotel na Áustria.
Entre outros, estava o secretário-geral da NATO, primeiros-ministros europeus, e ainda o ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Não sei se falaram sobre o que se deveria fazer com o governo de Atenas. Mas, se falaram, de certeza que não foi para dizer que o Syriza tem razão e deve ser apoiado.
São eles os mesmos de sempre que nos empurram para as soluções radicais e depois acabam derrubados pela força. Eles sabem bem aquilo que nos leva a aceitar o seu jugo: o medo do caos. Foi assim no Chile em 1973, foi assim no nosso PREC. Vai ser assim na Grécia.
Frederico Duarte Carvalho
Jornalista e escritor
30 Junho, 2015 16:19
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