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Estudo está em consulta pública da AdC identifica principais constrangimentos do setor portuário

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Mensagem por Admin Qui Jul 16, 2015 5:54 pm

Estudo está em consulta pública da AdC identifica principais constrangimentos do setor portuário PortoLeixoes

A Autoridade da Concorrência (AdC) lançou em consulta pública o estudo que identifica os principais constrangimentos à concorrência nos portos portugueses e apresenta um conjunto de recomendações destinadas a promover a concorrência no setor. A AdC levou a cabo uma caracterização das condições de concorrência do setor portuário, uma vez que “se entende que os constrangimentos à concorrência são uma das principais causas subjacentes à menor eficiência e qualidade de funcionamento dos portos nacionais”. 

A autoridade destaca a a elevada concentração da estrutura de oferta que caracteriza o setor, os riscos de congestionamento que afetam vários terminais portuários, as restrições de acesso à prestação da maioria dos serviços portuários, bem como os riscos de discriminação no acesso às infraestruturas portuárias por determinados operadores económicos. Refere, igualmente, como um dos problemas que afeta o setor portuário nacional, a ausência de uma clara separação entre a atividade regulatória, a atividade de administração portuária e, nalguns casos, as próprias atividades comerciais de operação de terminais e de prestação de serviços portuários.

O documento salienta que “o setor portuário apresenta uma estrutura de oferta significativamente concentrada, quer se considere cada um dos portos individualmente quer se considere o conjunto dos portos do Continente”. Por outro lado, acrescenta, que as diversas infraestruturas portuárias apresentam “uma elevada taxa de utilização da sua capacidade, na movimentação de determinados tipos de carga, o que redunda em potenciais riscos de congestionamento e, consequentemente, em constrangimentos à concorrência no mercado”. Outras das ineficiências apresentadas e que é criticada pela AdC é o facto de os portos nacionais distinguirem-se, entre si, por apresentarem intensidades de especialização por categorias de carga distintas “o que tenderá a ser um sintoma de uma certa diferenciação entre os vários portos e terminais portuários (…) ora, a concorrência entre duas infraestruturas portuárias será tanto menor quanto mais diferenciadas entre si forem essas infraestruturas portuárias”. 

Também a existência de “elevadas barreiras à entrada/acesso à operação de infraestruturas portuárias, quer de natureza legal quer, ainda, de natureza estrutural” são apontadas pelo estudo. Para a AdC, estas barreiras ameaçam o surgimento de novos operadores no mercado, redundando numa menor concorrência dentro do setor. Também os operadores de terminais portuários são visados no documento. É referido que alguns destes operadores atuam, igualmente, a jusante da cadeira de valor, uma vez que controlam armadores e agentes de navegação, “não se excluindo que desta integração vertical possam resultar entraves adicionais à concorrência no mercado, em particular se o operador integrado verticalmente passar a impedir ou a dificultar, em benefício das suas próprias empresas que atuam a jusante, o acesso dos concorrentes destas ultimas à utilização do terminal portuário”. 

O estudo conclui que “devido à inexistência de um poder negocial significativo dos utilizadores das infraestruturas portuárias, os quais se encontram, em larga medida, dependentes destas e, consequentemente, o poder negocial dos clientes das infraestruturas portuárias não parece ser suficiente para contrabalançar os efeitos resultantes de uma reduzida concorrência no mercado”.

Estudo está em consulta pública da AdC identifica principais constrangimentos do setor portuário Portodelisboa

As recomendações da AdC

O regulador faz várias recomendações ao Governo que têm como objetivo “mitigar os constrangimentos de natureza concorrencial identificados”. Por um lado, apela para a redefinição do modelo de governação do setor portuário, através da implementação de “uma clara separação entre a atividade regulatória, a atividade de administração portuária e as atividades comerciais de operação de terminais e de prestação de serviços portuários". Refere ainda que uma das principais linhas orientadoras das administrações portuárias, deverá ser a promoção da utilização eficiente das infraestruturas, do desempenho dos serviços portuários e do valor gerado para os utilizadores dos portos. E, neste âmbito, salienta que é essencial a implementação efetiva do regulador setorial, a Autoridade de Mobilidade e dos Transportes (AMT).

A AdC recomenda, também, que a redução das rendas e taxas cobradas pelas administrações portuárias se reflitam numa efetiva redução dos preços de utilização dos terminais e restantes serviços portuários, em benefício dos utilizadores finais dos portos. E acrescenta que “esta recomendação deverá aplicar-se não só aos novos contratos de concessão, mas também para efeitos de renegociação dos atuais contratos de concessão”.

Outra das recomendações feita, é a inclusão nos contratos de concessão de um conjunto de indicadores de desempenho associados a objetivos claros de movimentação de carga e de promoção de utilização das infraestruturas. Estes indicadores devem ser complementados por um sistema de monitorização efetiva do cumprimento de tais objetivos e indicadores de desempenho, bem como um sistema de incentivos que inclua as adequadas bonificações e penalizações ligadas ao grau de cumprimento dos objetivos e indicadores de desempenho. 

O estudo estará em consulta pública até ao dia 15 de setembro e os interessados em participar poderão responder a um conjunto de 20 questões, publicadas num documento sobre o enquadramento do estudo, que a Transportes em Revista disponibiliza aqui.

por: Pedro Pereira
15-07-2015
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