Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 460 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 460 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
A quarta revolução do Estado
Página 1 de 1
A quarta revolução do Estado
“Estão todos cansados: os políticos, os cidadãos, os media, as instituições, a democracia. A Europa está exausta. Mais negociações? Quantas é que já se fizeram? Mais um adiamento ou mais um compromisso em que ninguém acredita verdadeiramente e que é só o início da próxima crise. É assim há anos. Já chega.”
Foi assim que Dirk Kurbjuweit arrancou a sua análise sobre a crise grega, esta semana, na alemã ‘Der Spiegel’. Um artigo em que lamenta a falta de grandeza das lideranças europeias e a falta de coragem para assumir soluções mais duras e eficazes. É um permanente estado de crise que, reforça, afastou a União Europeia do seu plano original, que dura há demasiado tempo e que a crise grega não gerou sozinha, apenas agudizou. Por isso, não tem dúvidas: “Estamos a viver na anti-Europa”.
Não falta por estes dias quem, como Kurbjuweit, veja uma Europa esfarrapada, ameaçada de ruína, que definha a cada ronda inconsequente do Eurogrupo, que treme cada vez que o governo de Tsipras avança e recua sem um rumo claro, que não entende como pode haver tantos líderes e tão fracas lideranças numa Europa mais ameaçada e desunida que nunca. É por isso fácil de entender o estado de apatia a que se chegou: resulta de uma profunda e crescente decepção com os governos. Mas como sair deste ciclo vicioso? É também isso que perguntam Adrian Wooldridge, editor da ‘Economist’, e John Micklethwait, director da Bloomberg, no livro ‘A quarta revolução’, agora editado em Portugal. Os problemas, reconhecem, estão identificados: a desilusão com os governos tornou-se endémica na maior parte do Ocidente, há fúria e cinismo em muitos países da Europa, legitimidade decrescente em todo o lado. Há uma crise de governação e resolvê-la, como defendem os autores, passa por uma nova revolução – a quarta, depois das três anteriores que deram origem ao Estado-nação, ao Estado liberal e ao Estado social.
E o que tem isto a ver com a Europa, com a Grécia – ou mesmo com Portugal? Tudo, tem tudo a ver. Basta olhar para as décadas mais recentes: as máquinas públicas cresceram sem controlo, alimentadas pela ambição de grupos políticos, de esquerda e de direita, que multiplicaram os gastos públicos e investiram no bem-estar social sem acautelar o seu financiamento. O Estado sobrecarregado e obeso deixou-se minar por vícios, abusos e corrupções, tornou-se incapaz de atender às reivindicações da população que quis beneficiar – a mesma que agora se enfurece e desilude com o Estado, mas já vergada pela austeridade que os credores lhe impõem. Dívida e democracia tornaram-se assim nas palavras-chave de uma crise de governação que (também) abala a Europa. Uma crise que exige uma quarta revolução, uma reforma, um novo Estado. O “Estado necessário”, como alguns lhe chamam, forçosamente mais eficiente, menos dispendioso, mais controlado, menos opaco. E, por fim, menos dependente das ajudas financeiras externas que o fragilizam e tornam refém de economias mais fortes – as fragilidades que agora abrem fossos, e não laços, entre parceiros europeus. E que estão a virar a Europa contra si própria.
00:05 h
Helena Cristina Coelho
Económico
Foi assim que Dirk Kurbjuweit arrancou a sua análise sobre a crise grega, esta semana, na alemã ‘Der Spiegel’. Um artigo em que lamenta a falta de grandeza das lideranças europeias e a falta de coragem para assumir soluções mais duras e eficazes. É um permanente estado de crise que, reforça, afastou a União Europeia do seu plano original, que dura há demasiado tempo e que a crise grega não gerou sozinha, apenas agudizou. Por isso, não tem dúvidas: “Estamos a viver na anti-Europa”.
Não falta por estes dias quem, como Kurbjuweit, veja uma Europa esfarrapada, ameaçada de ruína, que definha a cada ronda inconsequente do Eurogrupo, que treme cada vez que o governo de Tsipras avança e recua sem um rumo claro, que não entende como pode haver tantos líderes e tão fracas lideranças numa Europa mais ameaçada e desunida que nunca. É por isso fácil de entender o estado de apatia a que se chegou: resulta de uma profunda e crescente decepção com os governos. Mas como sair deste ciclo vicioso? É também isso que perguntam Adrian Wooldridge, editor da ‘Economist’, e John Micklethwait, director da Bloomberg, no livro ‘A quarta revolução’, agora editado em Portugal. Os problemas, reconhecem, estão identificados: a desilusão com os governos tornou-se endémica na maior parte do Ocidente, há fúria e cinismo em muitos países da Europa, legitimidade decrescente em todo o lado. Há uma crise de governação e resolvê-la, como defendem os autores, passa por uma nova revolução – a quarta, depois das três anteriores que deram origem ao Estado-nação, ao Estado liberal e ao Estado social.
E o que tem isto a ver com a Europa, com a Grécia – ou mesmo com Portugal? Tudo, tem tudo a ver. Basta olhar para as décadas mais recentes: as máquinas públicas cresceram sem controlo, alimentadas pela ambição de grupos políticos, de esquerda e de direita, que multiplicaram os gastos públicos e investiram no bem-estar social sem acautelar o seu financiamento. O Estado sobrecarregado e obeso deixou-se minar por vícios, abusos e corrupções, tornou-se incapaz de atender às reivindicações da população que quis beneficiar – a mesma que agora se enfurece e desilude com o Estado, mas já vergada pela austeridade que os credores lhe impõem. Dívida e democracia tornaram-se assim nas palavras-chave de uma crise de governação que (também) abala a Europa. Uma crise que exige uma quarta revolução, uma reforma, um novo Estado. O “Estado necessário”, como alguns lhe chamam, forçosamente mais eficiente, menos dispendioso, mais controlado, menos opaco. E, por fim, menos dependente das ajudas financeiras externas que o fragilizam e tornam refém de economias mais fortes – as fragilidades que agora abrem fossos, e não laços, entre parceiros europeus. E que estão a virar a Europa contra si própria.
00:05 h
Helena Cristina Coelho
Económico
Tópicos semelhantes
» A quarta revolução
» A Escola e a Quarta Revolução Industrial
» Como dominar a quarta revolução industrial
» A Escola e a Quarta Revolução Industrial
» Como dominar a quarta revolução industrial
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin