Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 198 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 198 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Se rouba, não faz
Página 1 de 1
Se rouba, não faz
Há novelos tão densos que, quando começam a puxar-se fios, parecem intermináveis. A investigação judicial que atingiu o ex-presidente Lula da Silva é um exemplo do quanto o tráfico de influências e a corrupção podem revelar-se assustadores. À medida que vão puxando fios, as autoridades brasileiras já abriram centenas de processos, acusaram formalmente 82 indivíduos e oitos empresas de construção e estão a investigar 54 políticos.
Com a crescente globalização financeira, tornaram-se comuns as iniciativas de diplomacia económica, mas não surpreende que os abusos, também eles, girem cada vez mais pelo Mundo. Sem fronteiras. Com ligações cada vez mais complexas. O desenovelar do caso Lava Jato, o maior processo de corrupção da história do Brasil, revela ligações perigosas e que exigem esclarecimento em Portugal.
Vale a pena recordar que Ricardo Salgado, o ex-ministro António Mexia e Miguel Horta e Costa, da PT, chegaram a ser envolvidos nos primórdios do então chamado "Mensalão". E as suspeitas de que terá sido a construtora Odebrecht - cuja filial em Portugal foi apanhada na operação Monte Branco - a financiar a viagem de Lula da Silva para a apresentação do livro de José Sócrates, em 2013.
Ontem foram também divulgados documentos que comprovam contactos de Lula da Silva com Passos Coelho, intercedendo a favor da Odebrecht na privatização da Empresa Geral de Fomento. E ainda na última semana se soube de um nebuloso encontro, no Porto, entre a presidente da República Dilma Roussef, o seu ministro da Justiça e o presidente do Supremo Tribunal Federal. Há, em todo este novelo, ainda muitas pontas soltas e que poderão não passar de coincidências. Mas é difícil não suspeitar, face ao que se conhece, que haja tantas e tantas jogadas de titulares de cargos públicos que escapam a denúncias e investigações.
O slogan "rouba, mas faz", eternizado por Ademar de Barros, foi evocado nas últimas presidenciais brasileiras com a variante "rouba, mas distribui". E é verdadeiramente espantoso que, em pleno século XXI, não tenhamos atingido um nível de maturidade democrática que permita varrer da política tudo o que é contrário ao serviço público.
Recentemente o PS discutiu a aprovação de um compromisso ético que obriga os candidatos a provar ausência de dívidas fiscais ou à Segurança Social e a revelar os seus negócios ou participações sociais. De pouco importa se os casos Sócrates e Vara estão na origem desta decisão. Exige-se a quem está na política uma conduta a toda a prova. Uma democracia mede-se pela capacidade de resistir a tudo o que a corrompe.
SUBDIRETORA
20.07.2015
INÊS CARDOSO
Jornal de Notícias
Com a crescente globalização financeira, tornaram-se comuns as iniciativas de diplomacia económica, mas não surpreende que os abusos, também eles, girem cada vez mais pelo Mundo. Sem fronteiras. Com ligações cada vez mais complexas. O desenovelar do caso Lava Jato, o maior processo de corrupção da história do Brasil, revela ligações perigosas e que exigem esclarecimento em Portugal.
Vale a pena recordar que Ricardo Salgado, o ex-ministro António Mexia e Miguel Horta e Costa, da PT, chegaram a ser envolvidos nos primórdios do então chamado "Mensalão". E as suspeitas de que terá sido a construtora Odebrecht - cuja filial em Portugal foi apanhada na operação Monte Branco - a financiar a viagem de Lula da Silva para a apresentação do livro de José Sócrates, em 2013.
Ontem foram também divulgados documentos que comprovam contactos de Lula da Silva com Passos Coelho, intercedendo a favor da Odebrecht na privatização da Empresa Geral de Fomento. E ainda na última semana se soube de um nebuloso encontro, no Porto, entre a presidente da República Dilma Roussef, o seu ministro da Justiça e o presidente do Supremo Tribunal Federal. Há, em todo este novelo, ainda muitas pontas soltas e que poderão não passar de coincidências. Mas é difícil não suspeitar, face ao que se conhece, que haja tantas e tantas jogadas de titulares de cargos públicos que escapam a denúncias e investigações.
O slogan "rouba, mas faz", eternizado por Ademar de Barros, foi evocado nas últimas presidenciais brasileiras com a variante "rouba, mas distribui". E é verdadeiramente espantoso que, em pleno século XXI, não tenhamos atingido um nível de maturidade democrática que permita varrer da política tudo o que é contrário ao serviço público.
Recentemente o PS discutiu a aprovação de um compromisso ético que obriga os candidatos a provar ausência de dívidas fiscais ou à Segurança Social e a revelar os seus negócios ou participações sociais. De pouco importa se os casos Sócrates e Vara estão na origem desta decisão. Exige-se a quem está na política uma conduta a toda a prova. Uma democracia mede-se pela capacidade de resistir a tudo o que a corrompe.
SUBDIRETORA
20.07.2015
INÊS CARDOSO
Jornal de Notícias
Tópicos semelhantes
» Dumping fiscal: Holanda rouba a Portugal que rouba à Suécia
» Quem rouba o Estado tem quantos anos de perdão?
» Quem rouba o Estado tem quantos anos de perdão?
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin