Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 63 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 63 visitantes Nenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Um planeta, um oceano
Página 1 de 1
Um planeta, um oceano
Como reservatório natural de carbono, o oceano absorve aproximadamente 25% de todo o dióxido de carbono produzido pela actividade humana todos os anos. Mas estamos a exigir demasiado da sua capacidade de absorção. O carbono dissolvido no oceano alterou a sua composição química, aumentando a sua acidez em 30% desde o início da Revolução Industrial.
O oceano e a atmosfera estão ligados de formas que só agora começam a ser, totalmente, compreendidas. Como os irmãos, o céu por cima de nós e as águas que nos rodeiam partilham muitas características, que precisam de ser protegidas. Somos irmãos a trabalhar numa agenda comum para defender ambos – uma agenda que irá definir o futuro de muitos milhões de irmãos, irmãs, pais, mães, amigos e vizinhos, bem como formas de vida na terra e nos mares, hoje e nas próximas gerações.
Felizmente, os governos de todo o mundo começam a perceber o desafio e deverão alcançar – ou pelo menos fazer progressos nesse sentido – dois importantes acordos este ano: um novo tratado global para proteger a vida marilha em águas internacionais e um acordo sobre as alterações climáticas que visa proteger a atmosfera. Em conjunto com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, estes acordos vão servir como direcção do caminho a seguir pelas economias mundiais durante os próximos 15 anos.
Os acordos previstos ocorrem numa altura em que os países, as cidades, as empresas e os cidadãos têm realizado esforços extraordinários para proteger o clima e os oceanos. O investimento em energias renováveis já alcançou mais de 250 mil milhões de dólares por ano, e muitos países gastam tanto em formas de produção de energia verde como em combustíveis fósseis.
O nosso país de origem, a Costa Rica, por exemplo, obtém, actualmente, 80% da sua energia de fontes renováveis. Na China, as renováveis estão a expandir-se rapidamente e o consumo de carvão caiu 2,9% em 2014 face ao ano anterior. Entretanto, começa a ser reconhecida, e em alguns casos concretizada, a necessidade de mais reservas marinhas e de uma pesca sustentável. Os avanços tecnológicos estão a reforçar a capacidade das autoridades para monitorizar e localizer a pesca ilegal.
Os cientistas que estudam as alterações climáticas demonstraram como é que o problema pode ser resolvido através da adopção de um caminho claro com metas progressivas. As emissões globais devem atingir o seu pico na próxima década e cair, rapidamente, a partir daí. Devemos estabelecer, na segunda metade do século, um equilíbrio entre as emissões e a capacidade natural de absorção do Planeta.
Historicamente, o oceano sempre desempenhou um importante papel nesse equilíbrio. Como reservatório natural de carbono, o oceano absorve aproximadamente 25% de todo o dióxido de carbono produzido pela actividade humana todos os anos. Mas estamos a exigir demasiado da sua capacidade de absorção. O carbono dissolvido no oceano alterou a sua composição química, aumentando a sua acidez em 30% desde o início da Revolução Industrial. A taxa de alteração, de acordo com os nossos melhores conhecimentos, é muitas vezes mais rápida do que foi nos últimos 65 milhões de anos, e, possivelmente, nos últimos 300 milhões de anos.
Se as emissões de dióxido de carbon não forem controladas, a taxa de acidez vai continuar a acelerar – com efeitos fatais nos habitantes do oceano. À medida que o dióxido de carbono da atmosfera se mistura com as águas, reduz a disponibilidade de ião carbonato que muitos animais e plantas marinhas precisam para construir as conchas e esqueletos. Se os níveis de dióxido de carbono continuarem a aumentar aos níveis actuais, os cientistas estimam que, em 2018, cerca de 10% do Oceano Ártico vai ser suficientemente corrosivo para dissolver as conchas das criaturas marinhas. Muitos outros corpos oceânicos enfrentam um futuro semelhante.
Os acordos internacionais funcionam melhor quando as tendências políticas, económicas e sociais estão alinhadas – tal como acontece agora – para dar lugar a uma nova visão do futuro e a uma nova relação entre a humanidade e o planeta que partilhamos. Materializar esta visão vai envolver várias gerações. Tanto o oceano, como o clima, precisam de planos globais, credíveis, mensuráveis e executáveis, que os protejam. As nossas reservas marinhas dispersas e totalmente protegidas devem aumentar para formar uma rede, verdadeiramente, global.
No mês passado, 13 chefes de Estado e do Governo do Caribe apelaram a um acordo global efectivo e mencionaram impactos actuais e futuros. É uma lista alarmante: "eventos extremos mais frequentes, padrões de precipitação mais intensos e desafiantes, maior acidez e aquecimento do oceano, branqueamento dos corais, subida dos níveis da água do mar, erosão costeira, salinização dos lençois de água, rápido aparecimento de doenças transmissíveis, redução da produtividade agrícola, e alteração das tradições pesqueiras".
Estas ameaças são a prova da necessidade urgente de expandir as regras internacionais de conservação e gestão sustentável do clima e da vida marinha. O acordo sobre as alterações climáticas que deverá ser alcançado em Paris no próximo mês de Dezembro não vai resolver o problema de uma vez. Tal como nenhum acordo para proteger a vida marinha vai, por si só, resultar num oceano mais saudável. Mas é essencial estabelecer as políticas necessárias para garantir que todos os países fazem a sua parte para proteger o planeta, ajudando ao mesmo tempo os mais vuneráveis a adaptarem-se aos efeitos da degradação ambiental já em curso.
Christiana Figueres é Secretária Executiva da United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC). José María Figueres, co-presidente da Global Ocean Commission, foi presidente da Costa Rica.
Direitos de Autor: Project Syndicate, 2015.
www.project-syndicate.org
Tradução: Ana Luísa Marques
30 Junho 2015, 21:00 por Christiana Figueres e José María Figueres
Negócios
O oceano e a atmosfera estão ligados de formas que só agora começam a ser, totalmente, compreendidas. Como os irmãos, o céu por cima de nós e as águas que nos rodeiam partilham muitas características, que precisam de ser protegidas. Somos irmãos a trabalhar numa agenda comum para defender ambos – uma agenda que irá definir o futuro de muitos milhões de irmãos, irmãs, pais, mães, amigos e vizinhos, bem como formas de vida na terra e nos mares, hoje e nas próximas gerações.
Felizmente, os governos de todo o mundo começam a perceber o desafio e deverão alcançar – ou pelo menos fazer progressos nesse sentido – dois importantes acordos este ano: um novo tratado global para proteger a vida marilha em águas internacionais e um acordo sobre as alterações climáticas que visa proteger a atmosfera. Em conjunto com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, estes acordos vão servir como direcção do caminho a seguir pelas economias mundiais durante os próximos 15 anos.
Os acordos previstos ocorrem numa altura em que os países, as cidades, as empresas e os cidadãos têm realizado esforços extraordinários para proteger o clima e os oceanos. O investimento em energias renováveis já alcançou mais de 250 mil milhões de dólares por ano, e muitos países gastam tanto em formas de produção de energia verde como em combustíveis fósseis.
O nosso país de origem, a Costa Rica, por exemplo, obtém, actualmente, 80% da sua energia de fontes renováveis. Na China, as renováveis estão a expandir-se rapidamente e o consumo de carvão caiu 2,9% em 2014 face ao ano anterior. Entretanto, começa a ser reconhecida, e em alguns casos concretizada, a necessidade de mais reservas marinhas e de uma pesca sustentável. Os avanços tecnológicos estão a reforçar a capacidade das autoridades para monitorizar e localizer a pesca ilegal.
Os cientistas que estudam as alterações climáticas demonstraram como é que o problema pode ser resolvido através da adopção de um caminho claro com metas progressivas. As emissões globais devem atingir o seu pico na próxima década e cair, rapidamente, a partir daí. Devemos estabelecer, na segunda metade do século, um equilíbrio entre as emissões e a capacidade natural de absorção do Planeta.
Historicamente, o oceano sempre desempenhou um importante papel nesse equilíbrio. Como reservatório natural de carbono, o oceano absorve aproximadamente 25% de todo o dióxido de carbono produzido pela actividade humana todos os anos. Mas estamos a exigir demasiado da sua capacidade de absorção. O carbono dissolvido no oceano alterou a sua composição química, aumentando a sua acidez em 30% desde o início da Revolução Industrial. A taxa de alteração, de acordo com os nossos melhores conhecimentos, é muitas vezes mais rápida do que foi nos últimos 65 milhões de anos, e, possivelmente, nos últimos 300 milhões de anos.
Se as emissões de dióxido de carbon não forem controladas, a taxa de acidez vai continuar a acelerar – com efeitos fatais nos habitantes do oceano. À medida que o dióxido de carbono da atmosfera se mistura com as águas, reduz a disponibilidade de ião carbonato que muitos animais e plantas marinhas precisam para construir as conchas e esqueletos. Se os níveis de dióxido de carbono continuarem a aumentar aos níveis actuais, os cientistas estimam que, em 2018, cerca de 10% do Oceano Ártico vai ser suficientemente corrosivo para dissolver as conchas das criaturas marinhas. Muitos outros corpos oceânicos enfrentam um futuro semelhante.
Os acordos internacionais funcionam melhor quando as tendências políticas, económicas e sociais estão alinhadas – tal como acontece agora – para dar lugar a uma nova visão do futuro e a uma nova relação entre a humanidade e o planeta que partilhamos. Materializar esta visão vai envolver várias gerações. Tanto o oceano, como o clima, precisam de planos globais, credíveis, mensuráveis e executáveis, que os protejam. As nossas reservas marinhas dispersas e totalmente protegidas devem aumentar para formar uma rede, verdadeiramente, global.
No mês passado, 13 chefes de Estado e do Governo do Caribe apelaram a um acordo global efectivo e mencionaram impactos actuais e futuros. É uma lista alarmante: "eventos extremos mais frequentes, padrões de precipitação mais intensos e desafiantes, maior acidez e aquecimento do oceano, branqueamento dos corais, subida dos níveis da água do mar, erosão costeira, salinização dos lençois de água, rápido aparecimento de doenças transmissíveis, redução da produtividade agrícola, e alteração das tradições pesqueiras".
Estas ameaças são a prova da necessidade urgente de expandir as regras internacionais de conservação e gestão sustentável do clima e da vida marinha. O acordo sobre as alterações climáticas que deverá ser alcançado em Paris no próximo mês de Dezembro não vai resolver o problema de uma vez. Tal como nenhum acordo para proteger a vida marinha vai, por si só, resultar num oceano mais saudável. Mas é essencial estabelecer as políticas necessárias para garantir que todos os países fazem a sua parte para proteger o planeta, ajudando ao mesmo tempo os mais vuneráveis a adaptarem-se aos efeitos da degradação ambiental já em curso.
Christiana Figueres é Secretária Executiva da United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC). José María Figueres, co-presidente da Global Ocean Commission, foi presidente da Costa Rica.
Direitos de Autor: Project Syndicate, 2015.
www.project-syndicate.org
Tradução: Ana Luísa Marques
30 Junho 2015, 21:00 por Christiana Figueres e José María Figueres
Negócios
Tópicos semelhantes
» Marine Radar Live on Channel Nicaragua Trade Route between the Atlantic Ocean and the Pacific Ocean in Google Map - Radar Marinha Directo no Canal Nícarágua a Rota Comercial entre o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico no Google Map
» O nosso oceano azul
» Portugal: a solução está no Oceano Atlântico!
» O nosso oceano azul
» Portugal: a solução está no Oceano Atlântico!
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
|
|
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin